Estratégicos e determinados, lutadores de jiu-jitsu são faixa preta também em empreendedorismo

São Paulo 22/11/2019 – A cada ano, o jiu-jitsu demonstra que, dentro e fora da arena, o esporte cria campeões

Ao praticar jiu-jitsu, duas características que certamente os lutadores desenvolvem é foco e determinação. Sem isso, é impossível conquistar a faixa preta no esporte. Fundamentais também nos negócios, são essas características que ajudam um empreendedor a se manter firme e forte diante dos desafios de administrar uma empresa. Transferindo os ensinamentos do tatame para o escritório, praticantes de jiu-jitsu estão se destacando também como empreendedores.

Desde meados dos anos 1980, quando a família Gracie levou aos Estados Unidos a arte japonesa cultivada e aperfeiçoada em solo brasileiro durantes décadas, o esporte tornou-se uma potência não só no octógono, mas também no mundo dos negócios. Parte de uma expansão que movimenta bilhões – segundo Dana White, presidente da UFC, fundada por Rorion Gracie em 1993, a companhia vale atualmente cerca de 7 bilhões de dólares. Mas o jiu-jitsu não para por aí e cria oportunidades que ultrapassam as fronteiras do esporte. Seguindo os movimentos do clã Gracie, lutadores empreendem em negócios que vão de franquias de academias a suplementos alimentares, até e-commerce de equipamentos esportivos.

O carioca Bruno Munduruca, 40 anos, há tempos cultiva familiaridade com os quimonos. “Comecei a praticar jiu-jitsu na adolescência por influência do meu irmão”, lembra. Desde então, ele se dedica não só à luta, mas também a negócios relacionados ao esporte. Primeiro, veio a revista Arena, que cobria a modalidade no Brasil, no final dos anos 90. Depois, notando a escassa oferta de quimonos no mercado internacional, Munduruca fundou a MMA Gear, na época a maior loja virtual de quimonos do mundo. “Como em todo negócio pioneiro que se destaca, logo apareceram os concorrentes”, diz. Foi daí que, em 2005, ele decidiu vender a empresa, se mudar para o Canadá e começar tudo de novo. “Foi um período muito difícil porque o jiu-jitsu ainda não era popular naquele país”, conta. Em 2008, abriu a Fighters Market, especializada no comércio eletrônico de quimonos e acessórios. A empresa progredia devagar, até que um adversário nos negócios, desafiou Munduruca. “A intenção dele era me derrubar, mas meu espírito competitivo falou mais alto e de um faturamento de 50 mil dólares no primeiro ano, passei para 500 mil no segundo”, revela.

A virada, segundo ele, não se deu apenas pela ameaça da concorrência, mas por conta de sua ascensão no esporte. “Passei de praticante a competidor e isso mudou tudo”. Hoje, Munduruca figura em 1º lugar no ranking mundial Master II. Nos negócios, ele é também o número 1 com a Fighters Market, maior loja online de acessórios de luta, com distribuição nos Estados Unidos, Europa, Canadá, Austrália, Japão e Brasil. Dono também da Kingz, marca líder no mercado de quimonos, Munduruca atribui seu sucesso como empresário às conquistas no tatame. “Com as vitórias nos campeonatos, adquiri mais confiança também na gestão dos negócios. Além disso, virei modelo do meu próprio business e elevei o nível de respeito dos meus concorrentes e adversários esportivos”, afirma Bruno, que hoje vive em San Diego, na Califórnia, capital do jiu-jitsu mundial.

Viktor Dória, 43 anos, é outro exemplo de como o jiu-jitsu pode impulsionar o empreendedorismo. Três vezes campeão mundial master, Viktor recebeu sua faixa preta em 1999 pelas mãos do grande mestre Carlson Gracie. Visando ampliar seus conhecimentos na luta e nos negócios esportivos, ele se formou em Educação Física e Marketing e fundou, em 2014 nos Estados Unidos, a Adaptogen Science, marca de suplementação. Recentemente, Viktor se desligou da companhia para abrir a Fighters Choice, que iniciará suas operações em dezembro oferecendo uma gama de produtos que vai de suplementação a café em pó. “Em tudo o que faço, o foco principal é sempre o jiu-jitsu”, diz. “Com a Fighters Choice, terei a chance de me manter focado nisso, criando produtos de lutador para lutador”, conta o empresário, que traça um paralelo entre o empreendedorismo e os desafios na arena. “Preparar-se para uma luta, estudar as fraquezas dos adversários, conhecer as suas próprias potencialidades, escolher a melhor estratégia, saber cair e se levantar, defender e atacar na hora certa. As artes marciais têm muito a ver com a operação de uma empresa”.

 

Segundo Federação Internacional de Jiu-Jitsu (IBJJF), o esporte nunca esteve tão em alta. De 2016 para cá, o número de torneios internacionais passou de 50 para 110, abrindo espaço não só para novos lutadores, mas também para novas oportunidades de negócios. “A cada ano, o jiu-jitsu demonstra que, dentro e fora da arena, o esporte cria campeões”, afirma Munduruca.

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