As revelações que a pandemia trouxe nas relações familiares

São Paulo – SP 21/10/2020 – Surgiu a preocupação com as finanças, o medo da doença em si e divergências na projeção dos próximos passos.

Em um primeiro momento dificuldade nas relações e grandes conflitos para a maior parte dos casais.

A pandemia surgiu e trouxe como consequência o isolamento, que segundo a psicóloga Priscila Lourenço Espírito Santo de Morais, não permitiu preparo, provocando em um primeiro momento dificuldade nas relações e grandes conflitos para a maior parte dos casais. “Surgiu a preocupação com as finanças, o medo da doença em si, divergências na projeção dos próximos passos e muita dificuldade de relacionar-se, praticamente, 24 horas por dia com o cônjuge. Muitos se surpreenderam, chegando à conclusão de que não conheciam os respectivos parceiros”.

Uma pesquisa do Google apontou em junho um aumento de 177% na busca por escritórios especializados em separações, isso comparado com o mesmo período do ano passado. Ainda de acordo com o levantamento do Google, a pesquisa por “divórcio online gratuito” cresceu quase 10.000%. Mas segundo Priscila, que também é educadora parental em Disciplina Positiva, o que aconteceu na relação com os filhos não foi muito diferente. “Pais confessaram que estavam adaptados à rotina, muitas vezes desgastante, deixando a maior parte dos cuidados com os filhos para uma funcionária ou mesmo com a escola/creche e declarando não os conhecer realmente, não ter paciência e habilidades com as crianças ou adolescentes”.

No final de março, uma pesquisa feita pela Universidade de Michigan, nos EUA, realizada com 562 pessoas, sendo 51% pais de pelo menos um filho com até 12 anos, trouxe um dado que chamou a atenção dos pesquisadores: 4 entre 10 pais relataram ter gritado com os filhos nas últimas duas semanas. Depois de muitos conflitos, desespero e ansiedade, Priscila afirma que a maioria tem se reinventado e encontrado sentido em situações cotidianas. “Essa nova rotina criada a partir da pandemia trouxe maior empatia, compreensão e respeito para consigo e com o outro. A comemoração e prazer em contemplar pequenas conquistas dos filhos ganharam espaço nas famílias e, apesar dos desafios, a alegria vem reaparecendo em um novo formato”. Para a psicóloga, o ser humano tem em si essa habilidade de readequação e reinvenção.

Para finalizar, Priscila diz que a tendência daqui para frente é que uma grande parte das pessoas siga emocionalmente diferente, com prioridades mais bem definidas, mais noção do que tem valor e o que não tem, do que é controlável e o que não é. “Uma janela de conhecimento foi aberta e, ainda que estruturalmente tudo volte ao normal, não dá para apagar aquilo que se conheceu. Houve um grande movimento de transformação e revisão pessoal, familiar, por isso creio que alguns casamentos seguirão mais alinhados e que pais e filhos terão mais tempo de qualidade”.

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