O estado de compliance regulatório e como empresas de grande porte enfrentam novos desafios

A Grant Thornton divulgou recentemente o resultado de uma pesquisa que teve como objetivo identificar como departamentos de auditoria interna de empresas de grande porte enfrentam novos desafios relacionados à compliance regulatório e gestão. A pesquisa também demonstrou que o foco em compliance despriorizou questões estratégicas, financeiras e operacionais dentro da organização principalmente por conta de restrições orçamentarias.

A gestão de riscos deve ir além de compliance regulatório e ser uma fonte de vantagem competitiva.

Local: São Paulo

Data: 30/07/2014

Em março de 2014, a Grant Thornton divulgou o resultado de uma pesquisa que teve como objetivo identificar como departamentos de auditoria interna de empresas de grande porte enfrentam novos desafios relacionados à compliance regulatório e gestão.

A pesquisa demonstrou que, mesmo após doze anos em vigor, a Lei Sarbanes-Oxley de 2002 (SOX), representa até hoje um marco regulatório no mundo corporativo, tanto para empresas listadas quanto para auditores. Cinquenta e um porcento (51%) dos entrevistados consideram questões relacionadas à SOX importantes para sua organização. Acontece que a importância dada a SOX é o resultado de monitoramento constante pela comissão de valores mobiliários americana (SEC) onde as penalidades por não cumprimento são severas, desde expulsão de listagem na bolsa até multas milionárias e condenações a prisão.

Dentre os requerimentos da lei, está a exigência de relatórios periódicos junto à comissão de valores mobiliários (SEC) para reportar alterações significativas nos controles internos de empresas de capital aberto, incluindo ações corretivas e fraquezas materiais identificadas.

A pesquisa da Grant Thornton também demonstrou que quarenta e cinco porcento (45%) dos entrevistados afirmaram que esse foco crescente em compliance, tem gerado efeitos positivos na governança da empresa, tendo em vista a redução de custos relacionados à duplicidade de controles internos, bem como redução de custos operacionais em razão da mitigação de riscos que afetam ao resultado financeiro, melhora nas tomadas de decisão (com adequação à legislação), ..., e diversos aspectos que favoreceram ao equilíbrio entre conformidade e desempenho empresarial.

Entretanto, apesar do efeito positivo, a pesquisa também demonstrou que o foco em compliance despriorizou questões estratégicas, financeiras e operacionais dentro da organização principalmente por conta de restrições orçamentarias.

Adicionalmente, a pesquisa revelou que departamentos de auditoria interna estão utilizando uma quantidade desproporcional de recursos em atividades de compliance. Isso certamente resulta em perda de oportunidades.

O maior desafio hoje para equipes de auditoria é alavancar atividades de compliance para gerar valor agregado. Oportuno se faz, então, repensar os modelos de gestão que não contemplam uma abordagem multifuncional em relação à compliance e questões estratégicas, com a necessária adoção de medidas éticas e de conduta, e principalmente a implantação de controles internos que contemplem todas as atividades relacionadas com o setor público.

Cynthia Catlett é Sócia de Forensic Investigation & Dispute Services da Grant Thornton do Brasil.