Memphis Meats conclui série B com valores históricos

São Paulo, SP 27/1/2020 – O investimento de Memphis Meats mais que dobra o total do investimento global, mas ainda é necessário um financiamento público significativo para a indústria

Especialista em inovação de alimentos diz que a série B da Memphis Meats, de USD 161 milhões e liderada pela SoftBank, Temasek e Norwest, é a maior registrada por uma startup de carnes cultivadas e é um sinal de progresso “monumental” na confiança dos investidores nesta tecnologia.

“A Memphis Meats mais que dobrou o valor total investido em carne cultivada em toda a história da humanidade. Antes de hoje, o total investido em empresas de carne cultivada era de USD 155 milhões”, disse o diretor executivo do The Good Food Institute dos Estados Unidos, Bruce Friedrich.

Para quantificar esse investimento, o GFI usou a plataforma PitchBook Data para realizar uma análise personalizada dos investimentos em empresas desse setor no mundo todo.

“Essa rodada de investimentos é um marco monumental no progresso desta área. Este é o maior investimento do tipo em carne cultivada e ajudará a Memphis Meats a alcançar a escala necessária para colocar seus produtos no mercado. Esta foi a primeira empresa de carnes cultivadas a arrecadar dinheiro e é pioneira no setor, ajudando a catalisar o nascimento e o crescimento da indústria como um todo”, disse Friedrich.

“Um investimento desse porte prova para o mercado que essa tecnologia é viável hoje, não apenas num futuro distante. Assim que um primeiro produto de carne cultivada chegar ao mercado a preços razoáveis, o interesse e os investimentos no setor devem acelerar muito.”

“Ainda é um setor que surgiu quase da noite para o dia e é importante manter um senso de perspectiva aqui. Embora a ideia de carne cultivada tenha surgido há quase um século, o primeiro protótipo foi produzido há apenas seis anos. Serão necessários recursos contínuos nos próximos anos, inclusive após a entrada no varejo, para garantir que a indústria de carne cultivada continue se tornando mais eficiente, mais adaptável e produza produtos cada vez mais atraentes.”

“Embora os investimentos privados em carne cultivada sejam essenciais, eles precisam ser apoiados por financiamento público que sustente o avanço da indústria. É necessária muita inovação para uma única empresa ou mesmo para algumas empresas darem conta. Afinal, toda a essa indústria se baseia no trabalho feito anteriormente nos campos de células-tronco e biofarmacêutico, que foram alimentados por décadas de investimentos públicos e privados. Os financiamentos públicos podem fornecer também treinamento, estimular talentos e reduzir a barreira de entrada para novas empresas e grupos de pesquisa.” conclui Bruce.

No Brasil, ainda não há empresas que tenham anunciado publicamente que estejam trabalhando no desenvolvimento de carne cultivada. Entretanto, Gustavo Guadagnini, diretor do The Good Food Institute no país afirma que esse movimento deve acontecer em breve e será um impacto positivo muito grande para a economia local.” O Brasil é uma potência agropecuária porque investiu em ciência e tecnologia para liderar esse setor. As carnes cultivadas serão uma realidade em breve e temos toda a infraestrutura, capital intelectual e empresas estabelecidas para sermos também uma grande força desse novo ramo. Faz muito sentido que nosso país foque no desenvolvimento dessa tecnologia como mais uma alternativa à produção convencional de alimentos, que pode complementar negócios das indústrias locais, gerar empregos e oferecer produtos que terão mercado globalmente.”

Guadagnini ainda destaca que muito da pesquisa que já foi feita no Brasil pode ser aplicada para criar carne a partir de células: “Apesar não termos uma empresa fazendo a carne cultivada diretamente, temos ampla capacidade tecnológica nas áreas de pesquisa que são necessárias para fazer esse tipo de produto. Algumas universidades brasileiras poderiam rapidamente adaptar suas pesquisas para essa aplicação.”

Se houver investimentos nesse setor, o Brasil se juntará a países como os Estados Unidos, Israel e Holanda na busca pelo pioneirismo da produção tecnológica de carnes, um mercado que pode valer mais de 600 bilhões de dólares em 2040, de acordo com a consultoria AT Kearney. “Eu acredito que temos tudo para seguir na liderança da produção mundial de carnes, basta investirmos imediatamente em direcionar as pesquisas brasileiras para essa nova área. Os primeiros produtos deverão chegar ao consumidor, inclusive brasileiro, no médio prazo. Esse é um momento muito oportuno para entrar nesse mercado”, completa Guadagnini.

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