Telemedicina, qual o legado deixado pela covid-19 para o negócio

14/7/2020 –

Essa dificuldade de acesso dos pacientes aos profissionais, no entanto, não apareceu somente agora

A aceleração da revolução digital é, até o momento, o grande legado da pandemia de covid-19 para a maioria dos mercados mundiais. No Brasil não é diferente. Muitas empresas e profissões que viam os meios digitais como cenários futuros ficaram defasadas em um pequeno intervalo de tempo e passaram a buscar alternativas. A pandemia impactou diretamente a relação médico-paciente, pois fez com que muitos consultórios, clínicas e hospitais suspendessem o atendimento presencial, limitando o acesso dos pacientes aos profissionais de saúde por medo de exposição e contaminação.

Essa dificuldade de acesso dos pacientes aos profissionais, no entanto, não apareceu somente agora. Sabe-se que neste país de dimensões continentais há distribuição desproporcional de profissionais de saúde por habitante – a chamada densidade médica. Em algumas regiões, pacientes se deslocam por muitas horas e vários quilômetros para conseguir uma consulta com um especialista. Por vezes, esse contato se dá para um pedido de exame, nova receita, ajuste de dose de medicação ou até mesmo para um simples retorno.

Para vários casos, o atendimento médico virtual traria inúmeros ganhos para todos os players do sistema, com diminuição de custos para a área de saúde e pacientes, agilidade no atendimento, acesso a novos tratamentos, discussão de casos de maior complexidade entre profissionais generalistas e especialistas bem como otimização do atendimento em centros de referência, entre outros.

A discussão em torno da telemedicina é antiga, e a covid-19 só fez com que o assunto retornasse à pauta de maneira prioritária. Tanto que o Conselho Federal de Medicina regulamentou a telemedicina como forma de assistência médica a distância em 19 de março e o Ministério da Saúde publicou, em 23 de março, a Portaria nº 467, autorizando o uso de telemedicina para atendimento de pacientes. Em ambos os casos, a regulamentação é válida apenas durante o período de emergência da pandemia.

Esta nova realidade fez os profissionais de saúde acelerarem a adaptação e as plataformas de mercado terem rápida evolução para incorporar outros serviços. Notícias recentes na mídia reportaram crescimento de mais de 600% no atendimento virtual em alguns hospitais e de dez vezes no número de atendimentos de convênios por teleconsulta, quando comparado ao período pré-pandemia.

Plataformas de telemedicina, que buscavam espaço no mercado, chegaram a relatar a inclusão de mais de mil médicos novos em 24 horas. Segurança, confidencialidade, qualidade de transmissão, serviços agregados, conectividade e praticidade são apenas alguns dos pontos discutidos neste momento de adaptação.

A expectativa do mercado é que as regulamentações se mantenham ao término do período emergencial. Assim, telemedicina, teleconsulta, teletriagem, prescrição digital e plataformas de agendamentos estarão interligadas com convênios médicos e instituições financeiras para pagamento eletrônico e também com redes de farmácias para dispensação de medicamentos, compras programadas e entrega por delivery.

Outro player que deve acelerar a interconectividade com a telemedicina é a indústria farmacêutica, com a divulgação de informações científicas, bulas, programas de adesão e suporte a pacientes e inícios de tratamento por meios eletrônicos.

Este é, sem nenhuma dúvida, um caminho sem volta, pois o interesse e o benefício ocorrerão para todos os players envolvidos na jornada de diagnóstico e tratamento, e não somente neste momento emergencial.

*Mario Lucas Cacozza é Gerente de Soluções da InterPlayers, o hub de negócios da Saúde e Bem-Estar. https://www.interplayers.com.br/

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