Expansão do saneamento representa ganhos diretos na saúde da população

São Paulo – SP 5/11/2019 – Os despejos de resíduos industriais são as principais fontes de contaminação das águas dos rios com metais pesados.

Os mananciais hídricos continuam recebendo correntes poluidoras dos esgotos domésticos de milhões brasileiros que vivem em milhares de municípios pelo país afora e que continuam, impunemente, jogando os esgotos sem tratamento nos rios onde um pouco adiante é captada a água para o abastecimento.

“Os números do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), divulgados pela Unesco deixam evidente a relação direta entre a falta de saneamento, ou seja, da ausência de serviços eficientes de água e esgoto com os baixos índices de desenvolvimento humano”, salienta Vininha F. Carvalho, editora da Revista Ecotour News & Negócios (www.revistaecotour.news).

Investir no saneamento do município melhora a qualidade de vida da população, bem como a proteção ao meio ambiente urbano. Combinado com políticas de saúde e habitação, o saneamento ambiental diminui a incidência de doenças e internações hospitalares. Por evitar comprometer os recursos hídricos disponíveis na região, o saneamento ambiental garante o abastecimento e a qualidade da água.

O esgotamento sanitário requer não só a implantação de uma rede de coleta, mas também um adequado sistema de tratamento e disposição final. Alternativas de coleta mais baratas que as convencionais vêm sendo implementadas em algumas cidades brasileiras, como o sistema condominial.

Quanto ao tratamento, há várias opções atualmente disponíveis que devem ser avaliadas segundo critérios de viabilidade técnica e econômica, além de adequação às características topográficas e ambientais da região.

“Dependendo das necessidades locais, o tratamento pode se resumir aos estágios preliminar, primário e secundário. No entanto, quando o lançamento dos efluentes tratados se der em corpos d’água importantes para a população, seja porque deles se capta a água para o consumo, seja porque são espaços de lazer, recomenda-se também o tratamento terciário seguido de desinfecção, via cloração das águas residuais”, relata Vininha F. Carvalho.

A Lei do Saneamento Básico (Lei nº 11.445/07) completa 12 anos. Ela criou uma nova referência regulatória do saneamento básico brasileiro e estabeleceu o Plansab (Plano Nacional de Saneamento Básico), com o objetivo de universalizar os serviços de abastecimento de água e saneamento até o ano de 2033.

Com menos da metade da população atendida por rede de esgoto, o Brasil ainda engatinha em relação ao plano de universalizar os serviços de saneamento básico. Uma das alternativas para reverter este quadro passa pelo aumento da participação de empresas privadas no setor. O estudo inédito da Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostra que países considerados referência, como a Alemanha, a Inglaterra e o Chile, têm, em sua maioria, concessionárias privadas de água e esgoto. Neste cenário atual, a universalização do abastecimento de água só poderá acontecer em 2043 e do esgotamento sanitário em 2054.

Os despejos de resíduos industriais são as principais fontes de contaminação das águas dos rios com metais pesados. Indústrias metalúrgicas, de tintas, de cloro e de plástico PVC (vinil), entre outras, utilizam mercúrio e diversos metais em suas linhas de produção e acabam lançando parte deles nos cursos de água. Outra fonte importante de contaminação do ambiente por metais pesados são os incineradores de lixo urbano e industrial, que provocam a sua volatilização e formam cinzas ricas em metais, principalmente mercúrio, chumbo e cádmio.

“Os metais pesados não podem ser destruídos e são altamente reativos do ponto de vista químico, o que explica a dificuldade de encontrá-los em estado puro na natureza. Normalmente apresentam-se em concentrações muito pequenas, associados a outros elementos químicos, formando minerais em rochas. Quando lançados na água como resíduos industriais, podem ser absorvidos pelos tecidos animais e vegetais”, enfatiza Vininha F. Carvalho.

Uma vez que os rios deságuam no mar, estes poluentes podem alcançar as águas salgadas e, em parte, depositar-se no leito oceânico. Além disso, os metais contidos nos tecidos dos organismos vivos que habitam os mares acabam também se depositando, cedo ou tarde, nos sedimentos, representando um estoque permanente de contaminação para a fauna e a flora aquática.

Estas substâncias tóxicas também se depositam no solo ou em corpos d’água de regiões mais distantes, graças à movimentação das massas de ar. Assim, os metais pesados podem se acumular em todos os organismos que constituem a cadeia alimentar do homem. É claro que populações residentes em locais próximos a indústrias ou incineradores correm maiores riscos de contaminação.

É preciso acontecer uma mudança significativa do investimento em infraestrutura no Brasil, a expansão do saneamento representa ganhos diretos na saúde da população. As perdas nos sistemas de abastecimento provocam o desperdício de quase 40% da água tratada. A maior parte das tubulações dos sistemas de abastecimento ultrapassa 70 anos de uso. A maioria dos cinco mil municípios brasileiros não tem condições de produzir o seu plano por falta orientações técnicas adequadas.

“O saneamento precisa se transformar em uma das prioridades essenciais para o Brasil. Caso contrário, estará relegando às futuras gerações problemas de impactos nacionais e capazes de retardar o crescimento econômico e social”, informa Vininha F. Carvalho.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), para cada dólar investido em água e saneamento, são economizados 4,3 dólares em custos de saúde no mundo. Estudo da CNI, por sua vez, estima que para cada R$ 1 bilhão investido no setor de saneamento podem ser gerados R$ 3,1 bilhões de acréscimo no valor bruto da produção no país, além de 58,2 mil empregos diretos e indiretos.

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