ABES-SP promove discussão sobre segurança da água na Faculdade de Saúde Pública/USP e participa do lançamento de centro de referência

Seminário sobre segurança da água reuniu especialistas no tema. Evento marcou o lançamento do Centro de Referência de Segurança da Água – CERSA, núcleo de investigação e desenvolvimento constituído em parceria pelas Universidades do Minho (Portugal), através da sua Escola de Engenharia, e Universidade de São Paulo, pela Faculdade de Saúde Pública.

Local: São Paulo

Data: 09/05/2015

Com uma série de palestras de especialistas, a ABES-SP, em parceria com o Centro de Apoio da Faculdade de Saúde Pública – CEAP/FSP, promoveu, nesta quinta-feira, dia 7, no Auditório João Yunes da Faculdade de Saúde Pública da USP, o seminário “Segurança da Água para Consumo Humano - Como Moldar o Futuro da Água para as Partes Interessadas?”, um dos temas de maior relevância do momento, no Brasil e no mundo.

O evento teve realização e patrocínio da Faculdade de Saúde Pública FSP-USP, Universidade do Minho (UMINHO), de Portugal, Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental (ABES-SP), por meio de suas Câmaras Técnicas de Saúde Pública e Saneamento e Saúde em Comunidades Isoladas, e SETRI Consultoria em Sustentabilidade, além do apoio de diversas entidades. No encontro foi lançado o Centro de Referência de Segurança da Água – CERSA, núcleo de investigação e desenvolvimento constituído em parceria pelas Universidades do Minho (Portugal), através da sua Escola de Engenharia, e Universidade de São Paulo, pela Faculdade de Saúde Pública.

As palestras abordaram diversos temas relacionados à segurança da água, como a questão da participação e controle social, que foi o foco da apresentação de Marcos Helano Fernandes Montenegro, presidente da ABES-DF. “Um dos aspectos que me parece fundamental para que, de fato, se possa ter maior segurança no abastecimento de água é que existam em funcionamento mecanismos que permitam à própria população que consome a água se informar sobre qual é a qualidade da água que ela está recebendo e quais são os riscos que estão envolvidos nisso.”

Ele citou diversos decretos que estabelecem que essa informação ocorra, no entanto, segundo Montenegro, isso pouco acontece na prática. “O que hoje nós temos como desafio é verificar como nós podemos, a partir de uma maior interação entre o setor saúde, em particular a área de vigilância municipal, e as agências reguladoras - com competência para a fiscalização e regulação da qualidade dos serviços de saneamento-, produzir informação de qualidade disponível ao público.”

O desafio do saneamento para comunidades isoladas foi o tema discorrido por Ana Lúcia Brasil, coordenadora da Câmara Técnica de Saneamento e Saúde em Comunidades Isoladas da ABES-SP. A engenheira apresentou um panorama do saneamento em comunidades isoladas e rurais. “No Brasil são 30 milhões de pessoas que residem em comunidades rurais, representando 16% da população brasileira. Na nossa câmara, chegamos à conclusão, vendo e trabalhando na região metropolitana, que existem, na periferia das grandes cidades, áreas que, em termos de saneamento, são atendidas com muito menos atenção do que a própria comunidade rural”, observou, explicando que, para a CT, um loteamento na periferia das grandes cidades e populações que habitam no litoral e em sistemas muito isolados merecem e têm que ter soluções muito parecidas com as aplicadas à zona rural.

Ana Lúcia ressaltou a importância do encontro. “Este seminário é muito bem-vindo. Com essa crise de escassez hídrica, as pessoas estão procurando várias fontes de água. Estas questões têm que ser divulgadas, as pessoas devem ser informadas. O morador tem que saber se proteger. Muitas vezes ele está comprando uma água que é contaminada ou ele mora em uma região em que o reservatório, o curso de água que passa perto da casa dele não está em boas condições sanitárias. Ele tem que saber isso, informar-se sobre o que ele pode fazer, quais são os seus direitos.”

Roseane Souza, coordenadora-adjunta da Câmara Técnica de Saúde da ABES-SP e organizadora do encontro, também destacou a informação como um dos pontos-chaves da segurança da água. “Não dá para fazer gestão sem os dados de saúde, os da qualidade da água, os das obras, os dados da perda de água. Por outro lado, a sociedade não consegue confiar, se ela não tiver informação transparente. Ela é usuária, consumidora e paga por isso. E com essa crise fica mais claro, na minha visão, que estes setores têm de ser juntar para, de fato, devolver em informação a questão de como está a qualidade da água, o dado da qualidade para que a população possa colaborar. Temos de ter essa lógica, essa rotina de trazer a informação para todos, para trabalhar a gestão.”

Para o presidente da ABES-SP, Alceu Guérios Bittencourt, outra necessidade é ampliar as atividades de pesquisa, desenvolvimento tecnológico, controle laboratorial, técnicas de tratamento e melhores formas de usos de produtos químicos para reduzir a contaminação. “A água para abastecimento humano é submetida a riscos crescentes de contaminação por produtos químicos usados pelo homem nas mais diversas formas: fármacos, hormônios, agrotóxicos, além dos micro-organismos. Este é um assunto que deve ser tratado continuamente. Porque continuamente a atividade econômica vai produzindo produtos químicos que entram no meio ambiente. Alguns são perigosos, assim como os micro-organismos, o que exige a necessidade de controles maiores. O sistema de abastecimento de água precisa ser melhorado nas técnicas de controle, ter tratamento e também precisa, no meio ambiente, melhorar as formas de uso do produto químico na agricultura, nas indústrias, e humano de forma geral. Há questões do tratamento de água e questões das atividades humanas em geral que devem ser discutidas para melhorar e reduzir esses riscos.”

CERSA: Brasil e Portugal pela segurança da água

Todas as discussões realizadas no evento terão continuidade e aprofundamento com o Centro de Referência em Segurança da Água – CERSA, lançado no seminário.

O Centro tem como objetivo proporcionar cooperação acadêmica e científica entre as duas instituições, constituindo-se numa referência internacional da criação e desenvolvimento de conhecimento em áreas temáticas da segurança da água e da saúde pública, desenvolvendo atividades de investigação, formação, auditoria e consultoria. A ABES-SP é uma das entidades integrantes da iniciativa.

“Nós entramos em uma grande crise de água. E nós precisamos apreender com ela, temos que sair dessa crise um pouco mais sábios. E tem que servir de lição para não termos uma nova. O CERSA é um Centro de Referência em Segurança da Água, tratando de qualidade e quantidade. A universidade não tem a pretensão de consertar nada. Isso está muito bem conduzido pelas empresas de saneamento. Mas vamos apoiar as empresas para achar o melhor caminho, as formas de divulgar sem que a população entre em pânico", afirma o coordenador do CERSA, Pedro Mancuso.



Website: http://www.abes-sp.org.br

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