Correção cirúrgica da vista cansada ou presbiopia vai além da vaidade

São Paulo-SP 10/6/2013 – Funcionalmente, idosos que têm escadas em sua casa e que não podem contar com entes queridos (ou cuidadores) por perto, estão, efetivamente mais seguros, após a cirurgia de catarata e correção da presbiopia

A presbiopia é o nome técnico da vista cansada, do braço curto que se inicia ao redor dos 40 anos e estabiliza em torno dos 50 anos. A correção cirúrgica da presbiopia com o implante de lentes intraoculares (LIOs) é uma opção natural de muitos pacientes jovens e presbitas (acima de 50 anos) que desejam a independência dos óculos. No entanto, pacientes idosos, que estão menos preocupados com a vaidade, também podem se beneficiar muito com a extração da catarata e correção da presbiopia com o de implante de LIOs.

Hoje em dia, muita ênfase tem sido dada ao “fim do uso dos óculos” como resultado da cirurgia de catarata. No entanto, para pacientes mais idosos, a importância e a profundidade deste tema pode ter outro foco. Funcionalmente, idosos que têm escadas em sua casa e que não podem contar com entes queridos (ou cuidadores) por perto, estão, efetivamente mais seguros, após a cirurgia de catarata e correção da presbiopia, porque eles têm uma melhor profundidade de foco.

Um estudo, publicado no JAMA, revela que o risco de fraturas de quadril foi significativamente reduzido em pacientes que fizeram a cirurgia de catarata em comparação com pacientes que não realizaram o procedimento. O estudo acompanhou a incidência de fraturas de quadril em uma amostra de pacientes com catarata, atendidos pelo sistema de saúde público americano, entre os anos de 2002-09.

Dados de cerca de 400.000 pacientes que fizeram a cirurgia de catarata foram analisados, buscando-se a ocorrência de fraturas de quadril no período de até um ano após a cirurgia. As informações coletadas foram então comparadas com a incidência de fratura de quadril em um grupo similar de pacientes, que também tinha catarata, mas ainda não havia feito a cirurgia.

Segundo os pesquisadores, a cirurgia de catarata foi associada à uma diminuição de 16% nas probabilidades dos pacientes sofrerem uma fratura de quadril no prazo de um ano após o procedimento. “Estes resultados são particularmente importantes porque os idosos apresentam riscos maiores de queda, o que os torna especialmente vulneráveis a fraturas de quadril e de outros ossos. Estudos anteriores já apontaram que a perda de visão é um fator importante no risco de quedas dos idosos. Quando há uma diminuição da acuidade visual e da percepção de profundidade, as pessoas também perdem a capacidade de manter a estabilidade e o equilíbrio, o que afeta a sua mobilidade”, explica o oftalmologista Virgílio Centurion (CRM-SP 13.454), diretor do IMO, Instituto de Moléstias Oculares.

Os autores do estudo sugerem que as pessoas nunca devem ser consideradas como “velhas demais” para fazer a cirurgia de catarata, pois a maior redução no risco de fratura do quadril foi constatada em pacientes submetidos à cirurgia de catarata na faixa dos 80 anos.

A importância da escolha das lentes

Um dos grandes avanços da Oftalmologia nos últimos anos foi o surgimento das lentes intraoculares multifocais que são implantadas no lugar do cristalino opaco, o responsável pela visão embaçada.

“Essas lentes possuem certas características que possibilitam que o paciente volte a enxergar de perto e de longe. Estas características são diferentes das características dos óculos, portanto, quem teve dificuldade em se adaptar aos óculos não tem contraindicação na utilização de LIOs multifocais. Antes de seu aparecimento, o indivíduo necessariamente precisava de óculos após a cirurgia de catarata, ou então cada olho era ajustado para uma distância. Se por um lado a operação de catarata se tornou menos agressiva, ela também ficou mais complexa. Como as lentes atuais são flexíveis, elas são inseridas dobradas e abrem-se dentro do olho, podendo, assim, ser implantadas por incisões de até 2,2 milímetros, sem causar astigmatismo (deformidade da córnea)”, explica Virgilio Centurion.

Ainda, dentro do quadro evolutivo dos últimos anos, temos a possibilidade de compensar a presbiopia, permitindo visão de perto e de longe sem óculos. A presbiopia ou “vista cansada”, tradicionalmente, é corrigida com o uso de óculos para perto, óculos multifocais ou, em alguns casos, por meio de lentes de contato.

“As lentes intraoculares multifocais, que podem ser implantadas durante a cirurgia de catarata, proporcionam visão para perto e para longe e possibilitam a diminuição da dependência dos óculos, tanto para perto quanto para longe, podendo suprimir o uso desses em grande parte das atividades diárias. Mas ainda não podemos assegurar que após a cirurgia, o paciente não usará óculos de jeito nenhum”, explica Centurion, que também é membro da Associação Latino-Americana de Cirurgiões de Córnea, Catarata e Cirurgias Refrativas.

Outro avanço tecnológico destacável é que todas as lentes intraoculares disponíveis no mercado conferem proteção total para a radiação ultravioleta (tipos A, B e C). Algumas lentes proporcionam também a proteção contra parte da radiação visível nociva para a visão (luz violeta e azul). “Porém, o uso de óculos escuros em ambientes muito iluminados continua a ser indispensável, pois a parte externa dos olhos e a pele das pálpebras, que é muito sensível, não estão protegidas”, recomenda o diretor do IMO.

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