Antônio Mariano lança Sob o Amor pela Editora Patuá

João Pessoa, Paraíba 28/4/2013 – Para o poeta e crítico literário Amador Ribeiro Neto, que prefacia o livro, “A perda da amada – dominante neste volume – e a exaltação de seu amor quando vivido em plenitude, ou desejado ardentemente, são a marca d’água de cada poema”.

O escritor e poeta Antônio Mariano lança nesta terça-feira, 30, às 19h, no Pavilhão do Chá, Sob o Amor, seu quarto livro de poemas. A obra será apresentada por Gláucia Machado, pesquisadora, ensaísta e professora do curso de Letras da UFPB. A atriz Suzy Lopes e a Cia dos Truques realizarão performances a partir da obra que vem a público. A coordenação do evento estará a cargo do poeta e jornalista Linaldo Guedes. A obra foi publicada pela Editora Patuá, de São Paulo.

Sob o Amor representa todo o repertório de temática lírica amorosa escrita por Antônio Mariano até agora. A ideia do livro surgiu da constatação do autor de que mais da metade dos poemas que tinha escrito até então, incluindo vários inéditos, tinham no amor o seu motivo. Trata-se, portanto, de uma coletânea que resgata peças dos três livros anteriores do poeta, O gozo insólito (1991), Te odeio com doçura (1995) e Guarda-chuvas esquecidos (2005) e acrescenta poemas não publicados ainda em livros, alguns totalmente desconhecidos do leitor e outros veiculados no extinto Augusto do Jornal da Paraíba e na revista Correio das Artes, suplemento mensal do Jornal A União. Para este projeto literário o autor precisou reescrever muitos poemas que não lhe satisfaziam na versão publicada anteriormente. Os títulos originais também foram retirados sendo representados por algarismos romanos que vão do I ao XLIV.

Para o poeta e crítico literário Amador Ribeiro Neto, que prefacia o livro, “A perda da amada – dominante neste volume – e a exaltação de seu amor quando vivido em plenitude, ou desejado ardentemente, são a marca d’água de cada poema”. E justifica: “Digo marca d’água porque o que sobressai, antes de mais nada, é o amor pela poesia, por sua linguagem, por sua construção, por seu modo de dizer-se”.

Já o poeta Sérgio de Castro Pinto, que assina o texto das orelhas da obra, ressalta que “O mais importante, porém, é que os poemas desse Sob o amor, embora concebidos em tempos e lugares diferentes, passaram a existir como frutos de uma mesma safra, de uma mesma estação, circunstância responsável pela unidade desse livro. Livro inconsútil de um autor que corrobora o adágio segundo o qual, se o primeiro verso é uma dádiva dos deuses, convém, mesmo assim, retornar a ele e refazê-lo. Mariano, contudo, às vezes reelabora não apenas o primeiro verso, mas os versos de sua própria lavra, de sua própria autoria, o que diz bem de uma autocrítica necessariamente flageladora, responsável pelo produto final e acabado que ora vem a público”.

Antônio Mariano, é natural de João Pessoa (PB). Graduou-se em Artes Cênicas e é funcionário público de carreira. As primeiras publicações viriam antes dos 20 ao vencer o I Concurso de Poesia do SESC da Paraíba, aproximando-se, na sequência, da Oficina Literária, grupo coordenado pelo poeta Antônio Arcela. Com o nome literário de Mariano Nanton sairiam os seus primeiros textos nos boletins da Oficina, na revista Presença Literária e no Correio das Artes. Aos 22 anos foi o único vencedor do Prêmio Jovem Escritor, promovido pelo Correio das Artes e pela SECETUR (PB). Apresentou pela TVC o programa Páginas Abertas. Idealizou o Clube do Conto da Paraíba. Coordenou o projeto Tome Poesia, Tome Prosa. Editou há poucos anos Correio das Artes. Publicou anteriormente três livros de poemas e um de contos: O gozo insólito(1991), Te odeio com doçura (1995), Guarda-chuvas esquecidos (2005) e Imensa asa sobre o dia (2005). Das publicações nacionais, destacam-se o Suplemento Literário de Minas Gerais, Vida Simples (Editora Abril) Revista Etcétera (PR) e Livro da Tribo (SP). Integrou a coletânea Contos sobre tela (Org. Marcelo Moutinho. Rio de Janeiro: Pinakotheke, 2005) com o conto A Carioca, inspirado na tela homônima do pintor Pedro Américo. Das publicações internacionais, registram-se ARCO-ÍRIS DE OXUMARÉ, Caderno da poesia brasileira atual, Revista Homúnculos, Número 3, Ano 2, Lima (Peru), 2004. Em 2010, seu poema “Before the dream”, escrito originalmente em inglês, foi estudado na obra Brazil, Lyric and the Americas (org. Charles Perrone, University Press of Florida). Na Internet, Antônio Mariano está presente em vários sites de literatura, entre eles Zunái, Blocos, Jornal de Poesia, Cronópios e Musa Rara e no Portal de Poesia Ibero-Americana, organizado pelo escritor Antônio Miranda.
Sob o Amor, de Antônio Mariano, é o quarto livro de autores residentes na Paraíba que a paulista Editora Patuá resolveu investir. Em 2012 foram lançados as obras Metáforas para um duelo no sertão, de Linaldo Guedes, e A idade das chuvas, de André Ricardo Aguiar. Recentemente foi lançada a coletânea de poemas Nós em miúdos, de Hercília Fernandes, escritora potiguar que atua como professora da UFGC, campus de Cajazeiras.

ALGUNS POEMAS

I
Sob chuva
apaguei os faróis
na estrada do amor.

IV

Pretender juntar-se
à procissão de pássaros,
responder processos
pela criação de anjos,
meu amor por ti.

Meu amor por ti
reabre a inquisição.

Penetrar de súbito
casa de estranhos,
esquecer a pele
nos vidros do muro,
meu amor por ti.

Meu amor por ti
provoca rosnar de cães.

XIII

Uma andorinha
em cada pulso resgata-se:
tua mão na minha.
XVIII

Toda lágrima é lacre
cingindo um círculo
sem cor.

Mar alto e tempestade
que fingem vínculos
de sal.

Jangada inavegável,
clepsidra atraindo
agosto.

Sofro trancado. Três quartos
de mim destilam,
me arrasam.

XXII

Quando me deixares
nem tudo estará acabado.

O litro de rum,
fichas pra vitrola,
um corpo magro.

Quando me deixares
não me terás vencido.

A cada esquina
saberei resgatar
um ombro amigo.

Quando me deixares
não verás meu féretro.

E talvez te choque
este esqueleto
que aprendeu amar.

LXIV

Estas mãos:
gralhas azuis
que despertaram
gritando
na primeira
e toda vez
que deitei
com quem amava.

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