Arie Halpern: tecnologia não é a bala de prata que fará a vida voltar ao normal

14/4/2020 – É esperado que a tecnologia nos ajude a monitorar as pessoas que se expõem ao risco de contrair o novo coronavírus.

Os dados e tecnologias de geolocalização são instrumentos fundamentais, mas não substituem o conhecimento e as percepções de quem está lidando com os fatos reais.

Acuados por uma pandemia que fez com que milhões de pessoas no mundo mudassem suas rotinas e hábitos em questão de semanas, foi criado o compreensível desejo de que uma solução rápida resolva um problema de saúde global. Habituados aos avanços que nas últimas décadas solucionaram uma série de limitações e descomplicaram a vida, também compreensivelmente esperar da tecnologia a chave que possibilitará a vida normal.

É esperado que a tecnologia ajude a monitorar as pessoas que se expõem ao risco de contrair o novo coronavírus, que ela dê suporte aos serviços de saúde para que consigam atender o grande número de contaminados e que diga rapidamente se o que sentem são sintomas da Covid-19.

Desde o início do surto, a tecnologia tem de fato contribuído muito para lidar com o problema. Usando inteligência artificial, a empresa canadense BlueDot alertou seus cliente sobre a doença antes mesmo da Organização Mundial da Saúde (OMS) baseada na análise de milhares de relatórios e artigos de networks de saúde em 65 idiomas.

Com o uso de big data, autoridades públicas calculam o risco de contágio baseado no histórico de deslocamento e no tempo que as pessoas permanecem em locais críticos. Algoritmos monitoram o comportamento usando sistemas de geolocalização que medem o índice de isolamento social e drones que transportam suprimentos médicos para locais remotos são alguns exemplos, sem mencionar a tecnologia usada para o trabalho remoto e reuniões virtuais que garantem a continuidade do trabalho e a segurança de muitos de nós.

Os bilhões de dados que serão gerados online e a conexão por meio de smartphones e outros dispositivos são extremamente úteis, não só no campo da saúde, mas também na economia, seja na manutenção da atividade ou na previsão e busca de soluções para os problemas. Mas mesmo os dados têm limites e não se pode pensar que a tecnologia é a bala de prata que fará a vida voltar ao normal.

Os dados e tecnologias — algoritmos, geolocalização, identificação facial etc. — são instrumentos fundamentais, mas não substituem o conhecimento e as percepções de quem está lidando com os fatos reais nem tomam decisões por si só.

Não é sabido como será a realidade num futuro próximo. Talvez será necessário usar serviços de monitoramento antes de embarcar em aviões, entrar em locais de grande movimento ou no transporte público. Ou muitos lugares passem a ter termômetros com luz infravermelha, monitores de sinais vitais ou mesmo, em vez de mostrar documento, será necessário mostrar o comprovante de vacinação. Mas, certamente, haverá adaptação ao “novo normal” e toda a população estará melhor preparada para situações de crise.

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