Rede 5G: uma evolução disruptiva tanto para a sociedade como para as operadoras de telecomunicações

São Paulo, SP 11/8/2020 – O 5G surge com o potencial de revolucionar a sociedade como um todo, mas sua transição para o mundo atual será extremamente complexa.

O termo 5G já não é mais novidade para ninguém hoje em dia. Porém, os avanços que esta tecnologia irá trazer e as inovações que estão por vir junto à sua implantação ainda são pouco conhecidos. Deve-se ter em mente que não se trata apenas de uma evolução técnica do 4G.

O 5G irá revolucionar a maneira como a sociedade vive e trabalha. Dentre alguns dos avanços tecnológicos estão: a possibilidade de ter um maior volume de dispositivos conectados à rede; a redução do consumo de energia em função da inteligência e das capacidades de otimização de uso; a habilitação do Network Slicing; maior capacidade de tráfego de dados; e latência reduzida para 1 ms com alta confiabilidade.

Esse aumento da velocidade, da conectividade, da capacidade de tráfego e a baixíssima latência oferecidos pelo 5G abrem caminho para novas gerações disruptivas de aplicações e serviços. Para a sociedade em geral, o 5G irá acelerar a transformação digital das cidades, casas, escolas, transportes e sistemas de saúde, alavancando inúmeros produtos e serviços inteligentes para melhorar a qualidade de vida e a segurança da população.

Já para as empresas e, em particular, as indústrias, o 5G, combinado com IoT, irá habilitar inúmeras oportunidades de eficiência com automações e grandes volumes de dados. Esses dados, com o uso ampliado de analytics e inteligência artificial, permitirão gerar novos insights para guiar as estratégias e reduzir custos.

O Plano de Rollout

Porém, apesar do 5G já estar disponível em algumas cidades de diferentes países ao redor do mundo, o rollout em grande escala da tecnologia está previsto para iniciar ainda em 2020 na maioria dos países. Estima-se que somente um terço do planeta possuirá cobertura 5G até 2025.

Os prazos de implementação irão, obviamente, depender das políticas dos diferentes governos e da velocidade de evolução das regulamentações. A velocidade no lançamento de aparelhos que suportam o 5G (bem como preço) constitui um outro fator crítico de adoção da tecnologia e indiretamente a sua expansão.

No Brasil, embora as operadoras já tenham começado a investir na evolução das suas redes cores, a implementação da rede 5G ainda é condicionada ao leilão para aquisição de frequências, que devia ser conduzido pela ANATEL este ano. Porém, o Coronavírus e os movimentos de consolidação em andamento no mercado brasileiro podem fazer com que o deployment da tecnologia atrase. Neste sentido, o Ministro das Comunicações Fábio Faria, já anunciou a postergação do leilão de frequências para 2021.

O Ministro da economia Paulo Guedes ressaltou recentemente riscos de impactos na cadeia de fornecimento dos elementos de redes para o 5G, após o levantamento de suspeitas internacionais acerca da empresa chinesa Huawei. Alguns países como Reino Unido e EUA afirmam que, no contexto geopolítico atual com a China, a empresa representaria um risco de segurança em função dela ter um “possível” acesso às informações que tramitam na rede. Com isso, existe a possibilidade do Brasil seguir a mesma linha do governo Trump, complicando, assim, o cenário de evolução das redes.

Portanto, quais são as possíveis implicações para as operadoras de telecomunicações?

1. Investimentos na rede

A tecnologia 5G se apoia em ondas de maior frequência do que a geração anterior (4G) e, consequentemente, de menor comprimento. Com isso, as ondas 5G conseguem percorrer distâncias menores e requerem, portanto, uma rede mais densa do que o 4G. A densificação da rede, por sua vez, envolve investimentos importantes por parte das operadoras de rede móvel. A virtualização das funções de gestão da rede – fundamental para o 5G – também terá um custo relevante para as telcos na medida que requer a implementação de arquiteturas cloud de grande porte.

GSM Association (GSMA) estimou que as operadoras gastariam cerca de $USD 480 bi, somente no período 2018 a 2020, para implementar o 5G. Perante este cenário, o compartilhamento de redes (que já existe hoje com o 4G) pode ser uma alavanca valiosa para que as operadoras consigam aliviar o peso dos investimentos e mitigar ao mesmo tempo o risco associado.

2. Modelo de negócio

Apesar de todas as incertezas acerca do 5G, uma coisa é certa: as operadoras de telecomunicações vão ter que reinventar seus modelos de negócio e evoluir seus papéis na cadeia de valor para continuar competindo no mercado. Sendo assim, será fundamental que as telcos se reposicionem para ganhar competitividade.

Levando também em consideração o peso e o risco dos investimentos necessários, as operadoras precisam idealizar desde já esses novos modelos bem como os primeiros casos de uso que irão ser implementados, para garantir a rentabilização futura da tecnologia.

3. Evoluções dos sistemas de suporte (BSS / OSS)

Obviamente, essas mudanças no modelo de atuação e no posicionamento das telcos terão impactos relevantes nos sistemas de suporte ao negócio (os famosos “BSS”) e de suporte à operação (os “OSS”). Atualmente, as operadoras contam com arquiteturas de BSS e OSS complexas, o que dificulta significativamente a inovação e o lançamento de novas ofertas. Com isso, serão necessários investimentos importantes em soluções para flexibilizá-los e fazer com que se tornem rapidamente escaláveis. As arquiteturas cloud serão um fator habilitante para essa transformação. Porém, vale ressaltar que a migração das infraestruturas atuais para o cloud será um processo complexo e custoso.

Essa evolução sistêmica será a base para que as telcos consigam disponibilizar para seus ecossistemas de parceiros uma estrutura de hub digital com módulos e funcionalidades “plug & play” viabilizando a cocriação, de forma ágil, de novos serviços e aplicações.

Diante desse cenário que se forma, o 5G tem o potencial de revolucionar a sociedade, trazendo mais conveniência e qualidade de vida. Para as empresas e indústrias, o ganho será pautado em competitividade de mercado e novos negócios com uma aceleração drástica da transformação digital. Contudo, a transição do mundo atual para a era 5G será bem mais complexa. As telcos precisarão realizar esforços financeiros, operacionais e organizacionais, sem ter clareza do futuro ou garantia de retorno sobre seus investimentos.

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