Novo tipo de célula-tronco é alternativa contra tumores agressivos

Rio de Janeiro, RJ 6/9/2019 –

As células-tronco do tipo neural-like habitam os vasos sanguíneos de adultos, mas são capazes de se tornar muito parecida aos neurônios – e isso pode ser a chave contra os Glioblastomas.

O tumor cerebral mais comum e agressivo, glioblastoma, ainda tem poucas perspectivas de tratamento, principalmente por ser muito invasivo. Por isso, diversos pesquisadores apostam nas células tronco, devido à sua capacidade de migrar especificamente em direção ao tumor, podendo carregar fármacos acoplados. A equipe de Alexandr Birbrair, da Universidade Federal de Minas Gerais, em colaboração com grupos nos EUA, identificou um novo tipo de célula-tronco muito eficaz em migrar até este tumor e eliminá-lo, sem os riscos comuns de outras células-tronco comumente estudadas. O pesquisador apresentará os resultados na XXXIV Reunião Anual da Federação de Sociedades de Biologia Experimental (FeSBE), em Campos do Jordão, entre 09 e 13 de setembro.

O novo tipo de célula-tronco identificado pelos pesquisadores é capaz de se diferenciar em células muito semelhantes aos neurônios e por isso foi chamada de NLSC (do inglês, Neural-Like Stem Cells). Devido a essa característica especial, a NLSC apresenta uma forte capacidade de migrar especificamente até o tumor cerebral, sem causar efeitos colaterais.

A equipe de Birbrair descobriu que as neural-like estão naturalmente presentes nas paredes dos vasos sanguíneos, mas ainda não se sabia que existiam, pois estão misturadas a outros tipos de células-tronco mesenquimais (MSC). A MSC é importante ao organismo, pois atua na reparação de tecidos, já que pode se diferenciar em músculo, tecido, célula de defesa, etc., de acordo com a necessidade. O problema de usar a MSC em terapias celulares é que, justamente devido à sua capacidade de promover a cicatrização de feridas, ela tem a tendência de causar fibrose, o que é danoso aos pacientes e prejudicial às terapias. No entanto, a equipe de Birbrair descobriu uma forma de isolar as células neural-like a partir das células-tronco mesenquimais e, portanto, eliminando o risco de formar tecido fibroso. Além disso, a NLSC é mais segura para uso clínico, pois também não estimula a criação de novos vasos sanguíneos (angiogênese) e não desenvolve novos tumores (preocupações comuns relacionadas ao uso de outras linhagens de células-tronco em terapias celulares).

Por fim, a equipe também conseguiu, com sucesso, manipular geneticamente estas células neural-like para fazê-las carregar genes terapêuticos. “Nosso estudo demonstrou o possível uso destas células-tronco neurais derivadas de mesenquimais para tentar eliminar o glioblastoma (tumor de cérebro)”, completa Birbrair. A terapia foi eficaz em induzir a morte natural (por apoptose) do tumor. Portanto, o pesquisador acredita que a nova linhagem celular é bastante promissora para futuros usos em terapias celulares. “As descobertas do nosso estudo poderão ajudar na terapia de várias doenças”, comemora. O trabalho foi financiado pelo National Institutes of Health e pela American Cancer Society.

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