Piratômetro: Designer faz um protesto bem humorado contra o plágio e a pirataria!

De tanto sofrer com plágios e pirataria, designer reage com um protesto bem humorado e cria o Piratômetro pra medir a quantidade de pirataria e plágio de seus trabalhos.

É incrível como ultimamente várias empresas tem "divulgado" meu trabalho usando minhas ilustrações sem a devida autorização (ou pagamento), agora eu resolvi retribuir a gentileza divulgando seus nomes.

Local: São Paulo, SP

Data: 01/10/2014

Quem não conhece alguma história de uma imagem copiada na internet? Quem não conhece algum amigo designer que já sofreu com esse problema?

Eu conheço vários casos, infelizmente, mas um me chamou a atenção: diferente da maioria dos casos em que a coisa fica resumida à um "xororô" sem fim e nenhuma ação prática, o designer paulista Morandini cansou de ver seu trabalho copiado/usado sem autorização ou pagamento e resolveu criar o PIRATÔMETRO um medidor para a quantidade de pirataria que ele sofre.

Achei a iniciativa tão interessante que resolvi procurá-lo e fazer uma pequena entrevista, ficou tão legal que decidi publicar este post.

1- Você tem ideia de quantos plágios já sofreu? Quantas vezes já copiaram seu trabalho?

Este ano estou completando 29 anos de carreira com meu próprio estúdio. Nesse período, foram muitos plágios, cópias e trabalhos 'inspirados' nos meus. No período pré internet, era muito difícil detectar isso. Sem levar em conta blogs, sites pessoais e as redes sociais, que utilizam minhas imagens sem pedir permissão ou sem citar o crédito, grosso modo, acredito que já devo ter sido alvo de plágios ou cópias, em maior ou menor escala, próximo de cinquenta vezes.

2- Existe um padrão ou perfil do plagiador? O que eles costumam copiar? Como usam?

Não existe um perfil claro, mas normalmente são pequenas ou médias empresas ou profissionais sem projeção. Há, claro, exceções. Em 2011, tive uma marca utilizada por uma Frente Parlamentar ligada ao Congresso Nacional. Utilizaram uma marca que eu havia desenvolvido para um projeto da inspetoria Santa Catarina de Sena (Salesianas) para uma ação ligada ao Estatuto da criança e do Adolescente.

O mais curioso de todos foi uma marca que criei para um evento no no Rio de Janeiro ser utilizada por um grupo de escoteiros de Portugal. Minha marca havia sido premiada num concurso da China e acabou ganhando bastante visibilidade mundo afora. O engraçado é que, para ser escolhida como a marca dos tais escoteiros portugueses, ela venceu um concurso interno feito por eles.

Cerca de 70% dos plágios são ilustrações e os outros 30%, marcas gráficas. Os usos vão desde adaptações grosseiras até o uso descarado de 100% do trabalho feito.

3- Você tem tido muito trabalho para comprovar a autoria?

Meu trabalho costuma ser bem documentado. Além de publicá-lo em no meu site, nos sites dos clientes e várias outras páginas na internet, a parte legal cumpre todas as etapas: proposta comercial e técnica, contrato e emissão de nota fiscal. Também guardo uma mídia com os arquivos 'crus', que fizeram parte do desenvolvimento do processo com as datas originais .

No caso de marcas, normalmente os clientes entram com processos de registro.

Além disso, meu trabalho é muito característico. Por ser autoral, ele carrega uma espécie de DNA embutido no resultado final. Isso tudo facilita muito a comprovação da autoria.

4- Essas cópias prejudicam mais a você ou ao cliente que pagou pelo trabalho?

Penso que prejudicam a mim, ao cliente e contaminam o próprio mercado onde atuamos. É preciso parar de tratar o plágio como algo menor. Ele é crime. Um roubo semelhante ao furto de mercadorias, desvio de dinheiro ou outro crime dessa natureza. Aprendemos a aceitar isso como algo menor. Malandragem de brasileiro. Algo inerente ao nosso jeito de ser. Mas isso é muito errado e bastante nocivo.

5- O cliente costuma se envolver nos processos para punir os plagiadores?

No caso de marcas, sim. Já no caso das ilustrações, depende do momento. Normalmente os direitos de uma imagem são cedidos apenas para uma finalidade específica e por um período definido. Uma vez utilizada e sendo o único detentor desses direitos, cabendo a mim ir atrás desses processos.

6- Você já recebeu alguma indenização decorrente desses plágios?

Sim. Cada um deles teve uma negociação específica. Houve casos em que o plagiador pagou pelos direitos de uso, como se tivesse contratado o serviço. Recentemente, uma empresa do Pará utilizou uma imagem criada por mim para a Secretaria de Turismo do Pará - Paratur. Imprimiram camisetas e outros itens promocionais para venda em lojas durante a Festa do Círio de Nazaré. Como o material ainda não havia sido colocado maciçamente à venda, o acordo foi o de enviarem todo o material para mim, que foi doado para uma entidade filantrópica.

7- De zero a dez, qual a importância que você dá para a sua atitude de defender suas obras e porque dá essa nota?

Onze!

Quando trabalhamos com criação, as ideias são nosso maior patrimônio e uma espécie de matéria prima. Elas consomem tempo, investimentos em formação, pesquisa, desenvolvimento de estilo... Isso é muito caro e valioso e precisa ser defendido com muito empenho e energia, da mesma maneira que as empresas de outros segmentos defendem seus estoques, seus produtos físicos, e suas marcas.

8- Você já perdeu dinheiro por conta de algum caso de plágio?

A perda acontece em três frentes. A primeira delas, mais óbvia, é por alguém utilizar um trabalho pelo qual eu deveria ter sido remunerado. A segunda delas é o custo do tempo empregado para ir atrás dessas empresas, ou o de contratar advogados para brigar pelos meus direitos. Por fim, há uma perda indireta que é a de ter uma imagem sua utilizada longe do meu controle e meus padrões. Podem ser produtos de segunda linha, de baixa qualidade e utilizada por empresas com atuação duvidosas. Ou mesmo as artes serem aplicadas em desacordo com o projeto original. Isso tudo arranha a imagem profissional, que também tem um alto valor percebido.

9- Já teve dificuldade ou não conseguiu comprovar a autoria de algum trabalho?

Até agora, não.

10- O que você acha do sistema Avctoris? Acha que pode ajudar nesse processo de comprovação?

Vejo a Avctoris como uma inovação no campo dos direitos autorais. Muito me agrada a forma descomplicada de como o site possibilita a comprovação de autoria. Não há burocracia, investimentos de quantias elevadas e a apresentação e explicações acerca de como tudo funciona são bastante claras e precisas. Acho fundamental esse trabalho pois, para o público leigo que detesta enveredar por esses caminhos, o sistema esclarece e até mesmo incentiva a fazer algo que deveria ser natural para qualquer profissional (ou não) que cria algo: deixar bem claro quem é o autor daquela ideia.

Muitas vezes não tomamos nenhuma atitude em relação a isso porque achamos que será um processo caro, demorado e cheio de etapas. O sistema Avctoris está aí para provar na prática que não é assim!

Recomendo a visita: http://www.avctoris.com



Website: http://www.morandini.com.br/

Website: http://www.morandini.com.br/