Coronavírus reforça oportunidades ao varejo brasileiro

24/8/2020 –

Os números ainda são ruins, não dá para negar. Levantamento da Cielo mostra uma queda de 28,9% no faturamento nominal do varejo total do Brasil no período entre 1º de março e 6 de junho de 2020

Em pouco mais de três meses, situações corriqueiras do dia a dia, como comprar uma roupa ou calçado no shopping, transformaram-se em meras lembranças na mente das pessoas. A pandemia de covid-19 embaralhou a vida de todos e impactou diretamente na operação de empresas. No caso dos varejistas, foi preciso buscar alternativas não só para aumentar as vendas, mas garantir a própria sobrevivência neste período. A questão é que este momento também pode ser uma janela de oportunidades que o setor tanto esperava para conseguir se desenvolver no futuro.

Os números ainda são ruins, não dá para negar. Levantamento da Cielo mostra uma queda de 28,9% no faturamento nominal do varejo total do Brasil no período entre 1º de março e 6 de junho de 2020. Contudo, mesmo com indicadores negativos, a vida segue. Já são mais de 100 dias com este cenário e não há, ainda, previsão de normalidade. Assim, enquanto autoridades políticas e sanitárias debatem sobre a melhor forma de prevenção, as pessoas precisam retomar as atividades e consumir.

É nesse momento que os varejistas devem se relacionar com o consumidor e mostrar que estão ao lado dele em todos os momentos, oferecendo produtos, serviços e condições vantajosas. Esta é a primeira oportunidade que o novo coronavírus trouxe para o setor: se aproximar das pessoas e entender o que elas realmente querem e precisam. Empresas que entenderem essa realidade e abrirem um canal de comunicação com os clientes certamente conseguirão resultados melhores no futuro. Quem nunca tinha pensado nessa estratégia tem uma grande chance agora de iniciá-la.

Para isso, é preciso aproveitar a segunda oportunidade oferecida com a pandemia: apostar em tecnologia e, finalmente, iniciar a transformação digital na operação. É preciso ter dados para conhecer a fundo as preferências e necessidades dos consumidores. Eles são obtidos com diversas soluções tecnológicas, capazes de monitorar a pessoa nos canais on-line, mas também o comportamento de compra nos pontos de venda off-line. Fazer com que essas informações trafeguem entre diferentes departamentos da estrutura interna e, principalmente, que ofereçam inteligência para a tomada de decisão é o que vai diferenciar o varejo nos próximos meses e anos.

Evidentemente as oportunidades são acompanhadas de desafios – e é preciso suplantá-las para conseguir crescer em um cenário de dificuldade. Não basta adquirir um monte de tecnologia e ferramentas acreditando que, com isso, a organização está fazendo transformação digital. Pelo contrário, o conceito de se transformar digitalmente só existe quando essas soluções conseguem se conectar para, a partir daí, entregarem inteligência aos processos e melhorarem a eficiência operacional. A integração de sistemas surge como uma necessidade estratégica.

Enquanto a pandemia de covid-19 não dá trégua e segue avançando, muitos debatem sobre o “novo normal” que espera a sociedade quando a doença passar. Imaginar como vão ser o mundo e os negócios no futuro pode até ser um exercício atrativo, mas é preciso manter os pés no chão, na realidade em que vive-se. Isto é, encarar os desafios que estão surgindo diariamente e extrair o máximo das lições e oportunidades que o atual momento traz para todos nós.

*Diogo Lupinari é CEO e cofundador da Wevo, empresa especializada em integração de sistemas e dados - [email protected]

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