Compartilhar experiências de superação com drogas e álcool favorece recuperação de dependentes químicos

são paulo 11/9/2019 –

Eu recebo mais de 50 perguntas por dia. Fiquei impressionado com a quantidade de gente que tem problemas e não tem com quem desabafar.

Criar conexões que permitam o reconhecimento da dor pessoal no próximo é apontado por psicólogos como um dos principais suportes no processo de abandono do vício.

A construção de vínculo afetivo por meio de exemplos de superação é considerada por especialistas como um dos recursos mais poderosos no processo de recuperação de dependentes químicos. Embora a tática seja antiga e usada com frequência dentro de clínicas de tratamento especializadas, encontrar referências públicas fora do ambiente médico ainda é um desafio. Boa parte das pessoas se sente envergonhada com a situação e acabam omitindo como superaram a doença.

Não é o caso do empresário, atleta e ex-dependente químico, Christian Montgomery. Sua história de luta e superação é compartilhada com mais de 30 mil seguidores que seguem a sua trajetória no Instagram e acompanham sua recuperação em tempo real. “Eu recebo mais de 50 perguntas por dia. Fiquei impressionado com a quantidade de gente que tem problemas e não tem com quem desabafar. Às vezes, nós todos precisamos disso. Faz muito bem!”, explica. Ele observa que o objetivo é ajudar, na medida do possível, as pessoas que o procuram. “Muita gente eu ajudo no chat privado de minha página nas redes sociais. Entendo que em algum momento não vou conseguir dar conta de todos. Por este motivo, estou planejando um App gratuito que vai ajudar muita gente”, revela.

O psicólogo Gilberto Ferreira diz que o fenômeno observado por Christian pode ser explicado de maneira técnica. Segundo ele, o contato com quem já superou uma situação traumática, um drama ou a superação de um vício ajuda a criar uma conexão afetiva com quem está vivendo uma experiência semelhante. “Essa troca afetiva pode compensar a carência que levou a pessoa ao uso da droga ou da substância química. E essa experiência de superação é um excelente caminho na fuga do vício”, analisa.

Ainda de acordo com o psicólogo, a droga atua por meio da liberação de um hormônio chamado de dopamina e que estimula a sensação de recompensa. “Podemos classificar a dependência como química e psicológica. Neste último caso, o nível de gravidade é ainda maior porque busca suprir uma carência emocional que a pessoa viveu ou pode estar vivendo”, esclarece. Além das substâncias químicas mais conhecidas, também é possível que o indivíduo busque a compensação emocional em outros canais como a comida, o sexo e até mesmo o trabalho.

No caso de Christian, o uso contínuo de drogas ilícitas associadas ao cigarro e à bebida alcoólica também o levou ao uso dos remédios para dormir. Foram quase 20 anos de dependência que o levou ao fundo do poço e fez perder tudo que tinha conquistado até os 34 anos de idade. Atualmente, garante estar ‘limpo’ de drogas há mais de 300 dias. “Acredito que fui uma das primeiras pessoas a tratar abertamente do meu caso nesta rede social. Não foi uma decisão fácil porque sempre existirá preconceito. Mas hoje vejo o quanto a minha atitude fio importante para ajudar a vida de outras pessoas”, comemora.

Chris Montgomery é um empresário de sucesso que acabou se perdendo no mundo das drogas. Reconhecido como criador de grandes bares, eventos e festivais de música no Brasil e no exterior. Começou a beber aos 15 anos. Aos 18 anos já era dono de seu próprio bar, período em que começou a usar também a cocaína, que o levou ao fundo do poço e o fez perder tudo que tinha, aos 34 anos. Após 20 anos de dependência, foi internado em uma clínica de reabilitação em 2018. Assim que saiu, tomou a decisão de ajudar pessoas que passam pela mesma situação. Por meio de seu canal no Instagram, Chrix_montgomery também oferece conselhos para papais e mamães de primeira viagem.

 

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