Pandemia reacende a situação dos desbancarizados no país

São Paulo, SP 29/4/2020 –

A pandemia de Covid-19 (coronavírus), que chegou ao Brasil em fevereiro, tem afetado a atuação profissional de parte da população. Para minimizar o impacto da falta de renda das pessoas que tiveram que parar de trabalhar, por causa das medidas restritivas, o Governo Federal lançou o “Auxílio Emergencial ao Cidadão”. Chamado popularmente de “coronavoucher”, o repasse de R$ 600 ajudará as famílias a se manterem nesse período. Uma das questões, porém, que a medida evidenciou é o problema estrutural do país em relação aos desbancarizados.

O início dos pagamentos em relação ao coronavoucher, em conjunto com os milhares de desbancarizados, gerou uma alta demanda para a Caixa Econômica Federal. De acordo com o banco público, foram cerca de 11 milhões de pedidos de abertura de poupanças digitais em apenas dois dias para o recebimento do auxílio.
Segundo o Instituto Locomotiva, o país tem 45 milhões de desbancarizados, ou seja, pessoas que não movimentam a conta bancária há mais de seis meses ou não possuem conta em nenhum banco.

De acordo com o instituto, metade dessas pessoas vivem nas regiões Norte e Nordeste. Entre os motivos para essas populações não terem acesso aos serviços financeiros estão a falta de agências bancárias nos municípios menores, o alto custo das contas, CPF negativado, entre outros.

Em uma pesquisa feita pela Google, as regiões Norte e Nordeste, que são historicamente as mais carentes do país, também são as que mais estão abertas a possibilidade de abrirem contas nas chamadas “fintechs”, que são startups que atuam no sistema financeiro. De acordo com a Associação Brasileira de Fintechs (ABFintechs), a explicação disso é a facilidade de acesso as empresas digitais.

Apesar da oferta das contas poupança por parte dos bancos públicos, que são as únicas empresas onde os beneficiários do coronavoucher que não possuem contas bancárias poderão receber o dinheiro do auxílio, as fintechs se destacam nesse cenário de pandemia por oferecer mais serviços e, na maior parte das vezes, a um custo zero.

Por exemplo, contas correntes de bancos públicos são abertas em agências físicas e precisam de documentos como comprovantes de renda. No caso das fintechs os informes de renda são dispensados, além de que as contas são abertas pelo celular. Além disso, os bancos públicos costumam ter limite de transferências até entre contas da mesma empresa, enquanto nas fintechs as transferências costumam ser ilimitadas e sem um limite de valor.

As empresas digitais oferecem também cartões pré-pagos e de crédito, contas sem nenhum tipo de tarifa, pagamentos via QR Code ou contactless e atendimentos personalizados. Praticamente todos os serviços e operações feitos por fintechs são realizados através dos próprios aplicativos, o que faz com que a pessoa nem precise sair de casa, respeitando o distanciamento social.

Márcio Barnabé, Chief Marketing Officer da UzziPay, uma fintech que possui a proposta de preservar a Amazônia a cada novo cliente, pontua que os bancos digitais estão ganhando popularidade porque eles democratizam os serviços financeiros.

“Ter acesso a uma conta sem precisar de consulta de CPF, comprovação de renda e sem pagar tarifas acaba sendo um motivador para o cliente. Isso, principalmente para populações de pequenas cidades que ao menos possuem uma agência bancária, que é o caso de mais de 400 municípios”, pontua.

As fintechs conseguem oferecer essa gama de serviços por causa da baixa burocracia e da própria aposta na tecnologia para solucionar problemas. Sobre isso, uma questão praticamente unanime é a presença de aparelhos celulares no país, que foi o fator determinante para a profusão das financial technology (fintech).

“O celular é uma tecnologia que está completamente difundida no país. Tanto que já possuímos mais linhas telefônicas do que habitantes. Então, hoje em dia as fintechs oferecem aberturas de conta por aplicativos e por causa disso conseguem chegar a praticamente todos os estados e municípios. Essa é uma vitória da inclusão digital”, argumenta.

Ele pontua que a tendência é que esse nicho de empresas cresça e que elas serão preponderantes para ajudar na economia dos países na retomada após a pandemia da Covid-19.

“As fintechs nascem com um perfil de disrupção e agilidade na tomada de decisões. Isso com certeza fará que em épocas de crise, como a atual, soluções criativas sejam colocadas em prática. E mais do que oferecer serviços financeiros, as fintechs fazem um importante papel de transformação dos desbancarizados em cidadãos”, finaliza.

Website: https://www.uzzipay.com/

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