Qual é o papel da fisioterapia no tratamento terapêutico da dor?

São Paulo 4/2/2020 –

Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), 55% das pessoas vivem com dores musculares. As lesões musculoesqueléticas e dores acabam por limitar e dificultar os indivíduos nas suas atividades de vida diárias (AVDs). Muitas vezes as dores querem indicar que há algo de errado com o corpo que busca uma forma de proteger-se, mas também pode haver dor psicológica por algum trauma anterior. É o caso da cinesiofobia, em que o paciente tem medo de se movimentar para não gerar dor e isso geralmente ocorre porque ele teve uma experiência prévia de dor.

A dor quase sempre limita os movimentos. Por isso, é importante também ter alguns cuidados com a saúde como deixar o sedentarismo para trás, não exagerar nas atividades físicas, manter uma boa postura, alongar-se, cuidar ao carregar peso, escolher um colchão adequado e até mesmo ter uma postura correta ao dormir.

Fisiologicamente, chama-se a dor de dor nociceptiva. Dor nociceptiva é uma interpretação do cérebro a certos estímulos. A pele,  músculos e tendões, tecidos conjuntivos e tecidos mais profundos (vísceras) possuem terminações nervosas para dor, os chamados nociceptivos.

Assim que os nociceptores são ativados, eles vão conduzir os impulsos nervosos através das fibras aferentes (que vão da extremidade para o cérebro). Essas fibras podem ser a A-delta, que são mielinizadas e mais espessas (ou seja, os impulsos nervosos são transmitidos com uma velocidade maior) ou a C, que não são possuem bainha de mielina.

Os nociceptores podem ser ativados através de estímulos sensitivos de dor, estímulos térmicos, estímulos nocivos ou até alongando excessivamente uma musculatura. A resposta de um nociceptor, quando não há alteração fisiológica, começa em segundos e pode permanecer por horas (dor aguda) ou por dias (dor crônica).

Quando é sentida uma dor visceral, é porque esses nociceptores mais profundos foram ativados decorrentes de uma irritação da mucosa, uma distensão ou contração da víscera ou até mesmo por um trauma mecânico direto. Por ser uma dor mal localizada, ela pode ser sentida em outras regiões do corpo. Por exemplo, um trauma no pâncreas ou no endométrio pode referir dor nas costas, assim como uma dor no fígado (geralmente por metástase) pode provocar dor referida no ombro direito. A dor referida também é presente em casos de trigger points, que são pontos de tensão muscular. Esse tipo de dor ocorre por uma má interpretação do impulso nervoso ou porque algumas fibras nervosas inervam estruturas somáticas e estruturas viscerais.

Para tratar a dor, existem alguns recursos na fisioterapia. Lembrando que é preciso investigar e tratar a causa da dor, não só mascará-la. Porém, muitas vezes o quadro de dor é tão forte que o paciente acaba tendo limitação de movimento e dificultando a evolução do tratamento fisioterapêutico. É possível utilizar o TENS portátil (estimulação elétrica nervosa transcutânea), que age de duas formas: pela via aferente e pela via eferente. Pela via aferente ou teoria da comporta da dor, em que a estimulação do TENS chega ao cérebro via neurônio A-beta, que possui um maior calibre e é mais mielinizado. Com isso, o sinal do TENS chega antes ao cérebro e bloqueia o sinal nociceptivo. Pela via eferente, em que o cérebro envia uma mensagem para o hipotálamo mediar liberação de opioides endógenos (hormônios responsáveis por diminuir a dor e causar bem-estar).

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