16/12/2020 –
Não há dúvidas de que a gestão ocupa papel central para o sucesso de qualquer empresa. Somente aquelas que administram corretamente os processos conseguem se destacar no mercado em que atuam. Sem gestão, uma organização pode até crescer rapidamente, mas dificilmente sobreviverá à primeira crise. A questão é que essa tarefa também exige atualização e preparação dos empreendedores. Há novos conceitos e metodologias que surgem pelo mundo, acompanhando a evolução tecnológica e oferecendo novas ideias. Uma delas é a técnica OKR, cada vez mais popular em diferentes segmentos.
A sigla é proveniente de objectives and key results (objetivos e resultados-chave, em tradução livre) e é uma metodologia de gestão muito utilizada no Vale do Silício. Em linhas gerais, pode-se dizer que se trata de uma fórmula que define aonde a empresa quer chegar (os objetivos) e como vai mensurar o desempenho até chegar ao destino (com o conjunto de resultados-chave). O conceito ficou famoso em todo o mundo por ajudar no crescimento do Google na virada do século, ter simplicidade de implantação e poder ser utilizado tanto por pequenas empresas quanto por gigantes de qualquer segmento.
Como era de se esperar, a gestão OKR já está consolidada em diversos países, principalmente nos Estados Unidos com as empresas de tecnologia. No Brasil, já é realidade no mercado nacional, mas ainda não é utilizada em plenitude. Isso porque muitas organizações do país ainda pecam em questões essenciais. O grande erro é imaginar que OKR seja simplesmente uma técnica de administração de processos. Na verdade, ela é passo para transformação cultural nas corporações. Sem uma preparação prévia, ela não vai funcionar tão bem como deveria. Ou seja, a alta liderança se esquece de alinhar o propósito da companhia com os objetivos a serem traçados e as expectativas dos colaboradores.
Portanto, OKR deve ser encarada, acima de tudo, como mudança de cultura organizacional. Dessa forma, deve-se relacionar esse método com as pessoas, e não com os processos. O segredo é entender que, para dar treinamentos sobre o tema, é essencial saber não apenas como aplicá-lo na gestão da empresa, mas compreender as pessoas que irão utilizá-lo no dia a dia. Em outras palavras: é necessário descobrir se as pessoas estão preparadas para isso, do nível mais baixo ao mais alto da estrutura organizacional.
Mudar a cultura da organização para impactar positivamente o negócio e obter crescimento sustentável é um imperativo para a maioria das companhias brasileiras. Pesquisa da consultoria PwC mostra que praticamente três em cada quatro empresas (73%) admitem essa necessidade.
A questão é como fazer isso. No caso do OKR, a maioria não se preocupa em fazer um estudo do zero de como validar, consolidar e desdobrar a estratégia. Elas simplesmente querem transformar o que as equipes estão desenvolvendo nos resultados-chave e realizar uma mensuração em cima disso, sem se preocupar se os objetivos traçados estarão alinhados com o propósito da empresa.
Entretanto, quando o assunto é técnicas modernas e eficientes de gestão, o OKR encabeça essa lista. Cuidar de um negócio atualmente é bem diferente do que era há trinta ou quarenta anos. Logo, não dá para gerir uma empresa da mesma forma que a geração anterior. A boa notícia é que, independentemente da complexidade do desdobramento estratégico da organização, essa fórmula se diferencia por ter aplicação e mensuração bem simples. Dessa forma, o empreendedor consegue conhecer o caminho que ele precisa seguir para alcançar o sucesso que tanto deseja.
*Rodrigo Aquino é Head de Lean Transformation, da Lean IT, é especializada em consultoria e treinamentos a partir da adaptação dos conceitos originados da filosofia Lean e do Sistema Toyota de Produção para a área de TI - [email protected]