Mitos e verdades sobre o recall: o que é preciso saber para salvar uma vida

11/12/2020 –

Existem muitas pessoas que evitam o uso de determinados termos por causa da carga negativa contida neles. Tem pessoas que não pronunciam palavras como “câncer”, “azar” ou até mesmo “Diabo”.

Existem muitas pessoas que evitam o uso de determinados termos por causa da carga negativa contida neles. Tem gente que não pronuncia palavras como “câncer”, “azar” ou até mesmo “Diabo”. São crendices populares, é claro, mas é bom se lembra que até muito pouco tempo atrás o recall automotivo – o mais famoso entre todos os recalls – sofria um tratamento bem parecido por parte dos envolvidos, sendo praticamente assunto proibido por parte das montadoras e, também, da rede de concessionárias. O legado disso foi que o brasileiro não adquiriu o hábito de atender aos chamados para reparar os defeitos de fabricação.

Olhando para o cenário atual e para esse legado da desinformação, é possível analisar que hoje há um misto da falta de conhecimento com falta de responsabilidade. Em julho de 2019, o governo federal passou a permitir a publicidade de recalls na internet, o que é grande avanço, mas não pode-se perder de vista quão recente é essa medida e quantos anos de cultura de que “recall não é nada urgente” é preciso deixar para trás. A postergação dos reparos ainda é hábito no Brasil; esse costume – auxiliado pelas informações ainda precárias sobre o assunto – já causou duas vítimas fatais em 2020, devido ao caso dos airbags mortais tão propagado na mídia.

A grande mídia, aliás, seria aliada importante para a mudança de mentalidade, e ela, como um todo, vem cumprindo essa função, porém ainda se restringindo a casos extremos, como (além da divulgação do caso dos airbags) a decisão judicial a favor dos proprietários do Fiat Tipo, 20 anos depois; e, mais recentemente, quando o Novo Ônix, da Chevrolet, estava pegando fogo nas ruas brasileiras e o recall foi lançado urgentemente para sanar um problema no software do carro.

É difícil colocar o Brasil em um tipo de “ranking dos países que menos se atentam aos recalls”, mas é fato que, aqui, as informações mais precisas sobre o assunto são muito recentes e isso somado a algumas doses de irresponsabilidade faz com que muita gente não enxergue a importância de se atender a esses chamados e andar com toda a manutenção do carro em dia.

Já teve a curiosidade de verificar se o carro tem recall pendente? A democratização da informação sobre o recall está disponível em alguns sites de montadoras e em aplicativos gratuitos para smartphones, ficando ainda mais fácil manter a segurança e das pessoas ao redor.

*Vinícius Melo é CEO do Papa Recall, aplicativo de alerta e informações sobre recalls.

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