A modernidade de Dubai e as florestas do Brasil

São Paulo, SP 19/11/2019 –

Dubai recebe, todo ano, representantes dos países do globo em um evento chamado World Green Economy Summit. Em português, é a Cúpula Mundial de Economia Verde.

No evento, representantes da cidade de Dubai e dos Emirados Árabes Unidos compartilham informações sobre as políticas, tecnologias, iniciativas e economias que guardam relação com a sustentabilidade. São, também, convidados representantes de outros países, personalidades e empresas que queiram compartilhar seus avanços.

A cidade já é mundialmente conhecida por seus arranha-céus e pela grandiosidade dos projetos que lá são criados. Mas, o que poucos sabem é que tais iniciativas estão cada vez mais vinculadas ao objetivo de ser o local mais moderno e sustentável do mundo.

Yuri Rugai Marinho, CEO da ECCON Soluções Ambientais , esteve na cúpula e listou curiosidades sobre Dubai que impressionam qualquer pessoa. Curiosamente, o Brasil é bastante lembrado, não só pelos representantes de Dubai, mas também pelas demais autoridades do mundo, em razão da extensão das florestas brasileiras e do seu potencial agrícola.

Tendências da economia

De acordo com os especialistas e palestrantes da Cúpula Mundial de Economia Verde, a concessão de incentivos a boas práticas tem trazido resultados positivos, inclusive na economia de Dubai. A economia verde já não é mais escolha, mas uma obrigação da sociedade humana.

Julia Gillard, ex-primeira ministra da Austrália, apontou que houve um tempo em que eram necessárias inspirações e justificativas para a sociedade tratar da economia verde e dos compromissos climáticos. Hoje, é urgente a adoção de medidas efetivas.

O conglomerado alemão Siemens, por meio de seu CEO Dietmar Siersdorfer, apontou que a empresa tem como alicerce os compromissos com a sustentabilidade, o que estimula seus consumidores a escolhê-la na hora da compra.

O Noor Bank, instituição financeira islâmica, representada pela executiva Maha Maisari, também registrou que os princípios islâmicos e a sustentabilidade norteiam suas decisões e que seus impactos na sociedade têm sido positivos.

Postura do governo dos Emirados Árabes Unidos

Os representantes de governo dos Emirados Árabes Unidos e do Emirado de Dubai apontaram os esforços e metas de reduzir (i) consumo de água; (ii) geração de resíduos e (iii) consumo de energia.

De acordo com o Ministro de Mudanças Climáticas e Meio Ambiente, Thani Ahmed Al-Zeyoudi, houve maciço investimento em energia solar, de forma que, hoje, o país tem 50% de energia renovável.

Foram fornecidos detalhes do parque Noor Abu Dhabi, a maior usina solar do mundo, com 3,2 milhões de painéis e capacidade superior a 1,18 GW de energia. E o plano dos Emirados Árabes Unidos é de expandi-la gradualmente.

Para quem utiliza taxi na cidade ou observa os carros das autoridades públicas, é comum notar que se trata de veículos híbridos – com 2 motores, sendo um a combustão e outro elétrico com bateria – ou 100% elétricos. Há muitos taxis híbridos da marca Toyota.

Dubai firmou parcerias com empresas para disponibilizar pontos de recarga gratuita dos veículos em todo o município.

Na feira que ocorreu concomitantemente ao World Green Economy Summit, chamada Wetex 2019 Dubai Solar Show , diversas empresas e montadoras expunham seus carros elétricos, alguns deles com condução remota. BMW, Nissan e Peugeot se destacaram neste campo nos últimos anos.

Na esfera imobiliária, os avanços no sentido da economia verde também são marcantes. Foi criada a Sustainable City , um bairro protegido do deserto por uma cortina de vegetação, onde moram 2.700 pessoas. O bairro possui estufas onde são produzidos alimentos no formato de agricultura urbana.

Este local não consome energia do sistema de distribuição nacional do país. Ao contrário, os milhares de painéis instalados nos tetos das casas e edifícios administrativos geram energia e lançam na rede para consumo em outros locais.

Florestas do Brasil

Durante a cúpula, foram feitas menções ao Brasil em razão da extensão das nossas florestas tropicais, principalmente a Amazônia. Fica claro que a sociedade internacional tem expectativas quanto à preservação desse importante ativo.

Por outro lado, boa parte dos países do mundo importam alimentos brasileiros. Nossa produção de grãos alimenta 1 bilhão de pessoas, mesmo que 60% do país ainda esteja coberto por florestas.

Por isso, de acordo com Yuri Rugai Marinho, é necessário o amadurecimento quanto às obrigações e direitos do país na gestão das florestas e dos recursos naturais que aqui existem. Atualmente, apenas o agronegócio traz rentabilidade ao proprietário ou posseiro, de forma que a preservação ambiental ainda necessita de atenção para que possa, efetivamente, ser um negócio – o que não apenas lançaria o Brasil à liderança neste segmento, como também representaria ganhos bilionários à economia nacional.

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