Mudanças nos hábitos de higiene irão provocar uma reação em cadeia na sociedade

13/7/2020 –

A principal transformação, contudo, é interna: a adoção de novas formas de higiene e prevenção que, no fim, desencadeia um processo que vai impactar setores inteiros do país.

O coronavírus chegou ao Brasil logo após o Carnaval e, nos últimos três meses, fez os brasileiros mudarem completamente suas rotinas. A necessidade da quarentena e do isolamento social fez muitas empresas adotarem o home office, enquanto outros serviços essenciais, como supermercados e farmácias, desenvolveram métodos para evitar aglomerações nos estabelecimentos. A principal transformação, contudo, é interna: a adoção de novas formas de higiene e prevenção que, no fim, desencadeia um processo que vai impactar setores inteiros do país.

A preocupação com a higiene passou a fazer parte do dia a dia dos brasileiros. Dois levantamentos realizados pelo Instituto QualiBest mostram esse fenômeno. Em março, logo após a confirmação dos primeiros casos de coronavírus no país, dois terços da população (66%) admitiram ter mudado hábitos de limpeza. Já na primeira semana de maio, quando o país se aproximava da marca de 10 mil mortes por conta da doença, esse indicador passou para 94%, com o álcool em gel sendo o item preferido na hora de limpar superfícies e higienizar as mãos.

Se for possível apontar algum legado positivo na pandemia de COVID-19, certamente é o maior cuidado com higiene e limpeza. Afinal, o avanço desse quesito está intimamente ligado a uma melhoria da saúde e qualidade de vida da população em geral. O rápido avanço do coronavírus, sendo o contato humano a principal forma de contágio, evidenciou a necessidade de todos reverem comportamentos e condições sanitárias no dia a dia. Agora, certamente é uma preocupação que vai perdurar por um bom tempo, uma vez que os benefícios e a conscientização se tornam mais presentes.

As novas medidas em relação à higiene também provocarão transformações em setores inteiros. Para evitar aglomerações, espera-se que, mesmo após a pandemia, as pessoas deem preferência aos canais digitais na hora de consumir algo. Devido à doença, os mais idosos, que naturalmente tinham uma menor aceitação de serviços on-line, foram praticamente forçados a aderir ao comércio eletrônico. Certamente o e-commerce vai aumentar sua participação no total de vendas. O varejo, portanto, vai mudar, e as marcas que forem mais rápidas ao perceberem isso ganharão a preferência dos consumidores.

A reação em cadeia que todas essas mudanças podem trazer para a economia e a vida em sociedade ainda é uma incógnita. Há uma série de fatores envolvidos, e o Brasil ainda luta para conter o avanço da doença. Além disso, o Brasil atravessa um momento de tensão política, agravado pela situação econômica e fiscal. É evidente que o PIB vai sofrer retração em 2020 e tanto o poder público quanto a iniciativa privada precisam compreender essas mudanças. Para melhorar, é preciso haver um esforço organizado entre todas as esferas políticas para a retomada da economia e do emprego ao longo do ano.

Não é exagero dizer que o mundo não será mais o mesmo após a pandemia de COVID-19. O que antes fazia sentido e era inquestionável passa, evidentemente, por uma análise mais crítica a partir de agora. “Situações que eram rotineiras, como ir ao mercado para fazer compras, passam a ser consideradas arriscadas devido ao perigo do contágio e por existir uma alternativa viável como o e-commerce. Deste momento em diante, o que importa é cuidar da nossa higiene e, consequentemente, ganhar qualidade de vida no futuro”, explica Rafael Nasser, cofundador da FreeCô.

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