Carnaval no interior de Minas Gerais valoriza tradição e alegria

Belo Horizonte, MG 17/2/2020 –

Em Minas Gerais, não existem nomes mais tradicionais no Carnaval de rua do que as cidades históricas de Ouro Preto e Diamantina. Contando, respectivamente, com o bloco mais antigo do Brasil e a banda de bateria mais antiga do Estado, é, realmente, difícil vislumbrar maiores autoridades quando o assunto é folia.

As semelhanças vão além de reivindicações por títulos de antiguidade. As cidades respiram todas as tradições históricas locais e mineiras durante o Carnaval, aproveitando-se de séculos de história que também atraem os visitantes para suas ladeiras e arquiteturas típicas, que agregam ainda mais fantasia e singularidade às festas. Para quem quer aproveitar um Carnaval com história, tradição e muita alegria, Ouro Preto e Diamantina representam opções sem igual para todos os gostos e bolsos.

Em 2020, o Carnaval de Ouro Preto homenageia os 40 anos do título de Patrimônio Mundial da cidade, relembrando a antiga e divertida disputa centenária dos moradores, com o tema “Entre Jacubas e Mocotós”. Por esses nomes eram chamados os habitantes de Ouro Preto, de acordo com a região em que residiam. De um lado, o bairro de Antônio Dias, com sua imponente Matriz de Nossa Senhora da Conceição, e os jacubas, como eram chamados seus moradores. De outro, o bairro do Pilar, ostentando sua Matriz de Nossa Senhora do Pilar, uma das mais ricas do país, e os mocotós, apelido dado pelos jacubas aos que ali viviam.

A historiadora Deolinda dos Santos, moradora de Ouro Preto, explica a origem dos nomes dos grupos. “Jacuba é um tipo de farinha misturado com um pouco de gordura ou sal que é para o sustento do garimpeiro. Do outro lado, o mocotó é o caldo; representa as pessoas ricas”, diz.

Na cidade, os blocos desfilam gratuitamente nas ruas, convidando os passantes de todas as idades a se juntarem aos cortejos. O Zé Pereira dos Lacaios é o bloco mais antigo de sua modalidade em atividade no país e segue arrastando crianças, adultos e até a terceira idade até hoje. “O bloco é uma das atividades do Clube dos Lacaios, que surgiu em Ouro Preto há 152 anos”, explica o presidente do Clube dos Lacaios, Arthur Nogueira.

E não só de Zé Pereira vive o Carnaval de Ouro Preto. Outros —como a Bandalheira, o Vermelho e Branco, o Balanço da Cobra e o Sanatório Geral— não deixam ninguém ficar parado nos cinco dias de folia momesca. Umas das organizadoras do bloco Balanço da Cobra, Cida Zurlo, fala das expectativas para o Carnaval deste ano. “Nosso bloco já soma 45 anos de história. Neste ano, iremos para as ruas com nossa camiseta temática, com desenho e arte do artista plástico Carlos Bracher. A expectativa é de que o movimento na cidade seja grande, já que, neste ano, os blocos estão tendo mais espaço pelas ruas da cidade, o que deixa o Carnaval muito mais animado”, revela Cida.

A opção por um Carnaval de rua inclusivo, gratuito e que valoriza a tradição é receita de sucesso há gerações também em Diamantina, onde surgiu a Bartucada. Em seus 48 anos, o grupo (#rumoaomeioseculo) acumula uma história de muito trabalho, crescimento, animação e folia.

De uma batucada descompromissada na cidade de Diamantina nasceu o que hoje representa uma das maiores bandas do estilo “bateria show”. O nome Bartucada surgiu da união do bar com a batucada. A banda nasceu em 1972 da reunião de filhos de tradicionais famílias diamantinenses. Na ocasião, o objetivo era levar para os becos e ladeiras tejucanas, o Carnaval, até então, restrito aos salões da sociedade ou visto apenas em desfiles de alguns blocos e escolas de samba da cidade. O nascer do que é hoje uma das maiores tradições do Carnaval mineiro foi testemunhado pelas escadarias da rua da Quitanda, embaixo da entrada do Clube Acayaca e ao lado do bar Baiúca, no coração do Centro histórico de Diamantina.

Sempre promovendo a preservação das tradições culturais em Minas Gerais, é a banda de bateria mais antiga do Estado e pioneira no segmento que mescla bateria de escola de samba e instrumentos de banda convencional, como guitarra, teclado, baixo e metais. No Brasil, o bloco também foi pioneiro ao tocar sucessos de todos os gêneros em ritmo de samba, o que até hoje integra as apresentações.

Os 150 integrantes da Bartucada se revezam nas apresentações que percorrem o país e se estendem por todo o ano. A composição da banda inclui sete naipes de percussão (surdo de 1ª, 2ª e 3ª, repique, tarol, rocar e tamborim) além da harmonia, com guitarra, baixo, teclado e metais. O palco é comandado por dois cantores, que se alternam para dar mais diversidade às interpretações de sucessos de hoje e do passado.

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