Salvador/BA 14/6/2013 – “Apenas os homens livres podem negociar. Os prisioneiros não fazem contrato.” disse Nelson Mandela na Prisão de Polismoor, 1985.
Desde sábado passado permanece internado, o líder negro da luta contra o Apartheid, o ex-presidente da África do Sul, Nelson Mandela, 94 anos, o mesmo está internado na unidade de tratamento intensivo para tratar de uma infecção pulmonar, em um hospital de Petrória, a capital administrativa do país, seu estado de saúde é considerado grave, mas estável, segundo fontes do governo.
A noticia da internação foi recebida com orações e como uma grande reflexão pelos sul-africanos “estará chegando à hora do herói da luta contra o Apartheid partir?”, a comoção toma conta do povo nas ruas e redes sociais, pela idade avançada que tem Mandela. Os médicos afirmam que estão fazendo de tudo pelo seu restabelecimento.
É do conhecimento de todos, os problemas enfrentados por Nelson Mandela desde os tempos de prisão (onde contraiu a doença) e que em 1998 teve diagnostico de tuberculose. Desde 2012 quando o quadro se agravou, que Mandela luta “agora” contra as infecções pulmonares que provocaram várias internações hospitalares. Em nota a Fundação Tutu baseada na cidade de Hartford no estado norte-americano de Connecticut, presidida pelo Bispo Desmond Tutu, 81 anos, Prêmio Nobel da Paz 1994, agradeceu a Deus pela extraordinária dádiva de Mandela e desejou força a família.
Democracia
Mandela passou 27 anos da sua vida preso, foi libertado em 11 de fevereiro de 1990, desses, 18 anos foram na prisão de segurança máxima de Robben Island, uma ilha situada em frente da Cidade do Cabo. Dezesseis anos depois das primeiras eleições multirraciais que elegeram Mandela, 43% do povo sul-africano ainda vivem com US$ 2 por dia. Mesmo assim as mudanças políticas foram radicalmente positivas. As leis segregacionistas foram abolidas, a democracia foi estabelecida e o país adotou uma das constituições mais liberais do mundo. Desde a estabilidade política que garantiu até 2009, um crescimento econômico fez da África do Sul um gigante do continente africano, permitindo financiar ajudas sociais a milhões de pessoas, dentre outros projetos,
Uma trajetória de herói
Nelson Rolihlahla Mandela nasceu no dia 18 de julho de 1918, em 1934 inicia o curso de direito. Um ano depois foi expulso, por protestos contra a política universitária; em 1950 é decretado o regime Apartheid, em 1960 começa os confrontos entre manifestantes negros e a polícia com 69 mortos. Mandela começa a sua militância e apoio a luta armada; em 1964 é preso e condenado a prisão perpetua, acusado de sabotagem; em 1974 o governo amplia as leis do Apartheid, forçando negros a morar em guetos, mesmo com as sanções da ONU; em 1990 é revogada a lei que segrega negros e brancos em locais público; ainda em 1990 Nelson Mandela é libertado, 27 anos depois; em 1993 divide o Prêmio Nobel da Paz com o último ex-presidente branco da África do Sul Frederik Klerk, que foi quem ordenou a sua libertação; em 1994 é eleito primeiro presidente negro da história da África do Sul, na primeira eleição livro da vida política daquele país; em 1999 deixa a presidência e passa a se dedicar à luta contra a AIDS e em 2004 aos 85 anos anuncia o seu afastamento da vida pública. Mandela foi casado por três vezes , com a primeira mulher Evelyn Mase, a segunda Winnie Mandela e a terceira Graça Machel, com quem vive até hoje. Nelson Mandela é advogado, ex-líder rebelde, considerado como o mais importante líder da África Negra e Pai da Pátria, da moderna nação sul-africana. Em sua homenagem a ONU instituiu o “Dia Internacional Nelson Mandela” no data do seu nascimento, como forma de valorizar em todo o mundo a luta pela liberdade, pela justiça e pela democracia.
Obras literárias que tive o prazer de ler “Nelson Mandela a Luta é a minha vida” Ed. Globo – RJ/1988 4ª Edição, tradução de Celso Nogueira e “Parte de Minha Alma” Ed. Rocco – RJ/1986 de Winnie Mandela organizado por Anne Benjamin e tradução de Luiza Ribeiro e “Os Grandes Lideres Winnie e Nelson Mandela” Ed. Nova Cultural-SP/1988 de John Vail.
Roberto Leal
Jornalista
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