Expansão da indústria de games gera demanda por profissionais qualificados

São Paulo 23/11/2020 – Entre os trabalhos que pretendemos desenvolver está a criação de jogos que estimulem a inclusão e a transformação social

Atentas ao crescimento do setor, instituições de ensino superior criam cursos e estruturas de pesquisa voltadas para os jogos digitais

Embora a maioria dos setores produtivos venha registrando perdas importantes por causa da crise econômica provocada pela pandemia de Covid-19, a indústria mundial de games ganhou vigor no período, impulsionada pelo fato de as pessoas estarem mais em casa. Pesquisa recente desenvolvida pela Superdata, empresa controlada pelo grupo Nielsen, indicou que o total gasto com jogos digitais em março de 2020 bateu a marca de US$ 10 bilhões (cerca de R$ 54 bilhões) no mundo, montante mensal jamais alcançado anteriormente.

No Brasil, o setor também tem surfado na onda de prosperidade. O país contabiliza 375 empresas desenvolvedoras de jogos, sendo 71% delas microempresas, com faturamento anual de até R$ 81 mil cada, de acordo com o Censo da Indústria Brasileira de Jogos Digitais realizado em 2018. Por aqui, game também é muito mais que sinônimo de entretenimento. É negócio de gente grande. Segundo a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), o Brasil é atualmente o 13º maior mercado no mundo e o segundo na América Latina, ficando atrás apenas do México.

A indústria brasileira de games, que movimenta algo como US$ 1,6 bilhão de dólares (R$ 8,6 bilhões) ao ano, praticamente dobrou de tamanho desde 2014, enquanto o número de jogadores alcançou a marca de 75,7 milhões em 2018, fazendo do país o quarto maior consumidor do mercado mundial. Para sustentar tamanha expansão, o setor tem absorvido de forma crescente recursos humanos qualificados de diferentes áreas, como programação, design, roteiro e marketing. Atentas a esta necessidade, diversas instituições de ensino superior criaram cursos e estruturas de pesquisas, com o objetivo tanto de contribuir para o desenvolvimento do mercado, quanto entender melhor qual a importância dos jogos digitais, seja do ponto de vista econômico, seja do comportamental.

Em dezembro de 2019, por exemplo, a Universidade de São Paulo (USP) lançou a Aceleradora Games for Chang, que atua como subsidiária da G4C Accelerator, instalada em Nova York. O objetivo da iniciativa é dirigir o potencial criativo brasileiro para o desenvolvimento de jogos com capacidade para solucionar problemas de natureza social. Esta também é uma das propostas do recém-lançado GameLab, centro de pesquisa multidisciplinar das Faculdades de Campinas (Facamp), instituição particular que oferece oito cursos de graduação em tempo integral. “Entre os trabalhos que pretendemos desenvolver está a criação de jogos comerciais, mas também os que estimulem a inclusão e a transformação social”, adianta André Kadow, docente da Facamp e idealizador da iniciativa.

Em um primeiro momento, apenas alunos da Faculdade, de todos os cursos e anos, poderão participar do GameLab. “Futuramente, porém, nossa intenção é criar, a partir desta experiência inicial, cursos livres de extensão que serão abertos a todos os interessados”, informa Kadow. Entre os temas relacionados aos jogos digitais que serão pesquisados pelo centro estão programação, legislação e impactos sociais e econômicos. As atividades terão início em março de 2021.

De acordo com o docente, o principal objetivo do GameLab é servir de espaço de pesquisa e integração entre alunos, professores e profissionais do mercado interessados no segmento, bem como prover condições para a geração de projetos através de infraestrutura, softwares e outros players. As atividades do GameLab serão divididas em três semestres. No primeiro, os estudantes participarão de treinamentos e assistirão a palestras sobre os temas de pesquisa do centro, finalizando com a concepção de um jogo ou pesquisa. No segundo, os alunos contarão com a mentoria de professores para desenvolver suas propostas. No último semestre os casos escolhidos terão incubação para transformar o jogo ou estúdio de jogos em startup.

Os alunos da Facamp que quiserem fazer parte do GameLab devem se inscrever por meio de formulário especifico disponível neste link. Além de fornecer dados pessoais e acadêmicos, o interessado deve apresentar uma ideia de projeto ou jogo que pretende desenvolver. Caso a proposta seja aceita pelo grupo de docentes que compõe o centro, o estudante será incorporado à equipe.

André Kadow conta que teve a ideia de propor a criação do GameLab à Facamp depois de uma visita que realizou aos Estados Unidos na companhia de alunos, em 2019. Lá, ele conheceu centros semelhantes mantidos pela Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA) e pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT, na sigla em inglês), cujas pesquisas também analisam os jogos digitais de forma ampla, a partir de um olhar multidisciplinar.

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