Gestantes devem continuar consultas de pré-natal, mesmo em tempos de Coronavírus

Jundiaí-SP 20/4/2020 – O pré-natal deve ser mantido para garantir o monitoramento adequado da futura mãe e do bebê e agora as gestantes também podem contar com a telemedicina

As últimas notícias sobre o Coronavírus (COVID-19) têm assustado muitas mulheres grávidas. “Elas estão com dificuldade de continuar o pré-natal, principalmente porque têm sentido medo de serem contaminadas gravemente e assim, colocarem em risco a própria saúde e do bebê”, conta Dr. Patrícia Peres, médica ginecologista e obstetra que atende em Jundiaí-SP.

Segundo ela, as informações em relação à gestação e COVID-19 ainda são limitadas e mais esclarecimentos irão ocorrer com o tempo, à medida que as consequências da epidemia forem identificadas.

Por outro lado, o momento permitiu a ampliação de novos sistemas de atendimento aos pacientes, como o uso da telemedicina, por meio de consultas online por vídeo. “O medo de infecção pelo coronavírus fez com que as pessoas entrassem em quarentena e isolamento, porém alguns serviços como o atendimento médico e outros serviços de saúde são essenciais, não podem parar”, lembra a médica.

“Acredita-se que as gestantes sofrem alterações no funcionamento do corpo e da imunidade, podendo torná-las mais suscetíveis a infecções respiratórias virais, incluindo o coronavírus e por isso, todo cuidado é necessário e o isolamento seria uma medida importante”, destaca.

Mas ao contrário do que se esperava, com base nos achados da infecção pelo H1N1, a COVID-19 em gestantes não tem se mostrado mais grave ou mais frequente. A especialista diz que estudos científicos recentes apontam que a maioria dos pacientes com infecção pelo novo Coronavírus (80 a 85%) apresentarão a forma leve da doença e serão orientados a realizar repouso, hidratação e medicação para alívio dos sintomas, com o isolamento em domicílio.

“Dessa forma, a letalidade é semelhante ao do adulto jovem, ou seja, gestantes podem se contaminar e ter quadros graves na mesma proporção da população jovem”, diz.

Contudo, apesar das gestantes não configurarem no grupo de maior risco, elas devem redobrar os cuidados para evitar contaminação, pois seu adoecimento grave, como em qualquer doença sistêmica importante, pode comprometer a saúde fetal, incluindo os riscos associados ao parto pré-termo.

Assim, o pré-natal deve ser mantido para garantir segurança e monitoramento adequado a futura mãe e seu bebê, destaca a médica, que além de manter o atendimento presencial a todas as gestantes com medidas de higiene e segurança em seu consultório, também iniciou atendimentos por telemedicina.

“As consultas online permitem contato imediato com o paciente, podendo avaliar exames, tirar dúvidas, trocar receitas e orientar os pacientes quanto à necessidade de procurarem atendimento de urgência no Pronto Socorro, por exemplo, ou a necessidade de reagendar uma consulta presencial para melhor avaliação”, explica.

Ela esclarece ainda que os atendimentos de urgência ginecológica, como alterações menstruais graves, infecções e corrimentos também devem ser presenciais, pois não há como prescrever o tratamento correto sem exame clínico presencial. “Também não há como certificar a evolução da gravidez sem examinar, aferir a pressão arterial, medir a altura uterina, auscultar batimentos do bebê, entre outros parâmetros clínicos”, completa.

A Lei Federal nº 13.979/2020, que dispõe sobre as medidas para enfrentamento da emergência de saúde pública de importância internacional decorrente do COVID-19, estabelece que quaisquer medidas que forem tomadas deverão resguardar o exercício e o funcionamento de serviços públicos e atividades essenciais.

Além disso, o Decreto Federal nº 10.282/2020 estabelece que o serviço médico e hospitalar, público ou privado, é essencial, devendo ser mantido em funcionamento. A partir do dia 19 de março, foi sancionada também a lei que permite o atendimento médico a distância, a chamada telemedicina.

Desta forma, as consultas de pré-natal devem ser mantidas durante o período da epidemia, pois, trata-se de atendimento específico, que visa manter a saúde materno-fetal, de acordo com a FEBRASGO (Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia) e Ministério da Saúde. 

A periodicidade das consultas e exames complementares devem ser suficientes para garantir o cuidado adequado de cada gestante. “É preciso evitar excesso de visitas a locais com ambientes fechados e/ou com aglomeração de pessoas, que aumentam seu risco de contato com indivíduo acometido pelo COVID-19”, reforça a médica.

Segundo Dr. Patrícia, embora a humanidade esteja passando por uma situação nova e difícil, esse momento também permitiu a abertura para novos planejamentos e soluções em saúde “Pensando nisso, tenho administrado minhas agendas, presencial ou por vídeo online, com ética, responsabilidade e confiança”, conclui.

Dra. Patrícia Peres

Formada em Medicina pela Pontifícia Universida de Católica de São Paulo – Faculdade de Ciências Médicas de Sorocaba. Especialista em Ginecologia e Obstetrícia pela Faculdade de Medicina de Jundiaí e pela Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO/SOGESP) e em Reprodução Humana Assistida pelo Instituto Sapientiae e Faculdade de Medicina de Jundiaí.

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