O Ano de 2020 será crítico para a ação climática

São Paulo – SP 2/4/2020 – No curto prazo, os países desenvolvidos terão que reduzir suas emissões mais rapidamente do que os países em desenvolvimento, por razões de justiça e equidade.

Um novo relatório do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) adverte que, se as emissões globais de gases de efeito estufa não caírem 7,6% ao ano entre 2020 e 2030, o mundo perderá a oportunidade de limitar o aquecimento global neste século em, no máximo, 1,5º C.

Todos os anos, o Emissions Gap Report avalia a diferença entre as emissões previstas para 2030. O relatório conclui que as emissões de gases de efeito estufa aumentaram 1,5% ao ano na última década. “As emissões em 2018, incluindo as resultantes de mudança no uso do solo (como desmatamento), atingiram um novo pico de 55,3 gigatoneladas de CO2 equivalente”, enfatiza Vininha F. Carvalho, editora da Revista Ecotour News & Negócios (www.revistaecotour.news).

É possível que a Amazônia e outros grandes ecossistemas do mundo entrem em colapso mais rápido do que os cientistas previram anteriormente. A Floresta Amazônica está se aproximando de um ponto sem retorno, que, se ultrapassado, pode transformá-la numa savana dentro de 50 anos.

De acordo com dados do IBGE, no período de 2002-2011, o desmatamento na Amazônia totalizou 153.563 km², o equivalente a 3% da área da Amazônia Legal. É interessante comparar esse resultado com o período de 1992-2001, onde se verificou um desmatamento ligeiramente maior, totalizando 175.058 km² e uma média de 17.506 km² ao ano. De fato, em 2019, houve um aumento no número de incêndios de 80% se comparado com 2018, no entanto, é apenas 7% maior que a média de incêndio dos últimos dez anos, sendo que não há evidências suficientes que comprovem que este aumento ocorreu na floresta Amazônica.

Segundo os cientistas, o ecossistema amazônico poderia ultrapassar o ponto sem volta já a partir de 2021. A equipe de pesquisadores conclui que, enquanto grandes ecossistemas levam mais tempo para chegar ao chamado ponto sem retorno, uma vez que ele é alcançado, o ritmo em que a degradação ocorre é significativamente mais rápido do que o verificado em ecossistemas menores.

Segundo a ecóloga Ima Vieira, pesquisadora do Museu Paraense Emílio Goeldi, – “a perturbação das florestas tropicais tem efeitos que vão além da perda de riqueza de espécies e incluem implicações importantes para a dispersão de sementes e para as relações mutualísticas animal-planta”.

“As nações do G20 respondem coletivamente por 78% de todas as emissões, mas apenas cinco membros desse grupo se comprometeram até agora com uma meta de longo prazo de emissões zero”, salienta Vininha F. Carvalho.

No curto prazo, os países desenvolvidos terão que reduzir suas emissões mais rapidamente do que os países em desenvolvimento, por razões de justiça e equidade. No entanto, todos os países terão que contribuir mais para os efeitos coletivos. Os países em desenvolvimento podem aprender com os esforços bem sucedidos dos países desenvolvidos; podem até mesmo ultrapassá-los e adotar tecnologias mais limpas a um ritmo mais rápido.

“O ano de 2020 será crítico para a ação climática, com a Conferência da ONU sobre Clima de Glasgow (COP 26) buscando determinar o curso futuro das ações para evitar a crise climática. Nela, espera-se que os países elevem o grau de ambição de seus compromissos e anunciem novas ações de redução de emissão”, relata Vininha F. Carvalho.

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