O que torna a vida valiosa para querer viver?

São Paulo 19/11/2019 – A felicidade não serve para nada e não prestar para nada pode ser de uma preciosidade inestimável

“O que faz você feliz? O que faz sua vida valiosa o suficiente para você querer viver?” Foi com esses questionamentos que o professor norte-americano Christopher Phillips começou sua jornada no Sócrates Café e, também, sua palestra no 3° Encontro Sobre Ética nos Negócios, realizado dia 11 de novembro em São Paulo, pelo Espaço Ética. Phillips é PhD e membro da rede de ética da Universidade de Harvard, autor do best-seller internacional Sócrates Café – e promove encontros presenciais ao redor do mundo para discutir temas como felicidade e valores da sociedade.

Com uma paixão declarada por questionamentos, mais precisamente por aqueles que transformam a maneira como nos relacionamos com o mundo, o Prof. Phillips acredita que “pessoas que inspiram umas às outras é o que torna a vida valiosa”, e que “não é possível ser feliz se o outro também não tiver sucesso”. Crítico da sociedade norte-americana, onde segundo ele todos querem falar, mas ninguém quer ouvir, em suas experiências do Sócrates Café ao redor do mundo ele presenciou o poder transformador do ouvir. É isso mesmo, “ouvir de verdade pode ser muito transformador” afirmou o PhD mostrando que quando conseguimos ouvir o outro lado, entendemos muitas coisas que não imaginávamos e isso muda nossa percepção e a do outro.

Para Christopher Phillips, que acaba de lançar no Brasil o livro Desperte a Criança Interior e Seja Feliz, publicado pela Citadel Editora, a sociedade precisa manter a liberdade de expressão e as pessoas precisam entender que dizer o que você pensa não basta, é necessário também explicar o porquê pensa de tal forma. E é fundamental que estejamos abertos para ouvir as histórias de outras pessoas e suas perspectivas. Ele sugere que a sociedade deveria pensar sobre os efeitos da sua ação de hoje para as 500 gerações futuras.

O pensamento do Prof. Phillips de certa maneira é similar ao do Prof. Clóvis de Barros Filho, que durante o 3º Encontro Sobre Ética nos Negócios promoveu ao vivo um Sócrates Café e falou sobre a importância de viver o presente e ser feliz no agora. Autor do livro A Felicidade é Inútil, também recém-lançado pela Editora Citadel, o Prof. Clóvis diz que “não prestar para nada pode ser de uma preciosidade inestimável
Em debate com o Prof. Clóvis, Muricy contou de como abdicou de um convite para ser técnico da seleção brasileira de futebol porque tinha feito um contrato verbal com o Fluminense. “Não podemos realizar nossos sonhos passando por cima dos outros. Não dá para ser a qualquer custo!”, afirmou Muricy.

O evento também contou com a apresentação da pesquisa Perfil Ético dos Profissionais Brasileiros 2019, feita pela ICTS Protiviti, com 4.784 profissionais de 133 empresas. O estudo analisou o grau de flexibilidade moral de pessoas de diferentes níveis hierárquicos frente a dilemas éticos vivenciados no ambiente corporativo, tais como a apropriação indébita, gratificação indevida e vazamento de informações.

O estudo do ITCS Protiviti demonstrou que os colaboradores estão mais propensos a compactuar com condutas antiéticas no ambiente corporativo. No comparativo de 2017 para 2019, o número de profissionais que apresenta grau de flexibilidade moral médio – situação em que o comportamento do indivíduo pode ser influenciado por pressões externas – aumentou de 26% para 57%. Além disso, o grupo de profissionais com menor propensão para se corromper caiu de 50% para 19%.

Para Heloisa Macari, porta-voz da pesquisa e diretora executiva da consultoria ICTS Protiviti, as empresas deveriam conhecer melhor o comportamento de seus colaboradores e, acima de tudo, focar numa cultura ética interna. No grupo de profissionais entrevistados, 71% falariam sobre erros próprios ou de terceiros que pudessem gerar prejuízos à organização se, e somente se, o ambiente corporativo trouxesse segurança, inclusive contra retaliações. Apenas, 28% reportariam tais situações independentemente de fatores externos (em 2017 esse número era 35%). E mais, na convivência com atos antiéticos, em 2019, apenas 29% dos profissionais disseram que não aceitariam essa situação contra 47% em 2017.

Em relação ao tratamento de informações confidenciais, o estudo constatou que 59% usariam informações se estivessem sob pressão ou buscando uma recolocação profissional, enquanto 41% não repassariam dados confidenciais (na edição anterior, 63% não usariam esses dados em benefício próprio). E quando o assunto é pagamento ou recebimento de propinas, 58% dos profissionais condicionariam sua decisão a fatores externos.

Mesmo assim, o ser humano também surpreende. É o caso de Paola Carosella, jurada do programa MasterChef, idealizadora de um trabalho transformador que vai muito além do que chamamos de ética. Paola é diretora técnica do Cozinha e Voz, projeto que acolhe pessoas trans e mulheres em situação de vulnerabilidade. Patrocinado pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), o Cozinha e Voz já mudou a vida de muitas pessoas, dando oportunidades reais de entrada no mercado de trabalho profissional, incluindo vagas dentro do próprio Arturito, o restaurante da Chef Paola Carosella. “Cozinhar é uma profissão do amor e por isso pode ser feita por qualquer pessoa que tenha amor”, declarou Paola, dizendo que o Projeto Cozinha e Voz recuperou a dignidade de muitas pessoas, colocou sua voz em uma poesia, em um lugar de dignidade.

Sobre o Espaço Ética

Criado em 2005 pelo Prof. Clóvis de Barros Filho, o Espaço Ética promove estudos, encontros e discussões sobre questões éticas, filosóficas, compliance e outros temas que interferem diretamente em nosso dia a dia.

Website: http://www.eticanosnegocios.com.br

Web Site: