Mama densa: combinação de exames de imagem é mais eficaz no diagnóstico do câncer de mama

São Paulo – SP 13/2/2020 –

Segundo estudos americanos, aproximadamente 50% das pacientes que fazem mamografia apresentam mamas densas, ou seja, com grande quantidade de tecido glandular. Apesar de ser uma condição normal e comum, o tecido mamário denso exige atenção em muitos casos, pois pode dificultar o diagnóstico de possíveis nódulos e de alguns outros achados suspeitos de câncer de mama. No entanto, especialistas observam que uma combinação de exames de imagem pode superar esse problema.

De acordo com o dra. Ana Lúcia Kefalás Oliveira, coordenadora da Comissão Nacional de Mamografia (CNM) do Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem (CBR), o termo “mama densa” diz respeito à aparência do tecido mamário exibido na mamografia. “A mama é constituída de tecido glandular, ductos, tecido de sustentação – que corresponde à área densa exibida na mamografia – e tecido adiposo, que corresponde à área não densa. Em outras palavras, a mama densa acontece quando, na mamografia, é visualizado mais tecido denso do que adiposo”, explica.

As mamas são classificadas em quatro níveis de densidade, segundo o Breast Imaging Reporting and Data System (BIRADS), que é uma sistematização internacional para a avaliação mamária, interpretação do exame e confecção dos laudos de exames de imagem específicos da mama. São elas:

· mamas predominantemente adiposas (cerca de 10% dos casos);

· mamas com densidades fibroglandulares esparsas (cerca de 40% dos casos);

· mamas heterogeneamente densas, que pode ocultar pequenos nódulos (cerca de 40% dos casos);

· mamas extremamente densas, o que diminui a sensibilidade da mamografia (cerca de 10% dos casos).

Os dois últimos tipos estão relacionados com as mamas densas.

“Na mamografia, o tecido denso apresenta uma coloração branca, o que dificulta a identificação dos nódulos ou de outros achados em seu interior que podem obscurecer o câncer de mama. No entanto, vários métodos de imagem facilitam e complementam o diagnóstico por imagem de pacientes com esse padrão de mama”, esclarece a dra. Ana Lúcia.

A causa da condição ainda não é clara para a ciência, embora já seja observado que os grupos mais afetados são mulheres mais jovens, mulheres com menor índice de massa corpórea e mulheres em uso de reposição hormonal.

Para se prevenir da melhor forma, a mamografia digital – o mais recente avanço tecnológico – é mais eficiente e mostra mais detalhes do que a analógica. Os principais métodos suplementares incluem:

· tomossíntese (mamografia 3D);

· ultrassonografia mamária;

· ressonância magnética.

A ultrassonografia é o método mais utilizado para a complementação do diagnóstico nas mamas densas, por ter maior facilidade de acesso e menor custo e poder detectar de dois a quatro cânceres adicionais a cada mil mulheres”, comenta a dra. Ana Lúcia.

Embora a mama densa, por si só, não seja indicação para se optar pela ressonância magnética, o exame de imagem mostra eficácia em alguns casos, como quando há achados palpáveis nos quais a mamografia e a ultrassonografia não identificaram a lesão. Um estudo recente demonstrou que a utilização da ressonância magnética na avaliação das mamas extremamente densas reduz significativamente o número de carcinomas de intervalo quando comparado com a mamografia digital sozinha.

A CNM recomenda que a avaliação conjunta – mamografia e ultrassonografia – deve ser considerada para as pacientes com a mama densa e para os casos em que a mamografia isoladamente não foi capaz de definir a etiologia, como derrame papilar, nódulo palpável, retração de papila e pacientes com menos de 35 anos, entre outras indicações.

Apesar dos empecilhos, não há motivo para temer: a especialista afirma que, se a mama for densa e a paciente não tiver outros fatores de risco pessoais ou familiares para o desenvolvimento do câncer de mama, a mamografia digital como exame de rotina anual é um bom método. A maioria das organizações de saúde e serviços privados recomendam iniciar a mamografia aos 40 anos e repetir o rastreamento anualmente para todas as mulheres, inclusive as pacientes com mama densa. Já para aquelas de alto risco, a mamografia deve ser iniciada 10 anos antes da idade em que surgiu o câncer na parente de primeiro grau, mas não antes dos 25 anos.

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