Dúvidas e mais dúvidas, quando o assunto é amamentação!

São Paulo-SP 25/6/2013 – Hoje, se defende a ideia de desmame natural, ou seja, sem especificar uma idade mínima ou máxima para que isso ocorra

Apoio às mães que amamentam: próximo, contínuo e oportuno! Este é o tema global da Semana Mundial de Aleitamento Materno (SMAM 2013), que busca valorizar a importância dos círculos de apoio à amamentação: a família e a rede de apoio social, o sistema de saúde, os locais de trabalho e emprego, os governos e a legislação e as respostas às crises ou situações de emergências.

“Apesar da importância do tema, da evolução da ciência favorecendo pesquisas e novas descobertas e de cada dia mais termos a certeza dos benefícios do aleitamento materno, quase que diariamente temos que travar uma luta para que as mulheres continuem amamentando, e ainda assim, com resultados finais pouco animadores”, afirma o pediatra Moises Chencinski (CRM-SP 36.349), defensor da prática do aleitamento materno exclusivo (AME) da primeira hora de vida até o 6º mês, em livre demanda, estendido por até 2 anos ou mais, recomendada pela OMS, pela UNICEF, pelo Ministério da Saúde e pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP).

Segundo Chencinski, é muito importante marcar a Semana Mundial de Aleitamento Materno com um debate público sobre o tema, “pois, comumente observo, ao primeiro sinal de dificuldade, mães e profissionais de saúde optarem por complementar ou até mesmo substituir o leite materno por leites artificiais ou fórmulas infantis, em detrimento da promoção da saúde da criança e da prevenção de quadros comuns nos dias de hoje como alergias alimentares, obesidade infantil, anemia dentre outros”, diz o pediatra, que também é autor do Blog Mama que te faz bem.

A seguir, o médico reuniu algumas dúvidas sobre o tema, recolhidas ao longo de mais de três décadas de prática clínica. Confira:

01) A amamentação é um presente maravilhoso tanto para a mulher, quanto para o bebê. Muitas mães sentem imensa satisfação e alegria com a comunhão física e emocional que a experiência proporciona. Estes sentimentos são ampliados pela liberação de hormônios como a prolactina, que produz uma sensação de paz e carinho que permite a mãe relaxar e se concentrar no filho, e ocitocina, que promove um forte sentimento de amor e apego entre mãe e filho. Estes sentimentos agradáveis podem ser uma das razões pelas quais tantas mulheres que amamentaram seu primeiro filho optam por amamentar também os filhos que seguem?

Dr. Moises Chencinski – Sem dúvida, uma experiência bem sucedida pode gerar um hábito favorável no caminho do aleitamento materno. E, mais do que isso, pensando-se até na Semana Mundial de Aleitamento Materno desse ano, a importância dessas mães na transmissão de suas experiências a outras mães que ainda estão em dúvida ou com dificuldades em amamentar. É muito mais comum e mais fácil ouvirmos as experiências negativas, os problemas e muito pouco se comenta a respeito das boas experiências, dos sentimentos de amor e doação envolvidos no aleitamento.

02) Uma das vantagens da amamentação exclusiva – sem água, suco, fórmulas, sólidos ou outros suplementos para o bebê – é que ela reduz significativamente a chance de engravidar novamente durante os primeiros seis meses após o parto porque atrasa a retomada dos ciclos ovulatórios. Se o bebê tem menos de seis meses de idade e a menstruação da mulher ainda não está regularizada, quais são as chances dela engravidar novamente, mesmo sem o uso ativo de métodos contraceptivos?

Dr. Moises Chencinski – Essa chance existe, apesar de estar reduzida. É fundamental que se receba a orientação pós-natal ginecológica, assim como a regularidade das avaliações do pré-natal, com aconselhamento de alimentação, vacinação, cuidados e o estímulo ao aleitamento materno. Mesmo amamentando, ainda há o risco de engravidar novamente. Assim, deve-se seguir as recomendações obtidas em consultas pós-parto com o obstetra / ginecologista até mesmo para receber uma orientação anticoncepcional adequada nessa fase.

03) É preciso acabar com o mito que o tipo de parto – natural ou cesárea- interfere na produção de leite da mãe. Como é especialmente importante iniciar o aleitamento materno o mais cedo possível, qual a recomendação para as mães que receberam anestesia e medicamentos para a dor, elas podem amamentar logo após o parto?

Dr. Moises Chencinski – Qualquer mãe que não tenha tido qualquer tipo de problema em sala de parto que a impossibilite de amamentar pode e deve oferecer os seios para seus bebês recém-nascidos desde a primeira hora de vida. Para isso é importante contar com o apoio do pai, até na sala de parto, para que ele possa, desde esse momento, se envolver no vínculo que será muito favorável ao aleitamento. Há estudos que comprovam a influência positiva do apoio e suporte do pai no aumento da duração do aleitamento materno exclusivo.

04) Não é surpreendente que a experiência do parto, seguida de uma quantidade significativa de privação de sono e da vivência de uma nova estrutura familiar possa modificar o relacionamento do casal. Muitos pais são surpreendidos pelas mudanças em seus sentimentos e sobre o seu desejo de contato sexual. Algumas mães que amamentam (e seus parceiros) experimentam diminuição do desejo sexual durante certas fases da maternidade, enquanto outras experimentam mais desejo. Qual a regra para esses casos?

Dr. Moises Chencinski – Não há uma regra para esse tipo de situação. Cada uma delas deve ser avaliada e conversada. Nesse momento, o foco da vida da mãe é seu bebê. Se o pai se envolve nessa fase, tanto dando o apoio adequado ao aleitamento, quanto estreitando os vínculos familiares, comparecendo, por exemplo, às consultas pediátricas para se inteirar do crescimento e do desenvolvimento de seu bebê, essa fase poderá ser ultrapassada sem riscos ao relacionamento do casal. Quando ambos estiverem preparados (marido e mulher), e eles com certeza estarão, a volta à atividade sexual será um passo natural.

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