Escrever poesia não é algo fácil, mas é possível aprender

Jeremoabo – BA 19/2/2020 – Escrever poesia não é algo fácil, mas é possível aprender. Há livros, principalmente antigos, que falam sobre o assunto.

Se alguém for perguntar por aí, quase todas as pessoas vão dizer que o principal componente da poesia é a inspiração e o sentimento. Entretanto há aqueles que discordam. Para o poeta Nuno Azurara, por exemplo, a poesia precisa sobretudo de disciplina. “Você pode até ter inspiração, mas sem disciplina não vai conseguir ir tão longe”, afirma.

Segundo o poeta, poesia é técnica e se o autor tem muita inspiração isso pode até mesmo atrapalhar o processo criativo. Ele acredita que tantas ideias ao mesmo tempo e fora de ordem deixam o escritor perdido. “Escrever poesia não é algo fácil, mas é possível aprender. Há livros, principalmente antigos, que falam sobre o assunto. São um pouco difíceis de encontrar, mas são achados principalmente em sebos e bibliotecas”, explica. Azurara ainda afirma que fazer sonetos, assim como versos livres, é uma boa forma de aprender e treinar. “Sonetos são extremamente complexos, então acredito que que consegue escrevê-los com habilidade é capaz de escrever qualquer outro tipo de poesia”.

Estudioso do universo literário e poético, Azurara destaca que tem percebido certo desprezo, principalmente das novas gerações, com a métrica e a história da literatura. Comenta que verifica uma predileção apenas pelos modernistas, enquanto outros movimentos artísticos são deixados de lado. “E não falo isso só quando o assunto é poesia, mas de modo geral. Nosso idioma está sendo corrompido, ensina-se pouca gramática nas escolas e grandes escritores não são valorizados.”, salienta. Grande fã da língua portuguesa, o poeta destaca que o idioma é rico, variado e discursivo, como poucos outros são, além de possuir uma estrutura sintáxica grande. “Mesmo que o português seja tão vasto, os poetas atuais fazem muito uso de neologismo, contudo é pouco encontrado no meu trabalho. Em contrapartida, faço emprego o latim, como tradicionalmente acontecia tempos atrás”, diz.

Embora literatura seja matéria obrigatória nas escolas, Azurara não acha que o método usado hoje pelos professores seja o mais eficaz. Ele mesmo diz que nos seus dias de estudante não gostava do tema, principalmente das leituras obrigatórias. “Eventualmente, quando eu mesmo passei a pesquisar o assunto, fiquei interessado. Li os clássicos brasileiros, as poesias nacionais, em seguida passei para as portuguesas, depois para as espanholas e assim por diante”, conta. Desse modo, essa paixão rendeu frutos: hoje é um poeta que está lançando o primeiro livro, pela Editora Albatroz, chamado Odes Muito Irrestritas.

Odes Muito Irrestritas

Sua obra é classificada como da escola tradicional, pois trabalha com métrica clássica. Azurara acredita, inclusive, que poucos são os poetas brasileiros contemporâneos que agem nesse sentido. Ao mesmo tempo que escreve odes (poemas solenes, elevados e que buscam o louvor de algo), dificilmente fala sobre assuntos encontrados nesse tipo de produção. Ele conta que cria principalmente sobre assuntos místicos, mesmo mundanos, com uma pegada surrealista e com muitas sátiras. Segundo ele, gosta de transformar situações e fatos banais em algo incrível, tudo com o poder das palavras, assim como fazia Arthur Rimbaud, um dos seus poetas favoritos, juntamente com Luís de Camões, Walt Whitman, Homero, Fernando Pessoa, Luís de Gongora e outros.

Nuno Azurara é, na verdade, o pseudônimo de Paulo Roberto Varjão Cardoso Filho. “Até meu nome é uma métrica”, brinca o poeta. Como resultado, Azurara é uma espécie de personagem, que quer incentivar as pessoas a lerem e a gostarem de poesia. Seu livro, Odes Muito Irrestritas, será lançado pela Editora Albatroz.

 

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