Memes ganham espaço no marketing político

A linguagem dos memes, marcada pelo humor, ironia e velocidade de disseminação, tem se consolidado como ferramenta de comunicação política nas campanhas eleitorais contemporâneas, conforme destacou o ministro da SECOM do Governo Federal, Sidônio Palmeira. Utilizados tanto para mobilizar apoiadores quanto para atacar adversários, os memes passaram a ocupar um lugar estratégico nas disputas políticas, especialmente nas redes sociais.

Embora popularizados com a internet, os memes têm origem anterior ao mundo digital. O termo foi cunhado pelo biólogo britânico Richard Dawkins em 1976, em analogia ao gene, para descrever unidades culturais que se replicam e se adaptam ao longo do tempo. Nas últimas décadas, essa definição foi ressignificada e incorporada pela cultura on-line para designar conteúdos — como imagens, vídeos e frases — que se espalham rapidamente entre usuários.

Na análise do estrategista político e professor Yuri Almeida, os memes cumprem uma função de síntese e pertencimento na ambiência digital. “Essa linguagem, caracterizada por camadas de informação e humor, atende a uma lógica de construção de identidade, especialmente relevante em contextos polarizados. Nas eleições brasileiras de 2026, as estratégias de desconstrução do adversário serão ainda mais fundamentais, pois mobilizam emoções e sentimentos”, afirma.

De acordo com Yuri Almeida, “o uso político dos memes não é recente, mas ganhou novo impulso com a consolidação das redes sociais. A campanha de Barack Obama, em 2008, nos Estados Unidos, é frequentemente apontada como uma das primeiras a integrar esse tipo de comunicação. No Brasil, os memes passaram a ter maior protagonismo a partir das eleições de 2014, quando passaram a circular de forma mais articulada nas plataformas digitais”, contextualiza. Segundo Almeida, campanhas investem cada vez mais na criação e no incentivo à circulação de memes, por meio de equipes próprias ou de redes de apoiadores. “O objetivo é construir ou desconstruir a imagem de candidatos, persuadir eleitores e reforçar determinadas visões de mundo”, explica.

O especialista também chama atenção para os limites éticos dessa prática. “É preciso cuidado com o uso do humor, evitando estereótipos, ofensas e ataques pessoais. O humor político deve criticar o poder, e não humilhar indivíduos. O fenômeno dos memes políticos, ao mesmo tempo em que amplia o alcance da comunicação eleitoral, também impõe desafios quanto à veracidade das informações e ao respeito aos direitos individuais. O debate sobre os limites entre sátira, desinformação e discurso de ódio segue como um dos temas centrais na regulamentação das campanhas em ambiente digital”, ressalta.

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