Métodos menos invasivos ganham espaço na cirurgia bariátrica

A cirurgia bariátrica é frequentemente considerada por médicos como uma alternativa terapêutica para casos de obesidade moderada a grave, especialmente quando há presença de condições associadas, como diabetes tipo 2, hipertensão, refluxo gastroesofágico e apneia do sono. De acordo com a Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM), o procedimento pode contribuir para a redução da inflamação crônica e auxiliar no controle da síndrome metabólica.

Tradicionalmente, esse tipo de cirurgia era feito por laparotomia — uma técnica aberta que exigia uma incisão extensa no abdômen. “Embora eficaz, o método envolvia maior risco de infecções, dor intensa no pós-operatório e um tempo de recuperação prolongado”, explica Dr. Carlos Godinho, no qual atua com foco em cirurgia bariátrica.

De acordo com a Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM), técnicas minimamente invasivas passaram a ser adotadas. Esses métodos têm se tornado cada vez mais populares entre pacientes e profissionais de saúde por permitirem incisões menores, menor risco cirúrgico e recuperação mais rápida, com retorno mais precoce às suas atividades.

Segundo a revista Medicina S/A, o Brasil realizou 68.530 cirurgias bariátricas em 2019, representando um aumento de 7% em relação a 2018. Apesar do crescimento, o acesso ao procedimento ainda é restrito. Em 2023, apenas 0,2% dos brasileiros com obesidade grave conseguiram realizar a cirurgia pelo Sistema Único de Saúde (SUS), destaca notícia divulgada pela SBCBM.

Entre as técnicas menos invasivas, destaca-se a videolaparoscopia, que utiliza pequenas incisões e uma microcâmera para guiar o procedimento. De acordo com matéria publicada na Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica, essa técnica permite uma segurança maior e uma recuperação mais rápida ao paciente. A cirurgia robótica também tem se expandido.

Dados da SBCBM apontam que, entre 2015 e 2018, houve um aumento de 200% no uso da técnica em cirurgias bariátricas, tanto para o método Sleeve quanto para o Bypass gástrico. A tecnologia proporciona maior precisão e controle ao cirurgião, resultando em menos complicações pós-operatórias.

Já a gastroplastia endoscópica, alternativa ainda mais recente, é feita sem cortes, por meio de um endoscópio que realiza suturas internas no estômago. Um estudo da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) revelou que a técnica tem eficácia de 87,5% na perda de peso sustentada, além de permitir alta no mesmo dia e retorno às atividades em menos de uma semana.

Segundo o cirurgião Godinho, “os métodos minimamente invasivos representam uma evolução significativa no cuidado com o paciente obeso, reduzindo o impacto físico do procedimento e permitindo um retorno mais rápido às atividades diárias”.

Apesar das vantagens, o acesso às técnicas mais modernas ainda é limitado, sobretudo na rede pública. A SBCBM defende maior investimento para ampliar o número de pacientes beneficiados com tratamentos seguros e eficazes.

“Publicações recentes revelam que os pacientes chegam a perder cerca de 70 a 80% do seu excesso de peso e apresentam controle mais de 80% das comorbidades associadas à obesidade. Com a ampliação das opções menos invasivas, a tendência é que cada vez mais pessoas tenham acesso a um tratamento eficiente contra a obesidade, com menos riscos e mais qualidade de vida no pós-operatório”, finaliza Dr. Carlos.

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