Má qualidade do sono afeta negativamente bem-estar e rotina dos brasileiros

Curitiba – PR 13/3/2020 – A privação de sono leva a danos secundários, isto é, dormir pouco aumenta os riscos de diabetes, hipertensão, estresse, obesidade, entre outros problemas.

A preocupação excessiva e a falta de sono podem aumentar o risco de hipertensão, doenças degenerativas, obesidade, ansiedade e depressão. A médica neurologista Ester London, responsável pelo Laboratório do Sono do Hospital VITA, em Curitiba, explica que é durante o repouso que o organismo volta à condição na qual iniciou o dia. Segundo ela, é nesse período que acontece o relaxamento muscular, redução da pressão arterial, dos batimentos cardíacos e da produção de urina.

Estudo publicado na Revista Science Advanced aponta que o Brasil está entre os três países que menos dormem, são de quatro a seis horas por noite, enquanto o recomendado pela Associação Brasileira do Sono, para um adulto saudável, seria de seis a nove horas. Além disso, dados do Ministério da Saúde, IBGE e organização Mundial da Saúde (OMS) revelou que cerca de 58% dos brasileiros têm interrupção do sono pelo menos uma noite por semana e apresentam algum tipo de distúrbio do sono, como insônia, terror noturno, apneia e sonambulismo.

Rotina intensa, excesso de trabalho, estudos e utilização de aparelhos eletrônicos, como celular, são alguns motivos que estão levando os brasileiros a dormir cada vez menos. Dra. Ester conta que uma noite mal dormida pode comprometer o desempenho das atividades diárias, pois é responsável por causar dificuldade de concentração, alterações da memória e do humor, entre outros sintomas. Além disso, “ao contrário do que muitos pensam, o sono perdido não pode ser recuperado”, destaca a especialista.

O sono é essencial para a consolidação da memória, assim como para a saúde em geral. “Embora as pessoas variem muito em suas necessidades de sono individuais, ter um sono de qualidade é ainda mais importante do que a quantidade de horas dormidas. É preciso obedecer a demanda do corpo e dormir quando ele pede. O importante é dormir quando estiver cansado e despertar descansado”, afirma a médica.

Dra. Ester explica que a privação de sono leva a danos secundários, isto é, dormir pouco aumenta os riscos de diabetes, hipertensão, estresse, obesidade, entre outros problemas.

Além disso, de acordo com a médica, é o momento de consolidação da memória e do controle da temperatura corporal. “Diversos hormônios são influenciados pelo sono, como a insulina, que controla a glicose no sangue, a leptina, responsável pela saciedade, a grelina, responsável por estimular o apetite, e a somatotrofina, que age no crescimento”, destaca Dra. Ester.

Sono x doenças degenerativas
Estudo realizado pela Academia Americana de Neurologia associa a falta de sono ao aumento de chance de desenvolver doenças degenerativas, como Alzheimer e Parkinson. “É durante o sono que é realizada a limpeza do sistema neurológico, nesta hora ocorre a limpeza dos acúmulos da atividade celular e dos radicais livres. A falta de descanso pode aumentar as chances de demências”, alerta Dra. Ester.

Diagnóstico
As alterações no sono podem ser identificadas com o auxílio de uma análise chamada de polissonografia. O exame também é indicado para diagnosticar apneia, roncos, ranger de dentes (bruxismo), fibromialgia, entre outros transtornos.

A polissonografia é um exame que é realizado no Laboratório do Sono, no qual é reproduzido o ambiente de um quarto, onde o paciente passa a noite e tem o sono monitorado por um técnico, por câmeras e eletrodos que servem para medir as atividades cardíaca e cerebral, ronco, movimentos e oxigenação, e tem como objetivo monitorar o sono e avaliar diversos parâmetros. “A partir dos resultados, o médico tem as informações necessárias para tratar o problema da pessoa”, frisa Dra. Ester.

Apneia do sono
O problema pode afetar qualquer um, inclusive crianças. “Trata-se de uma alteração que pode acontecer durante o sono em que ocorre uma parada abrupta na respiração enquanto dorme, explica Dr. Luiz Eduardo Nercolini, otorrinolaringologista do Hospital VITA. Pesquisas estimam que a apneia do sono afeta 4% dos homens e 2% das mulheres entre 30 e 60 anos.

Já os sintomas relacionados à apneia do sono podem ser variados: excesso de sono durante o dia e até insônia, irritabilidade, dificuldade de concentração e memória, dor de cabeça pela manhã, roncos, pausas na respiração durante o sono.

Dr. Nercolini esclarece que a apneia do sono pode ocorrer por vários motivos, mas principalmente por uma falha da musculatura atrás da garganta e da base da língua em manter a passagem do ar aberta, causando uma obstrução e levando a baixa oxigenação do sangue. “Consequentemente, o ciclo de sono é quebrado para que se reestabeleça os níveis normais de oxigenação no sangue. Isso faz com que ocorra alterações nas fases do sono e por isso surgem os sintomas”, descreve.

Tratamento
Conforme o grau de apneia do paciente é necessário algum tipo de tratamento. “O método deve ser individualizado para cada caso, algumas vezes sendo necessário cirurgia (nasais, palatais, na base da língua e cirurgias esqueléticas envolvendo os ossos da face) outras vezes métodos não-cirúrgicos, como o chamado CPAP (do inglês continuous positive airway pressure). “O aparelho oferece ao paciente ar pressurizado por meio de uma máscara adaptada para manter a via aérea aberta”, conclui o otorrinolaringologista.

Higiene do sono
Dra. Ester London destaca a necessidade de mudar alguns hábitos, pois podem ajudar a melhorar a qualidade do sono.

– Deitar e levantar no mesmo horário todos os dias;
– Desligar os eletrônicos (celular, tablet, computador) pelo menos uma hora antes da hora de dormir;
– Ler um livro e/ou escutar uma música suave para relaxar;
– À noite, deve-se optar por refeições leves;
– A temperatura do quarto deve ser suave (no máximo, 22 º C);
– Usar um pijama confortável;
– Roupa de cama limpa também ajuda a dormir bem;
– Evitar ingerir bebida alcoólica ou com cafeína à noite;
– O sono é induzido pelo relaxamento e a falta de luz, então deve-se relaxar e deixar o quarto escuro para seu cérebro liberar a melatonina;
– Se acordar durante a noite e não voltar a dormir, pegue um livro para ler, isso ajuda;
– Evitar atividades físicas perto da hora de dormir (preferir os alongamentos e relaxamentos), mas não deixar de praticar exercícios físicos regularmente, ao menos três vezes na semana.

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