9/10/2019 –
Aumento dos casos de sarampo acende alerta para a falta de acompanhamento vacinal entre a população adulta
Um ano depois do surto de febre amarela, os brasileiros foram convocados a tomar a vacina contra o sarampo, doença grave e altamente contagiosa causada por um vírus. De acordo com o Ministério da Saúde, no período de janeiro a 14 de setembro de 2019 foram confirmados 4.476 casos. Para frear o avanço do vírus, a vacina é a principal forma de prevenção. No entanto, o tema ainda gera uma série de dúvidas, principalmente na fase adulta – quando o acompanhamento da série vacinal não costuma ser tão rígido.
Mas engana-se quem pensa que os adultos estão livres da doença. Pelo contrário. De acordo com o último boletim epidemiológico do Ministério da Saúde, embora consideravelmente mais prevalente em crianças, cerca de 54% dos casos confirmados de sarampo no Brasil entre 23/06 a 14/09 ocorreram em pessoas com mais de 20 anos – faixa que concentra o maior contingente populacional. Foi visando alcançar esse público que a Amil, uma das maiores operadoras de saúde do Brasil, acaba de disponibilizar em seu aplicativo uma funcionalidade para que os usuários registrem seu histórico de vacinas direto no celular, reforçando o controle da própria imunização.
Para o médico de família e diretor do Programa Amil de Atenção Primária, Nulvio Lermen, a falta de monitoramento das vacinas por parte da população adulta é uma questão cultural. “As campanhas de vacinação geralmente são voltadas para as crianças e é comum que os adultos, por terem uma agenda cheia, e na ausência de alguém que monitore sua imunização, acabem deixando esse controle de lado. Mas o risco de contrair o sarampo existe em todas as faixas etárias e, por isso, é importante que todos, independentemente da idade, tenham certeza de que estão com as vacinas em dia”, explica o médico.
O imunizante contra o sarampo está incluído tanto na vacina tríplice viral quanto na tetraviral. De acordo com o Ministério da Saúde, se o adulto tomou apenas uma dose da vacina até os 29 anos de idade, recomenda-se completar o esquema vacinal com a segunda dose da vacina. Quem comprova as duas doses da vacina do sarampo não precisa se vacinar novamente. “O acompanhamento das doses já tomadas é muito importante pois caso o adulto não se lembre se já se vacinou vai precisar tomar duas doses, se tiver até 29 anos, ou uma dose, se tiver entre 30 e 49 anos. Quem tem mais de 50 anos provavelmente já tomou alguma dose ao longo da vida ou até já entrou em contato com a doença, por isso essa população não é o foco das campanhas de imunização”, acrescenta o médico.
A digitalização dos dados de saúde em um aplicativo já é um projeto do próprio Ministério da Saúde. Mas enquanto não há um registro universal, clientes de planos de saúde podem se beneficiar desse serviço caso suas operadoras ofereçam a opção de registro, como é o caso da Amil. “O registro é importante para controle individual e também para a otimização dos recursos públicos. Mas, na dúvida, o ideal é se vacinar novamente”, complementa.
A taxa de complicações e óbito causados pelo sarampo é extremamente variável – no entanto, é maior em adultos acima de 20 anos, crianças menores de 5 anos, gestantes, pessoas com comprometimento da imunidade, desnutridas ou com deficiência de vitamina A e nas pessoas que residem em situações de grandes aglomerados. Na idade adulta, os sintomas do sarampo são os mesmos que na infância: febre acompanhada de tosse, irritação nos olhos, nariz escorrendo ou entupido e mal-estar intenso. Após três a cinco dias também podem aparecer outros sinais, como manchas vermelhas pelo corpo.
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