Dezembro laranja: o que é o câncer de pele não melanoma?

São Paulo, SP 11/12/2019 –

O câncer com maior número de casos no Brasil pode ser prevenido e, quando descoberto no início, tem mais de 90% de chances de cura. Mas, de acordo com a Sociedade Brasileira de Dermatologia, quase 80% da população brasileira nem conhece os tipos de câncer de pele.

Dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA) mostram que todos os anos são diagnosticados 180 mil casos novos da doença. Isso significa que 1 em cada 4 novos casos de câncer no Brasil é câncer de pele. Reduzir as estatísticas de incidência de câncer da pele é um objetivo possível e que tem por base um pilar simples mas fundamental: a conscientização.

Isto porque o sol brilha para todos, inclusive em dias de chuva e no inverno. Basta estar em um ambiente ao ar livre, sem proteção física (boné, óculos, manga comprida…) ou sem protetor solar, que seus raios incidem sobre a pele dia após dia, ano após ano. E quem está em lugares mais elevados, com maiores altitudes, sofre ainda mais com estas sucessivas doses diárias de radiação ultravioleta. Estima-se que a cada 1.000 metros de altitude, os níveis de radiação UV aumentam de 10% a 12%.

O que a radiação UV provoca?

“A radiação ultravioleta agride a pele, que por sua vez produz mais melanina como uma forma de se defender. Mas nem todo tipo de pele tem essa reação. Algumas não conseguem se “defender” e acabam se queimando, o que provoca a vermelhidão característica do eritema” explica Dr. Marcelo Olivan, cirurgião plástico.

Tanto o bronzeado quanto o efeito “camarão” evidenciam os efeitos nocivos da radiação UV. Manchas, rugas e flacidez também decorrem dos raios solares. Mas o câncer de pele é o efeito crônico decorrente da radiação UVA e UVB que mais impacta a saúde. A exposição repetitiva e por longo tempo à radiação UV danifica o DNA celular. Às vezes, este dano afeta certos genes que controlam como e quando as células crescem, se dividem e morrem. Normalmente, as células podem reparar o dano; mas em alguns casos, isso resulta em DNA anormal, e este pode ser o primeiro passo no caminho para a doença.

Câncer de pele não melanoma

Quase 90% dos casos de câncer de pele são de carcinomas. Dependendo do tipo de célula danificada pela radiação, o câncer de pele não melanoma é chamado de carcinoma basocelular (células basais) ou de carcinoma epidermoide ou espinocelular (células escamosas). Esses tumores têm letalidade baixa. Mas ainda assim provocam cerca de 1900 óbitos todos os anos no Brasil. O carcinoma basocelular costuma apresentar os seguintes sintomas:

  • Uma ferida na pele que sangra facilmente.
  • Uma ferida que não cicatriza.
  • Suor ou pontos de crostas em uma ferida.
  • Aparecimento de uma marca que se parece ferida.
  • Vasos sanguíneos irregulares em torno do local.

Já os carcinomas de células escamosas são geralmente de crescimento lento e podem ser difíceis de detectar, especialmente quando aparecem em peles que já têm outros sinais de danos causados ​​pelo sol, como mudanças na pigmentação, perda de elasticidade e rugas. Uma ferida que não cicatriza ou uma mancha que coça, descama ou sangra podem ser sintomas de carcinoma epidermoide ou espinocelular.

Prevenção

O principal fator de risco para o câncer de pele é a exposição excessiva e contínua à radiação solar ultravioleta (UV). Pele, olhos e cabelos claros; histórico familiar ou pessoal de câncer de pele; sistema imune debilitado por doenças e o uso de imunossupressores podem aumentar o risco de desenvolver a doença. Atividades realizadas ao ar livre e fatores ambientais como exposição a fuligens e alguns compostos químicos também aumentam este risco.

Por causa disto, a prevenção primária do câncer de pele e de outras lesões provocadas pelos raios UV é simplesmente evitar a exposição ao sol das 10 às 16 horas sem proteção, que pode consistir no uso de chapéus, boné, guarda-sóis, óculos escuros, camisas de mangas longas e filtros solares.

A proteção física, como as sombras de árvores ou marquises de edifícios, reduzem em até 50% a intensidade das radiações UV. Em contrapartida, a neve, a areia branca e as superfícies pintadas de branco são refletoras dos raios solares. Então, é preciso se proteger tanto do raio que vem direto do sol quanto daquele que bate em uma superfície e chega até o corpo por qualquer outro ângulo de direção.

Como os danos provocados pela exposição solar são cumulativos, é fundamental que os cuidados sejam tomados desde a primeira infância.

Importante lembrar que o fator real de proteção dos produtos varia de acordo com a espessura da camada de creme aplicada, a frequência da aplicação, a transpiração e a exposição à água. Filtro solar de amplo espectro de proteção UVA e UVB, com FPS acima de 30, resistente à água, que contenha combinação de filtros minerais e químicos, sob a forma de creme ou gel e que não contenham oxibenzona, Vit.A e PABA (ácido paraminobenzóico), pode ser suficiente, desde que aplicado 30 minutos antes da exposição ao sol e reaplicado a cada duas horas ou após nadar, suar e se secar com toalhas.

Tratamento

Em geral, o tratamento primário do câncer de pele não melanoma consiste na cirurgia para a retirada da lesão que, em estágios iniciais, pode ser realizada em nível ambulatorial. Ou seja, não há a necessidade de internação hospitalar.

O cirurgião plástico pode, em um único procedimento, remover o câncer de pele não melanoma e utilizar técnicas de cirurgia  plástica reparadora para minimizar as sequelas na região, reconstruindo o local e devolvendo ao máximo a sua função.

Faz parte do dia a dia de um ex-paciente de câncer de pele o uso diário do protetor solar. Vale à pena acompanhar a tramitação do Projeto de Lei 4234-2008 na Câmara dos Deputados. Caso vire lei nos termos atuais, o Ministério da Saúde, através do Sistema Único de Saúde – SUS, distribuirá gratuitamente à população o protetor solar (https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?idProposicao=414705). Hoje, o protetor solar sofre com taxas e impostos iguais aos dos cosméticos, o que eleva muito o seu custo e dificulta o seu uso tanto preventivo como no dia a dia pós retirada do câncer de pele.

Sobre o Dr Marcelo Olivan

Doutor em Cirurgia Plástica pela USP. Membro Titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica – SBCP e da International Society of Aesthetic Plastic Surgery – ISAPS. Médico da Disciplina de Cirurgia Plástica da USP. Médico do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo – ICESP. Membro do corpo clínico do Hospital Israelita Albert Einstein, Sírio Libanês, Oswaldo Cruz, São Luiz, entre outros.

Website: https://www.drmarceloolivan.com.br/

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