Recalls: uma pandemia dentro da pandemia

28/7/2020 –

O Brasil tem quase 70 milhões carros de passeio e comerciais leves. Estima-se que 30% dessa frota roda nas ruas e estradas brasileiras com algum defeito de fabricação. São mais de 20 milhões de carros. Então, um a cada três carros no Brasil tem recall a ser feito. É um quadro preocupante.

Recall é uma coisa tão séria que mesmo em uma pandemia mundial, somente no Brasil, durante a quarentena, foram lançadas doze campanhas envolvendo 33 modelos. Será que o carro foi afetado? Se tem um Volvo, Volkswagen, Ford, Mercedes, BMW, Porsche, Audi, Peugeot, RAM ou Toyota é bem provável que sim.
É importante frisar que todo recall é gratuito. E não importa se o carro já saiu da garantia, ou se não faz mais as revisões na rede de concessionárias autorizadas. Recall não tem prazo de encerramento. Mas, se não for feito em um ano, vai constar no CRLV, o documento do veículo, que agora é digital.

O primeiro recall da quarentena foi da Volvo. O motivo é a incompatibilidade entre o software e o hardware do sistema City Safety, o sistema de frenagem da Volvo, o que pode aumentar o risco de colisões. A solução é a atualização do software. Todos os modelos da marca comercializados no Brasil e fabricados em 2019 e 2020 estão envolvidos.

Logo depois a Volkswagen detectou airbags mortais instalados no Fox, Cross Fox, Space Fox, Gol, Voyage, Polo e Polo Sedã, fabricados entre fevereiro de 2006 a julho de 2009. Apesar de não serem mais uma novidade no mundo os recalls de airbags Takata, a Volkswagen diz que a solução definitiva estará disponível somente em novembro de 2020, quando será realizado um novo anúncio aos proprietários dos veículos envolvidos para inspeção e, se necessário, serão substituídos os geradores de gás dos airbags.

Lembrando: no começo de 2020, o Brasil teve a primeira vítima fatal dos airbags mortais, mas também existem vários casos de vítimas com ferimentos no peito e em outras partes do corpo.

Outro destaque da quarentena é a ampliação do recall do chicote da bateria do Ford Ka e Ford Ka sedã. Agora, todos os carros fabricados entre 12 de janeiro de 2018 e 15 de maio de 2019 estão na campanha. O problema foi na montagem da peça, o que pode levar a um curto-circuito com risco de incêndio no compartimento do motor do veículo.

Outros nove recalls vão levar proprietários de Mercedes, BMW, Porsche, Audi, Peugeot, RAM ou Toyota às concessionárias Brasil afora, na quarentena. No entanto, a pergunta mais importante neste momento crítico é: faço agora este recall, já que as oficinas das concessionárias estão abertas, ou deixo para depois, quando o mundo voltar totalmente às condições normais de temperatura e pressão?

Se responder “agora”, só o faça com sensatez, de forma segura, tomando todos os cuidados necessários. Acredita-se que todas as concessionárias estão trabalhando de acordo com as normas de segurança e muitas até estão presenteando, bonificando os clientes com higienização, lavagem completa e até com limpeza do sistema de ar-condicionado.

Se responder “depois”, só não se esqueça de fazer depois. Afinal, recall automotivo também é uma pandemia, e todos tem que seguir em segurança.

*Vinicius Melo é CEO do Papa Recall, aplicativo que avisa o motorista se o automóvel cadastrado teve algum chamado da fabricante para conserto ou troca de peças. [email protected]

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