De material genético a sofisticados equipamentos, hoje é possível fazer consórcio de tudo

ATIBAIA, SP 18/3/2020 – No primeiro mês do ano, notamos o quanto o consumidor brasileiro está mais atento às suas finanças pessoais, ao planejar, optou, em grande parte, pelo consórcio

Em 1962, quando o consórcio dava seus primeiros passos junto à indústria automobilística, o então novo mecanismo desconhecia a importância que a modalidade alcançaria décadas depois, incluindo bens e serviços dos mais variados tipos e usos.

Com a entrada do Banco Central do Brasil, como órgão normatizador e fiscalizador do Sistema no início dos anos 90, e com a Lei 11.795, em vigor desde fevereiro de 2009, houve inovações que apresentaram evoluções técnicas e jurídicas que possibilitaram atender as tendências de mercado e consumidores em suas diversas necessidades pessoais, familiares e empresariais.

Exemplos são os lançamentos dos consórcios de material genético – sêmen de bovinos – e sofisticados equipamentos como os para geração de energia solar a partir do sistema fotovoltaico ou climatizadores residenciais e industriais, nos quais a modalidade mostrou sua versatilidade. Ao ampliar o leque de produtos e serviços, acelerou sua presença em diferentes segmentos da economia.

Hoje, há praticamente consórcio de tudo. Dos primeiros automóveis aos elétricos, passando por equipamentos para energia solar ou as tradicionais motocicletas, barcos e aeronaves, de patinetes elétricos a caminhões, implementos rodoviários e agrícolas, silos, chegando a cirurgias diversas, até a casa própria – o bem mais desejado pelo brasileiro -, sem esquecer dos eletrodomésticos e eletrônicos como climatizadores, celulares e notebooks.

Para Lindalva Chaves de Moraes Monteiro, das fazendas Barra do Imbé e Boa Esperança, em Itajá, sudoeste de Goiás, “o consórcio de material genético veio facilitar o planejamento do manejo e gestão das criações de gado. O aumento do rebanho com as inseminações, apoiado nessa modalidade de autofinanciamento, proporciona menores custos, eleva a rentabilidade e equilibra riscos. Com as melhorias obtidas, pudemos pensar em ampliar as atividades das propriedades. Além da pecuária, nosso maior foco, iniciamos recentemente lavoura de milho e soja”.

Nos últimos meses, as administradoras promoveram fortes campanhas de vendas de cotas como parte da estratégia de crescimento. Paralelamente, desenvolveram ações de conscientização e de certificação lado a lado com a ABAC Associação Brasileira de Administradoras de Consórcios, alinhadas com a Agenda BC# do Bacen.

No cenário econômico, deve também ser considerado fatores conjunturais como os avanços do mercado formal de trabalho, cuja recuperação crescente nos últimos meses gerou empregos acima do sugerido pelo comportamento do Produto Interno Bruto, segundo levantamento divulgado pelo Destaque Depec Bradesco.

Trata-se de um descompasso positivo aliado às situações decorrentes da reforma trabalhista que propiciou menores custos de contratação. Os reflexos têm sido mais concentrados na indústria, em especial a da construção civil, enquanto nos setores de serviços e comércio há um alinhamento aos do PIB. Por sua vez, os dados referentes ao emprego nos setores de serviços e comércio parecem mais ajustados àquele referencial.

Em contrapartida, houve certa frustração com o crescimento de 1,1% do PIB em 2019. Contudo, ressalte-se que se trata de um resultado dentro das previsões governamentais e obtido via setor privado, uma vez que, com o ajuste fiscal, a contribuição do setor público foi baixa. Um fato relevante, pois mostra a recuperação da confiança do empresariado nos rumos da economia.

Outro indicador importante que ajudou a impulsionar o crescimento do PIB foi o consumo das famílias, cujo crescimento de 1,8% compensou a retração de 0,4% do consumo do governo, firmando a contribuição privada no crescimento.

Ao relativizar a participação percentual dos setores no PIB: Agropecuária 6,8%; Indústria 18,3% e Serviços 60,5%, pode-se dizer que para o segmento de consórcios esses indicadores são positivos, visto que empresas e famílias investindo e consumindo mais e, com planejamento financeiro proporcionado pela modalidade, poderão adquirir bens ou contratar serviços compatíveis com suas necessidades.

Quando consideramos que, a preços constantes, o PIB do setor de serviços, por exemplo, cresceu 1,3%, não se pode deixar de observar o forte potencial do consórcio nesse segmento, haja vista o expressivo crescimento de 453,1% em janeiro só em cotas comercializadas. Da mesma forma, não se pode deixar de verificar que, também com crescimento de 1,3%, o PIB da agropecuária poderá ter influência direta na comercialização de cotas de veículos pesados.

Por outro lado, há ainda um componente de emprego que vem se expandindo bastante: o trabalho por conta própria. Estimulados pela liberação das contas inativas do FGTS, em 2018, com as do PIS/Pasep e, recentemente, com as novas regras de saque do FGTS, o empreendedorismo individual tem ampliado sua presença.

Em janeiro último, pode-se observar os primeiros resultados do Sistema de Consórcios comparados com os do mesmo mês de 2019, quando o segmento foi apontado com o maior crescimento entre as atividades econômicas.

O mecanismo iniciou 2020 com aumentos acima dos projetados no encerramento de 2019. As vendas atingiram 284,45 mil novas cotas, 48,9% superior às 191,00 mil de um ano antes, e confirmaram que, em razão das expectativas de baixos rendimentos das aplicações financeiras, com muitas delas perdendo para a inflação, o brasileiro vem mudando seus hábitos e optando por consumir com planejamento, responsabilidade e consciência, tendo no consórcio a oportunidade de concretizar seus objetivos de forma simples e econômica e deixando para segundo plano a compra por impulso, que pode trazer consequências futuras.

Para Paulo Roberto Rossi, presidente executivo da ABAC, “no primeiro mês do ano, notamos o quanto o consumidor brasileiro está mais atento às suas finanças pessoais. Ao avaliar o mercado e planejar seu futuro, optou, em grande parte, pelo consórcio, demonstrando consciência quanto às possibilidades de realização de seus objetivos versus investimentos a médio e longo prazos, para adquirir bens ou contratar serviços”.

O total de negócios realizados também registrou elevado crescimento, superando os R$ 12,47 bilhões, 59,9% maior que os R$ 7,80 bilhões de um ano atrás. O valor do tíquete médio chegou a R$ 43,84 mil em janeiro, 7,3% maior que os R$ 40,85 mil daquele mês no ano passado.

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