Freis agostinianos lamentam a morte de dom Pedro Casaldàliga

Belo Horizonte, MG 11/8/2020 –

Bispo emérito de São Félix do Araguaia nasceu na Espanha, em 1928, e chegou ao Brasil em 1968

Os freis agostinianos da Província Nossa Senhora da Consolação do Brasil se unem, em oração, à Província Claretiana do Brasil e à Prelazia de São Félix do Araguaia em um momento de despedida de dom Pedro Casaldàliga, bispo emérito de São Félix do Araguaia, que morreu na manhã de sábado (8 de agosto). Foram mais de 40 anos de caminhada, amizade, amor e respeito junto aos agostinianos.

Nascido na Espanha, em 16 de fevereiro de 1928, dom Pedro foi ordenado padre pela Congregação Claretiana, em 1952. Em 1968, chegou ao Brasil, onde se tornou bispo em 1971. As causas que dom Pedro defendeu em sua trajetória de 50 anos dedicados aos mais simples sempre representaram muito para a região do Araguaia e para a resistência de um povo que tem vivido diversos conflitos fundiários e de violação dos direitos humanos.

A amizade com os agostinianos teve início com os primeiros freis que chegaram para a missão no Araguaia e Pedro os acolheu na casa dele. Até os últimos dias de vida, os freis agostinianos dedicaram a dom Pedro atenção e cuidados em tempo integral, com o apoio de médicos e equipe de enfermagem, principalmente nos últimos anos, quando a saúde dele já estava fragilizada.

O primeiro contato dos freis da Província Agostiniana Nossa Senhora da Consolação do Brasil com dom Pedro Casaldàliga foi em meados de 1978. Como bispo da Prelazia de São Félix do Araguaia, Pedro acolheu os freis que estiveram na região para iniciar uma missão. Até hoje, a casa dele é a moradia dos freis agostinianos que atuam na região.

O prior provincial da Província Agostiniana Nossa Senhora da Consolação do Brasil, frei Luiz Antônio Pinheiro, agradeceu a presença de dom Pedro nesses anos de caminhada junto aos freis agostinianos. “Há 40 anos, desde que assumimos a missão na Prelazia de São Félix do Araguaia, a presença e o testemunho de dom Pedro inspiraram e motivaram, de maneira singular, a dimensão missionária de nossos frades, leigos e leigas, educadores e educadoras, que conosco sonham e trabalham pelas causas do Reino de Deus.”

Dom Pedro foi defensor das pessoas simples e combatente da violação dos direitos humanos. As causas que defendia e o amor incondicional pela justiça sempre estiveram em sintonia com o carisma agostiniano. A casa de Pedro, hoje Fraternidade Agostiniana Dom Pedro Casaldàliga, sempre foi um local de acolhida simples e fraterna.

Frei Paulo Gabriel Blanco, o primeiro agostiniano a residir com dom Pedro, conta que “conviver por cerca de 20 anos com Pedro foi um privilégio concedido por Deus”. O religioso escreveu artigos e poemas sobre o amigo a quem tinha grande admiração. “Ele é uma referência fundamental para a minha vida. Um homem radical, de esperança; um homem de Deus no mais profundo sentido da palavra. Sempre foi lúcido e de uma capacidade crítica admirável.”

O frei José Saraiva, que conviveu com dom Pedro até os últimos dias, afirma que ele era um exemplo de caráter, firmeza e bondade que influenciou várias gerações. “Ele era como um pai para nós.”

Frei Paulo Santos Gonçalves (Paulinho) partilhou da vida de dom Pedro, de forma muito especial, em dois momentos. Dom Pedro o ordenou padre e, a partir daí, começaram a trabalhar juntos na missão em São Félix. “Foi um período intenso, de muito aprendizado.” Anos depois, frei Paulinho retornou a São Félix para auxiliar dom Pedro, que já estava com a saúde debilitada. “Nunca vou me esquecer de um pedido que Pedro fez para ajudá-lo nas atividades diárias: ‘Paulinho, a partir de agora, você é minhas pernas, meus braços e minha boca'”, destaca.

Os freis da Província Agostiniana Nossa Senhora da Consolação do Brasil estão no país há mais de 80 anos. Eles atuam nos estados de MG, SP, RJ e MT, com protagonismo e excelência nas áreas de educação, assistência, evangelização pastoral e projetos socioambientais.

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