Muito além das Flores e Bombons – Como usar o Dia da Mulher para colocar um ponto final no assédio sexual nas empresas

São Paulo, SP 9/3/2020 – Respeito ao invés de flores e bombons. Por que as empresas não propõem isso às suas colaboradoras no Dia da Mulher e em todos os outros dias do ano?

O mês de março segue voltado a comemorações referentes ao Dia da Mulher e certamente que tais comemorações se fazem presente à rotina dos escritórios em alusão ao Dia da Mulher.

Seja uma grande ou pequena empresa, todas elas se organizam para garantir flores, bombons, algum tipo de profissional de beleza e estética, oferecem massagens, maquiagem e até ensaios fotográficos.

É uma atitude carinhosa e atenciosa com as colaboradoras, mas, ao mesmo tempo, uma atitude limitada e superficial diante de questões mais sérias envolvendo as mulheres no ambiente empresarial.

Uma era de atenção redobrada: Assédios em pauta

Não é segredo que casos de assédio moral e sexual existem, bem como a diferença salarial em cargos com mesma função entre sexos diferentes. Outro ponto é a atenção realmente interessada na rotina de mães que cuidam de suas famílias sozinhas, garantindo todo o sustento de seus filhos.

Muitas demissões surgem quando uma mulher precisa estar com seu filho ou filha em uma emergência. Infelizmente, até casos de ameaças e agressões físicas começam a ser registrados dentro de ambientes de trabalho. Inúmeras são as histórias de mulheres que não conseguem expor suas ideias numa reunião e precisam constantemente terem a mesma fala validada por alguém do sexo oposto para que o que foi dito seja levado em consideração.

Xingamentos, difamações, perseguições e transferências injustificadas também são bem comuns. Diversos pontos que tornam a entrega das rosas e bombons bem menos interessantes.

Reconfigurando a rota no Dia da Mulher no trabalho

É muito comum que as empresas tenham receio de abordar temas relacionados a assédios em seus espaços. Para uma abordagem eficaz e clara é necessário que se estabeleça um ambiente de confiança mútua, credibilidade e muitas vezes o compromisso com o sigilo.

Cuidar de temáticas referentes a assédio exige tato e responsabilidade e por mais que pareça complicado é delicado, se faz necessário. Vale lembrar: mesmo que não falemos de algo, esse algo pode continuar existindo. É assim com a problemática do assédio em ambientes empresariais. Não adianta desviar a atenção de algo sério e que precisa ser cuidado.

Quando há omissão, há também concordância com as ocorrências. É bom ter esse entendimento, quando a decisão é a de não estimular boas práticas e condutas respeitosas entre funcionários.

Quando a empresa decide não agir, escolhe um pacote de consequências. Ela é responsável pelo bem-estar de suas colaboradoras e por isso, garantir que haja informação, esclarecimento e providências em casos de assédio é obrigação.

Sair da rota do melindre em assuntos importantes e encontrar o caminho de resolução e da escuta ativa se faz cada vez mais urgente e necessário. Assédios configuram ambientes insalubres.

Em um primeiro olhar, parece até uma questão mais de contexto social e de grupos específicos que pauta de ambientes empresariais. No entanto, quando todo esse cenário de assédio e descaso se configura em um setor ou em toda a empresa, o impacto na saúde das colaboradoras logo é visível.

Desânimo, cansaço, desmotivação e estresse. Depressão, ansiedade, síndromes de pânico e tantas outras patologias ecoam. Afinal de contas, trabalhar em um ambiente insalubre do ponto de vista emocional não é indicado a ninguém. Insalubre não se refere apenas a uma ameaça sobre a saúde física de um trabalhador. É muito mais minucioso e profundo.

Todo ambiente que apresenta um agente agressivo entra nesta categoria. Saúde vai além do físico: envolve o emocional e esse emocional é capaz de tornar o corpo, de fato, um espaço de dor e doença. A preocupação aqui, que fique claro, não envolve unicamente o fato de que colaboradoras insatisfeitas e com a saúde afetada faltem ou não produzam. Não se foca somente ao impedimento da presença de processos que geram custos.

Envolve principalmente o exercício da cidadania, a prática do cuidado e a conscientização de que respeito é premissa básica para ambientes saudáveis e prósperos. Ressalta a valorização da mulher. Ponto chave é que a história feminina e sua trajetória em aspectos de liderança, inovação e talento precisa ser relembrada e honrada todos os dias. Duplas e triplas jornadas se configuram como a realidade de muitas funcionárias e certamente que estar em ambientes seguros concede a elas espaços para desenvolvimento e expansão de seus potenciais.

Como tornar o mês e todos os dias das mulheres na empresa, algo importante? Como ir além de um único Dia da Mulher no trabalho?

Em primeiro lugar, é preciso compreender que ainda existem traços culturais bem negativos acerca da presença das mulheres em cargos importantes.

Mudanças já aconteceram, é fato. Mas, os traços que restam ainda geram resultados problemáticos e perigosos. No quesito respeito a mulher, o trabalho da empresa precisa ser bem consolidado e de conscientização diária!

Promover palestras, workshops, rodas de conversa sobre assédio, são ações fundamentais. Tais eventos devem envolver a todos e em todos os cargos. Outro movimento interessante no ambiente empresarial é criar semanas temáticas envolvendo valores, práticas de escuta ativa e resolução de conflitos. Murais informativos, emails e manuais de boas práticas também geram bons resultados.

8 de Março para comemorar!

Nada impede que as mulheres sejam presenteadas em seu dia ou mês, mas colocar qualidade e verdade nessa comemoração é que faz a diferença. O mês de março pode ser um mês voltado a conscientização. Disseminar um código de ética e implantar um canal de denúncias é uma prática inteligente.

Aproveite o período para lidar com os pontos já identificados dentro dos setores. Faça um trabalho com envolvimento e garanta que a saúde e o respeito sejam os pilares. Propague essa dinâmica do cuidado genuíno para todos os dias!

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