Flávia Pini alerta que a inteligência não está nos dados

25/10/2019 –

As empresas bem-sucedidas são aquelas que conseguem vislumbrar que a inteligência não estão nos dados em si, mas naquilo que elas conseguem extrair deles.

É uma realidade cada vez mais comum no ambiente corporativo: mais do que produtos e serviços, são os dados coletados em diversas fontes que se transformaram nos principais ativos de uma organização. A questão é que muitos pensam que basta adquirir soluções de Big Data e realizar a coleta de quaisquer informações para se destacar ou, no mínimo, não ficar para trás em seus setores. Na verdade, é justamente o contrário: as empresas bem-sucedidas são aquelas que conseguem vislumbrar que a inteligência não estão nos dados em si, mas naquilo que elas conseguem extrair deles.

Os números comprovam a dificuldade das companhias em trabalharem com grandes volumes de informações. Uma pesquisa global realizada pela Serasa Experian mostrou que 89% das empresas consideram o gerenciamento de dados como um dos grandes desafios no mundo corporativo, sendo a confiabilidade e a precisão como as principais dificuldades. Isso mostra porque 70% delas admitem não ter controle direto sobre seus dados – ainda que seja muito importante para o sucesso do negócio.

É preciso enxergar que a verdadeira inteligência está na capacidade de saber quais respostas os dados podem fornecer. O mais difícil, portanto, não é a consulta, mas a construção das perguntas. Para isso, é preciso garantir a veracidade e a organização das informações. Quantas vezes, por exemplo, você preenche um cadastro em uma loja, mas o atendente coloca qualquer dado em um determinado campo solicitado no sistema? Pois bem, esse é um exemplo simples, mas que reflete também em grande escala.

Além disso, ainda que a coleta seja automática, é preciso armazenar de forma estruturada para construir indicadores. O problema é que as fontes são diversas e não há um armazenamento comum e muito menos um pensamento de consulta ágil capaz de levantar parâmetros estratégicos. Os dados viram meros papéis de parede em dashboards bonitos, mas inúteis.

Sem essa preocupação com a veracidade e a organização das informações para consulta, as empresas seguem derrapando quando o assunto é Big Data e a utilização de dados na estratégia do negócio.

Isso faz com que seja mais difícil construir indicadores , principalmente atrelando-os a metas e promovendo cadência. Não adianta ter um monte de gráficos; o empresário quer saber o que ele precisa fazer e qual direção deve tomar. E isso deve envolver todo o time, para que o KPI fique disponível e cobre engajamento de cada um para o atingimento do objetivo, que aliás, também deve ser o mais claro possível.

Para isso, é preciso dar a importância e relevância que os dados merecem , com protagonismo em qualquer estratégia.

Em um mundo cada vez mais conectado, saber trabalhar com dados torna-se essencial tanto para empresas que atuam no ambiente online quanto as que operam no offline – se é que ainda conseguimos distinguir esses dois canais. Aliás, seja qual for a origem das informações, o importante é que façam parte de um mesmo data lake. Quanto mais o empreendedor conhecer o seu público-alvo, suas ineficiências e onde estão as oportunidades perdidas, mais chances ele terá de se destacar da concorrência e melhorar sua rentabilidade. Para isso, é necessário ser inteligente e compreender que os dados são apenas as ferramentas (e não o objetivo principal) na estratégia da organização.

*Por Flávia Pini

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