Mais do que comemorar, é preciso entender o Platô da pandemia de Coronavírus

São Paulo/SP 24/7/2020 – “Continuamos seguindo o isolamento social o máximo possível, tomando todos os cuidados necessários na rotina” – José de Moura Teixeira Lopes Junior

Mesmo durante o platô da pandemia, o empresário José de Moura Teixeira Lopes Junior diz manter a rotina de isolamento.

Tem-se observado uma certa estabilidade nos casos de Coronavírus pelo Brasil, o que os especialistas e a imprensa vêm chamando de platô. No entanto, mais importante do que isso, no contexto atual, é conhecer com precisão suas causas e os cuidados que se deve ter com tal tipo de informação, pois a média de óbitos segue alta, com cerca de mil ocorrências diárias.

Segundo Paulo Lotufo, epidemiologista e professor da Universidade de São Paulo (USP), ainda não se tem motivos para comemorar o platô, lembrando que a distribuição do vírus, que teve como principais portas de entrada no país, São Paulo, Rio de Janeiro e Ceará, não é uniforme. Portanto, diz ele, o platô anunciado é uma média nacional, mas não significa que o país inteiro vive sob tal situação. Pior, há regiões onde o número de contágios e mortes continuam em trajetória crescente.

Um aspecto importante para entender o que está acontecendo, é que a estabilização do número de novos casos tem ocorrido em localidades onde o contágio foi grande no início da pandemia. Esses pacientes se curaram da doença, com ou sem tratamento, e então instalou-se ali um grande número de pessoas já imunizadas contra o vírus. Mas vale lembrar, que a migração para outras regiões continua ocorrendo, o que pode provocar novas ondas de contaminação, de pessoas imunes para outras ainda vulneráveis ao Coronavírus.

Os números do Ministério da Saúde, atualizados até esta última quarta-feira (22/07), apresentam 2.159.654 de casos confirmados no Brasil. Em tese, todo esse contingente estaria imunizado, uma vez que os estudos apontam baixíssimas taxas de reincidência na contração da doença. Há ainda uma frente de estudos, embora não oficial, que diz que esses números de infectados devem ser multiplicados por 8 ou 10 vezes, visto que uma das características da doença é apresentar quadros assintomáticos. Sob esse ponto de vista, algo próximo de 10% da população brasileira já teria contraído o vírus e estaria imune à doença.

Marcelo de Carvalho Ramos, epidemiologista da Unicamp (Universidade de Campinas/SP), considera que o verdadeiro platô se alcança quando 70% da população esteja imunizada, seja através da vacina, que ainda se aguarda e deve estar disponível apenas em 2021; ou então, que essa população tenha contraído o vírus e naturalmente se tornado imune, o que seria um grande desastre pelo número de óbitos que se registrariam. Mas, dessa forma, a doença não encontraria mais agentes suscetíveis para contagiar e tenderia à extinção.

O empresário manauara José de Moura Teixeira Lopes Junior, que por conta de suas atividades reduziu, mas não suspendeu totalmente suas viagens, relata que segue a disciplina adotada desde o início da pandemia. “Continuamos seguindo o isolamento social o máximo possível, tomando todos os cuidados necessários na rotina, desde o uso constante de máscaras e álcool gel, até o trabalho em home office e teleconferências. E assim pretendemos seguir até que se apresente uma vacina. Os números se mantem muito altos e não é momento de arriscar, mesmo diante da flexibilização permitida pelos governos em socorro da economia.” Moura Junior mora em São Paulo, maior cidade do país e que tem adotado progressivamente a flexibilização. Para Mourinha, “flexibilizada a quarentena ou não, vemos ainda um grande número de infectados e a conscientização, a autoproteção até como respeito ao outro, são essenciais para que se melhorem esses números”.

Um dos índices importantes a se considerar é a taxa de contágio, que mede a quantas pessoas um paciente infectado pode transmitir a doença. No Brasil, esse número varia de acordo com a região, de 0,5 a 1,5, atualmente. A média nacional é de 1,01, que, apesar de não ser um resultado ruim, significa que a doença ainda está se alastrando. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), somente taxas abaixo de 1.0 demonstram o controle da doença.

Até lá, as recomendações seguem as mesmas, distanciamento, máscara, higienização das mãos e que se evite aglomerações, essa conscientização é que levará o país a superar a maior crise sanitária já vista. Ainda não é chegada a hora de relaxar os cuidados.

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