Brasília 27/2/2020 – “Corremos o risco de fazer a Revolução da Longevidade virar a Involução da Longevidade” – adverte o médico-gerontólogo Alexandre Kalache
O Brasil, que até bem poucos anos era um país jovem, está envelhecendo muito mais rapidamente do que as nações mais ricas envelheceram no passado, tendo hoje a sexta maior população de idosos do mundo, 30 milhões de pessoas com mais de 60 anos. Se a um país como a França foram necessários 145 anos (a partir de 1845) para dobrar, de 10% para 20%, a proporção de pessoas com mais de 60 anos, o Brasil o fará em menos de 20 anos, entre 2011 e 2030. Em apenas três décadas, os idosos representarão 30% da população brasileira. Mas como nos preparar para que um fantástico contingente, estimado em 67 milhões de idosos, possa chegar lá de forma ativa e saudável?
Essa é uma das questões em pauta no Simpósio Latino-Americano de Envelhecimento Ativo e Saudável, que será realizado pelo Centro Internacional de Longevidade Brasil (ILC-BR), com o apoio institucional da MSD, em Brasília, dia 24 de março. O evento vai abordar os impactos da chamada Revolução da Longevidade não só para o setor saúde, mas também para a vida individual, e não apenas no Brasil mas também no continente, contando com a participação de representantes da OMS/OPAS, do Ministério da Saúde, do Congresso Nacional, instituições acadêmicas brasileiras de ponta, assim como de especialistas do Chile, Uruguai e Peru.
“Esse simpósio é uma das atividades preparatórias do ILC-BR para a “Década do Envelhecimento Ativo e Saudável”, um plano de ação que a Organização Mundial de Saúde (OMS) lançará este ano” – explica o médico-gerontólogo Alexandre Kalache, presidente do ILC-BR, copresidente da Aliança Global de ILCs e diretor do Departamento de Envelhecimento da OMS por 13 anos (de 1995 a 2008). “Será um laboratório de ideias, vamos aprofundar a discussão sobre as políticas necessárias em resposta a esta Revolução da Longevidade, propondo estratégias viáveis e sustentáveis para que nossas vidas possam ser prolongadas com qualidade, de forma saudável e ativa”.
Revolução ou Involução da Longevidade
Nos últimos 15 anos, a expectativa de vida do brasileiro aumentou 5 anos. Um salto extraordinário, representando o mesmo crescimento ocorrido mundialmente do Império Romano até o início do século XX. O envelhecimento da população é um fenômeno global, mas aqui o cenário é mais complexo. “Os países desenvolvidos primeiro enriqueceram para depois envelhecer – observa Kalache, mas nós estamos envelhecendo aceleradamente sem estarmos preparados. Ainda não asseguramos à grande parte da população ensino público de qualidade aceitável, condições sanitárias apropriadas, infraestrutura urbana, transporte eficiente, segurança pública, renda mínima, e agora precisamos de recursos para fazer face a este outro desafio iminente: o envelhecimento populacional. Se não tivermos políticas públicas adequadas, corremos o risco de fazer a Revolução da Longevidade virar a Involução da Longevidade”.
O Simpósio Latino-Americano de Envelhecimento Ativo e Saudável, será aberto com uma palestra do presidente do ILC-BR, às 8h do dia 24 de março, no auditório do Hotel Cullinan Hplus Premium, em Brasília. Na sequência, estão programadas, ainda no período da manhã, três mesas redondas: A visão do Ministério da Saúde; A contribuição do setor acadêmico focada em prevenção (iniciativas pontuais em três áreas prioritárias) e Políticas Públicas Brasileiras – a visão do Legislativo. As mesas serão seguidas de uma discussão plenária. No período da tarde, haverá um painel sobre As Experiências Latino-Americanas, com a participação de representantes do Uruguai, Chile e Peru, e ainda as palestras: A visão da OMS/OPAS – Década do Envelhecimento Saudável, pela representante da OPAS, Haydée Padilla, e “Uma visão holística”, pelo geriatra Daniel Azevedo, diretor científico da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia – RJ.
As inscrições para o simpósio são gratuitas, embora limitadas, e já estão abertas no endereço eletrônico:
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