A rotina do uso de drogas na juventude desencadeia a dependência química na vida adulta

Curitiba – PR 14/2/2020 – O Mundo da Masmorra fala da fragilidade da minha juventude, do pavor que foi a minha entrada na vida adulta.

O uso de drogas na adolescência e juventude (na faixa etária situada entre 14 e 24 anos) é uma prática comum, à qual a maioria dos jovens adere. Nessa fase o indivíduo não está mais inserido na infância, e seus atributos devem corresponder à sua idade cronológica. Mas nem sempre a maturidade acompanha as demandas do início da vida adulta, isso é um fato.

O Núcleo de Estudos e Pesquisas em Atenção ao Uso de Drogas da Universidade Estadual do Rio de Janeiro fez um estudo com 3.139 estudantes, da quinta série do primeiro grau à terceira série do segundo grau, matriculados em escolas públicas. A conclusão foi que entre os fatores que desencadeiam o uso de drogas pelos adolescentes, os mais importantes são as emoções e os sentimentos associados a um intenso sofrimento psíquico, como depressão, culpa, ansiedade exagerada e baixa autoestima. Pode-se acrescentar ainda os embates familiares pela conquista da liberdade e o mais comum, a busca pelo pertencimento, por estar inserido em um grupo. Todo esse turbilhão de desafios são vividos dentro de um  curto espaço de tempo, insuficiente para apreender as estratégias da vida. 

É exatamente nesse momento  que os jovens se aproximam das drogas, tanto lícitas quanto ilícitas. Esse é o ponto onde se inicia a cadeia de acontecimentos ligados à rotina do consumo de drogas, que desencadeia a dependência química na vida adulta. 

Rodrigo Hinz, é um desses adultos e autor do livro “O Mundo da Masmorra”, lançado pela editora Albatroz. O livro contribui com reflexões acerca do tema, por apresentar a visão de um homem de 40 anos que teve sua vida modificada pelo uso abusivo de drogas na adolescência e juventude. Nele Rodrigo relata a luta que enfrenta há 19 anos para manter-se inserido socialmente sem que as substâncias químicas, das quais é dependente, o conduzam a psicoses que inviabilizariam o convívio com as pessoas que ama. 

O autor começou a usar drogas na adolescência, e a situação se agravou logo nos primeiros anos de faculdade. Ele relata: “Minha ambição era me tornar escritor. Sendo assim era um leitor voraz, lia de 10 a 15 livros por mês. Aos poucos as drogas entraram na minha rotina. Quando fui para a faculdade, as festas e todo o universo de diversão que envolve esse momento da vida dos jovens, para mim apenas me acomodou ao uso abusivo de drogas. Fazia questão de ser da turma da pesada. Enquanto todos estudavam, eu e alguns amigos ficávamos para trás. Bebíamos de tudo e usávamos todos os tipos de drogas. Depois de muito usar ecstasy, caí em depressão, fui levado ao psiquiatra e aos poucos fui retomando minha vida. Mais ainda bebia e usava cocaína”. 

Segundo o último relatório da OMS (Organização Mundial de Saúde), em quinze anos houve um aumento no número de mortes causadas em decorrência do abuso de drogas entre pessoas com mais de 50 anos, de 27% para 39%. Todas as drogas geram efeitos nocivos ao consumidor, e dependência química quando ingeridas compulsivamente. 

O álcool, o tabaco e a maconha são as drogas mais populares, segundo dados da OMS. O álcool, por exemplo, é a droga mais usada entre os jovens. Seu consumo causa desinibição e, por consequência, gera um relaxamento. Esse efeito credita a substância como um promotor de diversão. No tabaco, por sua vez, observa-se como efeitos como a redução da ansiedade, aumento do estado de alerta, relaxamento muscular, melhora da atenção e diminuição do apetite. Já a maconha, alguns de seus compostos podem causar relaxamento e aumento de apetite. 

Conclui-se que a procura por substâncias psicotrópicas alivia as demandas emocionais e sociais que não estão sendo devidamente revisitadas pela sociedade. Elas acabam por ser uma solução acessível para as dores do mundo.      

O aumento do uso dessas substâncias na juventude é um aviso, de que o olhar sobre o controle das drogas precisa ser reavaliado.É necessário colocar em vigília os vetores que geram as tendências humanas de buscarem alívio  através delas. Segundo o Dr. Dráuzio Varella, a informação ainda é a melhor aliada no combate e prevenção. Ele sustenta em seu artigo – “Maconhistas Imaturos”: 

“Eles (os jovens) precisam de ensinamentos claros para entender que compostos psicoativos como o THC provocam efeitos colaterais, alterações neurobiológicas e podem causar dependência química.

Se ainda assim decidirem fumar, não é a repressão que os impedirá ( …)”

Para o autor de “O mundo da Masmorra”, relatar sua vida nas páginas de um livro é  levar aos leitores um mundo de luz em meio a todo o sofrimento e às impossibilidades que o  vício pode gerar para um dependente. 

“O Mundo da Masmorra fala da fragilidade da minha juventude, do pavor que foi a minha entrada na vida adulta. Eu fui homem mas era um menino. Ele é a minha redenção, um pedido de perdão e a constatação da minha luta diária. Esse livro fala de um mundo de luz.”  

Em linhas gerais, a dependência de drogas é mundialmente classificada como um transtorno psiquiátrico, sendo considerada como uma doença crônica que acompanha o indivíduo por toda a sua vida; porém, a mesma pode ser tratada e controlada, reduzindo-se os sintomas, alternando-se, muitas vezes, períodos de controle dos mesmos e de retorno da sintomatologia (AGUILAR e PILLON, 2005; LEITE, 2000) – Artigo: “O Processo Saúde-Doença e a Dependência Química: Interfaces e Evolução”.

Sobre o autor;

Rodrigo Hinz   tem dois filhos é curitibano e assina a autoria do livro com o pseudônimo de Fabiano Bartolomeu .Seu livro  O Mundo da Masmorra pode ser encontrado na loja virtual da editora Albatroz.

 

Website: https://loja.editoraalbatroz.com.br/mundo-da-masmorra

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