Felipe Montoro Jens reporta conclusões do novo Centro de Estudos de Transportes da FGV a respeito dos investimentos na infraestrutura brasileira

4/9/2019 –

O estudo FGV Transportes abrange dados de diversas vias de deslocamentos — rodovias, ferrovias, portos, aeroportos e hidrovias

De acordo com levantamento realizado pelo mais novo Centro de Estudos de Transportes, da Fundação Getulio Vargas — o chamado FGV Transportes — os investimentos do Brasil na infraestrutura de transporte este ano deverão somar (se tudo que foi previsto for, de fato, feito) 0,32% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. Trata-se do número mais baixo dos últimos dez anos (entre os anos de 2008 e 2018) — inclusive menor que o número de 2010, que foi de 0,85% do PIB, salienta o especialista em Projetos de Infraestrutura, Felipe Montoro Jens.

O estudo FGV Transportes abrange dados de diversas vias de deslocamentos — inclui rodovias, ferrovias, portos, aeroportos e hidrovias — e aponta que são necessários para o país aportes anuais na ordem de 2,5% do PIB. A análise também ressalta que, para fazer a recuperação e a manutenção das vias existentes, são necessários adicionalmente 3,0% do Produto Interno Bruto e que, fazendo a aplicação de recursos acima desse patamar, o Brasil já conseguiria expandir a sua rede de infraestrutura.

Entretanto, o que está acontecendo na última década, na verdade, é um movimento de desinvestimento. Felipe Montoro Jens reporta que, de acordo com um dos coordenadores do FGV Transportes, Marcus Quintella, mesmo o país tendo uma base grande de infraestrutura, a qualidade do sistema não é boa e está se deteriorando.

“O país tem a quarta maior malha rodoviária do mundo, com 1,6 milhão de quilômetros, porém apenas 13,7% são pavimentados — 57% das estradas estão em condições ruins ou péssimas. Já a malha ferroviária é a décima maior do mundo, com 30 mil quilômetros, mas apenas 10 mil quilômetros são explorados, com concentração no escoamento de minérios e derivados. Há 137 portos e terminais, dos quais apenas 45 têm conexão internacional, mas com graves deficiências”, pontuou Quintella.

Iniciativa privada

Outro ponto destacado pelo levantamento do Centro de Estudos de Transportes da Fundação Getulio Vargas foi que, desde 2014, os investimentos públicos no sistema de infraestrutura desabaram, e quem tornou-se o principal investidor foi a iniciativa privada. O aporte privado, contudo, também está em queda, sendo que entre os principais motivos para tal retração pode-se destacar o forte sistema de regulação que, em tempos de crise fiscal e econômica, desestimula o capital privado.

No que se refere aos números, dos 0,32% do PIB previstos em investimento na área de infraestrutura, 0,15% deverão ser de recursos públicos e 0,17% de recursos privados, ressalta o especialista Felipe Montoro Jens.

Sistema rodoviário

63% da carga do Brasil é movimentada por rodovias e, conforme o levantamento do FGV, o sistema rodoviário é, de fato, o que mais recebe recursos. Entretanto, ainda assim, tratam-se de investimentos muito abaixo do necessário.
Observa-se, por exemplo, que o quilômetro pavimentado no Brasil diminuiu nos últimos anos, o que gera consequências como o aumento do custo logístico, bem como danos aos veículos, perdas de carga, e, inclusive, gastos com saúde, em função dos acidentes. Outros pontos negativos desta conjuntura, apontados pelo levantamento, são o encarecimento do processo de exportação e dos produtos nos pontos de vendas ao consumidor e a perda de competitividade interna e externa.

Medidas possíveis

Felipe Montoro Jens reporta que, conforme o estudo da FGV Transportes, ainda que se tenha pouco dinheiro à disposição para investir, é fundamental que se planeje as grandes obras e, também, que se trabalhe para deixar pronto os projetos executivos para quando houver novamente verba disponível.
Outra recomendação da análise é que, enquanto os grandes projetos não conseguem sair do papel, sejam feitas pequenas intervenções e correções, que não necessitem de altos investimentos, mas que sejam capazes de gerar melhorias e, por consequência, revertam-se em receitas e aumento da produtividade.

Sobre o FGV Transportes

De acordo com o Portal FGV, o Centro de Estudos de Transportes da Fundação Getulio Vargas tem o propósito de ampliar, de forma interdisciplinar, o conhecimento sobre as questões brasileiras dos transportes de cargas e passageiros. “Seu objetivo é colocar a FGV como protagonista da discussão sobre transportes no Brasil, subsidiando a elaboração de políticas públicas, pesquisa aplicada, estudos, projetos e planos de ação para o desenvolvimento econômico, social e ambiental do país”, explicou o site.

O Portal destacou ainda que a estratégia de atuação do FGV Transportes será a aproximação com o setor de transportes — público e privado, de cargas e de passageiros — com a intenção de buscar, de maneira estruturada, o levantamento de temas para pesquisa aplicada, publicações, seminários, debates, notas técnicas, estatísticas, estudos e projetos, informa o especialista em Projetos de Infraestrutura, Felipe Montoro Jens.

Website: http://www.felipemontorojens.com.br

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