O racismo nosso de cada dia por Esther Guimarães

A escritora Esther Guimarães fala sobre o racismo ainda persistente na sociedade

Data: 02/09/2014

Para compreendermos melhor o comportamento de algumas pessoas pertencentes à sociedade brasileira em relação à miscigenação e classes sociais em nosso país, é necessário que façamos um passeio pelos costumes e constructors dos imigrantes que vieram para cá habitando e dando vida a tudo que conhecemos hoje em nossa nação, e ao mesmo tempo dar um mergulho em nossa própria história, para que assim possamos ter um entendimento mais refinado com o intuito de alcançar uma maneira de administrar e até reverter não apenas o racismo, mas qualquer tipo de preconceito ainda existente em nós.

A sociedade se diz evoluída, mas os sujeitos que sofreram e ainda sofrem por causa das diferenças, sabem que ela está presa a conceitos arcaicos e dominantes, apesar da postura elegante em seus comportamentos não mostram sua face oculta em relação ao respeito. Abro aqui um adendo para tentar mostrar que o comportamento civilizado e elegante da nossa sociedade nada mais é que uma maquiagem usada por uma maioria que não possui a compreensão de suas próprias limitações, o que dirá das do outro, ou seja, é uma postura hipócrita.

Esses indivíduos sentem uma autovalorização, e assim não são capazes de perceber sentido algum em suas conjunturas dissimuladas com o intuito de alcançar um número cada vez maior de adeptos a uma alienação social, e essa pequena parcela de pessoas faz questão de reforçar a cada dia essa hipocrisia com novas colocações e imposições, alimentando as dificuldades para que não haja a conquista de um novo horizonte, em sujeitos diferentes, porém vistos como inferiores.

Para essa classe de racistas e preconceituosos, a cor da pele, a condição social e a região de onde veio fazem com que o indivíduo pertença ou não ao meio social deles. Por esse motivo, é importante que todos os cidadãos, independente de sua cor, sexo ou condição socioeconômica, tenham consciência de seus valores, sociais ou individuais. Não permitam que alguns indivíduos venham em sua direção com opiniões pejorativas, tendo em mente a castração de seus objetivos, tentando desviar seu foco com influências diretas ou indiretas, dificultando a evolução de um projeto.

Falo de fatos como, por exemplo, as novelas que mostram mulheres e homens negros e mestiços em circunstâncias menos favorecidas em relação àqueles que possuem cabelos lisos e olhos claros ou até escuros, porém com pele clara. A mulher negra sofre discriminação por sua aparência, pois não se encaixa nos padrões pré-estabelecidos de beleza, e para se encaixar, alisa o cabelo entre outras atitudes que “escondem” /negam sua origem, sua natureza.

As novelas acabam reforçando essa falsa imagem social, mostrando a emersão da classe trabalhadora e a miscigenação fazendo parecer que a sociedade aceita bem isso. Sabemos que isso não é uma verdade absoluta e por esse motivo sugiro que voltem seus olhares para dentro de si, buscando força em seu interior e uma autovalorização em seu caráter. No momento em que conquistarem isso, perceberão que essa parcela da sociedade não terá alternativa a não ser reverenciar vocês e rever seus conceitos, pois sua postura mostrará que o globo terrestre é redondo e vivemos em constante rotação e tudo muda de lugar e posição.

Digo isso, pois todos nós temos ciência que dentro da sociedade existe uma minoria que dita as regras e padrões que devemos seguir, para que supostamente tenhamos uma harmonia social! Porém, para esses indivíduos não é fácil reconhecer que essas regras, na realidade, são maquiagens que escondem suas reais faces, ou melhor, negações que eles trabalham todos os dias dentro deles. E para que esse conflito interno não os atormente mais, eles atuam com a negação da seguinte forma: usam a cor da pele, a sua origem, a sua classe social entre outras situações que possam refletir a chagas que eles trazem dentro de si. Por essa razão, estão sempre atribuindo aos demais, diferentes deles, tudo aquilo que os incomoda em seus próprios reflexos.

Minha sugestão para que esses indivíduos aprendam a se aceitar, é serem felizes primeiramente com seu eu interior, pois somente com sua própria aceitação é que estarão abertos para compreender e aceitar o próximo do jeito que ele é. Então vamos apreender e aprender a respeitar para sermos respeitados, aceitar para que possamos ser aceitos e assim encontrar a homeostase interior podendo alcançar a felicidade.



Website: http://www.youtube.com/user/esthercomvoce

Website: http://www.youtube.com/user/esthercomvoce