Estudo revela impactos da Covid-19 no mundo da moda

22/4/2020 –

Responsável por boa parte da mão de obra no mundo, a crise na esfera fashion prejudica profissionais da moda

O Brasil sempre alcançou uma ótima posição no mercado da moda. Segundo o Estudo do Euromonitor, o país ocupa o 5º lugar no ranking de consumo. Isso, devido ao histórico dos brasileiros em acompanhar as últimas tendências. Os últimos 10 anos foi o melhor período do mercado no Brasil, fazendo com que a marca alcançasse R$ 140 bi em 2013.

Mas ninguém esperava pela crise do coronavírus. Por conta da pandemia, muitos eventos foram cancelados. A London Fashion Week, por exemplo, já sentia os percalços da crise ao perceber que o mercado chinês não estava presente no desfile, quando o vírus circulava com maior presença na China.

O estudo divulgado por professores da UFJF (Universidade Federal de Juiz de Fora) também mostrou que situações assim também ocorreram na Itália; com a Câmara Nacional da Moda Italiana adiando a Semana de Moda Masculina para setembro (o mesmo mês da Semana de Moda Feminina), e no Brasil; com a São Paulo Fashion Week cancelando seus desfiles agendados para o final de abril e o adiamento do evento Veste Rio, de abril para junho. 

É uma crise que afeta não só os estilistas e a indústria do varejo, mas também profissionais modelos de passarelas.  Nastasya Volkonskaya, 26, falou sobre suas preocupações. “O coronavírus vai provocar mudanças profundas no consumo, e nós, modelos, seremos extremamente afetados. As indústrias vão precisar trazer uma lógica de consumo mais consciente e responsável para podermos passar pela crise”, explicou. Nastasya vive nos Estados Unidos e enfrenta a quarentena no país, que já registra mais de 30 mil mortos pela doença.

Em linhas gerais, a pandemia da Covid-19 trouxe consequências irreversíveis ao mercado da moda, alterando permanentemente o conceito de consumo. Ainda, no estudo sobre o impacto da Covid-19 no mundo da moda, a doutora em Ciências Sociais em Desenvolvimento, Agricultura e Sociedade pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) e convidada externa do corpo docente da especialização em Moda da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Lilyan Guimarães Berlim, classifica o momento atual como um período de profunda transformação. “O mercado reage a essas transformações falando de uma moda sem data de validade, uma moda que prega a inclusão de todos, a diversidade, o empoderamento. Essa pandemia pode ser um empurrão para que a indústria repense todo o comércio, incluindo os nossos hábitos e o nosso vestir cotidiano.”

“Para salvar nossos empregos, dependemos das marcas. A vestimenta precisa ser ressignificada, ela se transforma em um objeto de resistência, de autocuidado e de conexão com a nossa essência. Essa percepção é crucial e pode ser trabalhada pelas lojas e pelas marcas na comunicação de vendas”, finaliza Nastasya.

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