Constelação de Satélites: astrônomos alertam dificuldade na visualização do Universo

27/1/2020 –

Os astrônomos estão alertando que a visão do Universo pode estar ameaçada. Desde o ano passado, uma campanha para lançar milhares de novos satélites começou a tomar forma, oferecendo acesso de alta velocidade à Internet a partir do espaço. Mas as primeiras frotas dessas naves espaciais, que já foram lançadas em órbita pela empresa americana SpaceX, estão afetando imagens do céu noturno. Só na primeira semana de janeiro, a empresa seu terceiro lote de 60 minissatélites em órbita.

Os satélites estão aparecendo como listras brancas brilhantes, tão brilhosas que estão competindo com as estrelas. Os cientistas temem que futuras “mega-constelações” de satélites possam ameaçar nossa visão do cosmos, obscurecer imagens de telescópios ópticos e interferir nas observações de radioastronomia. O Dr. Dave Clements, astrofísico do Imperial College London, relata: “o céu noturno é um bem comum – e o que temos aqui é uma tragédia desse bem comum”.

Por que tantos satélites sendo lançados ao espaço?

Seria possível ter uma conexão de internet 40 vezes mais rápida do que a atual? Essa ideia começou a se tornar realidade desde Elon Musk, fundador e CEO da SpaceX, Elon Musk, publicou uma foto com 60 pequenos satélites colocados dentro do compartimento de carga de um foguete, em maio do ano passado, quando ocorreu o primeiro lançamento.

O objetivo final é melhorar o acesso à Internet de alta velocidade. Em vez de serem limitados por fios e cabos, os satélites podem transferir o acesso à Internet do espaço para a Terra. E se houver muitos deles em órbita, significa que mesmo as regiões mais remotas podem ter uma excelente conectividade. Para se ter uma ideia dos números, atualmente existem apenas 2.200 satélites ativos voando ao redor da Terra.

Mas desde janeiro, a constelação Starlink – um projeto da empresa americana SpaceX – estará enviando lotes de 60 satélites em órbita a cada poucas semanas. Isso significa que cerca de 1.500 satélites serão lançados até o final do próximo ano e, em meados da década de 2020, poderia haver uma frota de 12.000. O projeto visa disponibilizar internet para que as pessoas possam acessar livros, vídeos, redes sociais, aplicativos de telefone móvel, e até jogos de apostas online.

O projeto Starlink é fundamental para as receitas da SpaceX.  A empresa começará a oferecer a conexão à internet banda larga de alta velocidade pelos Estados Unidos e Canadá ainda no início de 2020. A expansão para outras regiões do planeta poderá acontecer depois dos primeiros 24 lançamentos de 60 satélites cada. Mas a SpaceX é apenas uma das muitas empresas que querem lançar constelações de satélites no espaço com o propósito de oferecer uma cobertura global de internet. Outras empresas como a OneWeb, Telesat, LeoSat e também a Amazon estão trabalhando em lançamentos massivos com o mesmo objetivo. O Projeto Kuiper, da Amazon, envolve 3.226 satélites para oferecer internet a partir do espaço para até 95% da Terra. Já a OneWeb planeja espalhar no espaço 900 satélites a partir de 21 lançamentos.

Por que os astrônomos estão preocupados?

Em maio e novembro, a Starlink enviou 120 satélites para órbitas abaixo de 500 km. Mas os observadores de estrelas ficaram preocupados quando a sonda apareceu como flashes brancos brilhantes em suas imagens. Dhara Patel, do Observatório Real de Greenwich, disse: “Esses satélites são do tamanho de uma mesa, mas são muito refletivos e seus painéis refletem muita luz do sol, o que significa que podemos vê-los em imagens com telescópios”.

“Esses satélites também são grandes usuários de ondas de rádio … e isso significa que eles podem interferir nos sinais que os astrônomos usam. Por isso, também afeta a radioastronomia”. Dhara alerta que o problema aumentará à medida que o número de satélites em órbita for aumentando.

Quais as consequências para as pesquisas?

Dr. Clements acredita que os satélites podem ter um impacto real nas observações. “Eles apresentam um primeiro plano entre o que estamos observando da Terra e o resto do Universo. Então, atrapalham tudo”, diz. “E você sentirá falta do que está por trás deles, seja um asteroide potencialmente perigoso próximo ou o Quasar mais distante do Universo”, complementa.

Ruth Pritchard-Kelly, vice-presidente da OneWeb, disse: “Escolhemos uma órbita como parte de nossa dedicação ao uso responsável do espaço sideral… E também conversamos com a comunidade de astronomia antes de lançarmos para garantir que nossos satélites não irão refletir demais e não haverá interferência de rádio em sua radioastronomia “. Ruth acrescentou que não deve ser um caso de escolher entre conectividade e astronomia: “não há dúvida de que o mundo inteiro tem o direito de se conectar à Internet … então isso vai acontecer”.

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