Por que tantas idosas têm infecção urinária recorrente?

São Paulo, SP 17/3/2020 – Como prevenção, é importante que a paciente vá ao banheiro sempre que tiver vontade.

Dados do National Kidney Foundation, no Reino Unido, revelam que uma em cada quatro mulheres vai ter de lidar com infecção urinária pelo menos uma vez durante a vida. Mas para cerca de 55% dessas pacientes o problema se tornará recorrente – principalmente no período pós-menopausa. De acordo com o médico de família Marco Janaudis, diretor da Sobramfa Educação Médica e Humanismo, a anatomia feminina predispõe as mulheres a infecções urinárias, já que possuem uma uretra mais curta do que os homens. “Nas mulheres, a uretra fica bem próxima do reto, onde habitam as bactérias que levam a infecções. Essas bactérias alcançam a bexiga feminina muito mais rapidamente do que nos homens, aumentando o risco de infecção”.

O médico explica que em mulheres jovens, é mais comum contrair infecção urinária durante a gestação ou depois de uma relação sexual – porque a uretra sofre microtraumas que a tornam mais vulnerável à instalação de bactérias. Mas é depois da menopausa que o problema costuma se tornar recorrente, dependendo do perfil da paciente. “Nessas mulheres há maior diversidade bacteriana, menor resposta imunológica e maior resistência a antibióticos – o que acaba consistindo num problema que impacta a qualidade de vida. Outros fatores que vêm sendo estudados são prolapso pélvico (bexiga caída), diabetes, falta de estrogênio e perda de lactobacilos na vagina – resultando na falta de proteção”.

Depois da primeira ocorrência, as mulheres começam a prestar mais atenção aos sintomas. Janaudis afirma que os mais comuns incluem ardência e sensação de urgência para urinar (mesmo que a eliminação seja bem pouca), mudança repentina na quantidade de vezes que se vai ao banheiro, dor ou pressão na parte inferior do abdome ou nas costas, mudança na coloração ou no odor da urina.

“Como prevenção, é importante que a paciente vá ao banheiro sempre que tiver vontade – principalmente antes e depois do sexo – evitando ‘prender’ a urina por muito tempo. Outro cuidado extra é com a higiene da região, já que a maioria das bactérias inofensivas no trato intestinal é nociva quando alcança o trato urinário. Quando possível, preferir o uso de ducha higiênica para se limpar, usar calcinhas de algodão e evitar usar calças muito justas – que resultam num ambiente quente e úmido, propício para a proliferação das bactérias”, alerta o médico de família.

Idosas que usam fraldas e calças geriátricas, segundo Janaudis, devem ter o cuidado de fazer mais de uma troca durante o dia, evitando passar períodos longos em contato com a urina represada no algodão. “É fundamental evitar repetições de infecção urinária, principalmente porque o organismo vai criando resistência ao tratamento com antibióticos, exigindo doses cada vez maiores e que, mesmo assim, perdem potência quando usadas com muita frequência. Quando a infecção urinária não é tratada ou quando não se consegue que os antibióticos deem a resposta desejada, a paciente pode enfrentar complicações, como infecção dos rins (pielonefrite) e até mesmo evoluir para sepse, com infecção generalizada”.

Fonte: Prof. Dr. Marco Aurelio Janaudis, médico de família e diretor da Sobramfa Educação Médica e Humanismo – www.soframfa.com.br

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