Arrecadação de cestas básicas impulsiona indústria de embalagens em São Paulo

São Paulo, SP 12/5/2020 – A máscara é um dos produtos mais produzidos atualmente, logo precisa de embalagens. Passamos a atender esse nicho também, antes nunca atuado.

Analistas da FK Consulting apontam oportunidades de M&A, mesmo prevendo uma possível onda de recuperação judicial no setor de embalagens

A quarentena gerada pela pandemia da Covid-19 impactou negativamente a indústria de embalagens plásticas. Com o fechamento de estabelecimentos como padarias, bares e restaurantes algumas indústrias pararam as produções de gelo e picolés. Ao mesmo tempo, uma nova demanda aqueceu essa indústria. “Passamos a atender fornecedores de cestas básicas. A venda desse produto foi intensificada além do esperado em função das doações em massa. Clientes que regularmente produziam 80 mil cestas por mês, hoje estão embalando 250 mil. Outro exemplo é a produção de embalagens para máscara. Passamos a atender esse nicho também, antes nunca atuado”, explica Sílvio Luís dos Santos, diretor comercial da Machini, fábrica especializada em embalagens plásticas, em São Paulo.

Segundo Sílvio, essa nova demanda gerou bons números, o que compensou a queda de faturamento. “Nossa produção foi achatada gradativamente desde janeiro com a queda das vendas de gelo. Atualmente, estamos com a fábrica rodando com 50% da sua capacidade instalada e o gelo foi um dos produtos que deixamos de embalar  Essas demandas pontuais, até o momento, têm nos ajudado a conservar o emprego de mais de 70 colaboradores. Mesmo com a fábrica rodando com 50% da sua capacidade, não demitimos ninguém”, comenta ele.

Na análise do especialista em reestruturação, Frank Migiyama, a queda do faturamento gera um alerta para a gestão do caixa e pode sinalizar uma nova onda de desemprego na indústria de bebidas e alimentos. “Temos visto a economia de países desenvolvidos encolherem diante da quarentena compulsória e necessária. Com o Brasil não será diferente. Toda expectativa otimista represada para 2020 se esvaiu nos últimos dois meses e impactou todos os setores, alguns mais e outros menos. Teremos empresas que não suportarão a queda de faturamento e que partirão para um processo de recuperação judicial ou de falência”, avalia Frank Koji Migiyama, sócio da FKConsulting.Pro, consultoria especializada em Melhoria de Desempenho, Reestruturação, Recuperação Judicial, Governança Corporativa, M&A.

De acordo com a Abre (Associação Brasileiras de Embalagem), a indústria de plástico é a que mais emprega, totalizando, em maio de 2019, 118.022 empregos formais, correspondendo a 53,43% do total de postos de trabalho do setor. Em seguida vem papelão ondulado com 32.697 funcionários (14,80%), papel com 22.056 (10,00%), metálicas com 17.690 (8,00%), madeira com 13.263 (6,00%), cartolina e papel cartão com 9.225 (4,19%) e vidro com 7.910 (3,58%). Uma das alternativas lançada pelo Governo é a MP 936 que instituiu o Programa Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda. Essa MP é uma ferramenta que ajuda no direcionamento de recursos a fim de manter a continuidade das operações e evitar o alto índice de desemprego no período.

Na visão dos consultores da FK Consulting, as medidas do Governo auxiliam momentaneamente porque há um problema recorrente de outras crises econômicas que é a falta capital de giro. “Deve ser adotada com a devida análise e parcimônia a compra e venda de matérias-primas, o pagamento de serviços essenciais para manter o negócio rodando de forma otimizada a fim de manter o quadro mínimo de produção. Como todos os setores foram afetados, temos também uma reação em cadeia na relação cliente-fornecedor. A recomendação é negociar as contas a pagar e a receber vislumbrando a proteção do negócio e do emprego. O pilar mais frágil e não menos importante é o dos colaboradores que são a massa crítica e estratégica de todo negócio. A ordem do dia é preservar o caixa e adequar a estrutura da empresa versus faturamento”, alerta Frank.

Esse sinal vermelho apontado pelos especialistas já vem sendo percebido na fábrica da Machini. “Nós temos um número que estabiliza a empresa que é a produção de 130 toneladas de embalagens por mês. Ainda estamos no ponto de equilíbrio, mas com uma paralização mais longa não temos como manter a saúde do negócio. O que nos salvou até o momento foi um capital de giro que injetamos a partir de um empréstimo com banco. Pegamos esse recurso em fevereiro e já utilizamos 60% dele. Ter esse recurso para complementar o capital de giro foi uma estratégia necessária para “segurar” a empresa enquanto as contas a receber estão em aberto”, reitera Sílvio Luís dos Santos. 

Para Sílvio, há mais de 30 anos nesse mercado, o investimento em inovação de máquinas impulsiona a escala e garante eficiência. “O empresariado brasileiro tem uma dificuldade de capital de giro para investir em renovação de equipamentos. Quanto mais eficiente for um maquinário, maior será sua produção. A questão é que o investimento é altíssimo e desde 2015 estamos sofrendo baixas gradativas no faturamento”, finaliza o diretor comercial da Machini. De acordo com a FK Consulting.Pro, o setor já passou por consolidações, mas continua muito interessante aos olhos de investidores. “Quando abordamos o assunto M&A, diante do cenário atual, podemos ter oportunidades de aporte financeiro para ganhar musculatura. Essa é uma alternativa de entrada de recursos que pode ajudar a dar perenidade e sobrevivência neste cenário Covid-19”, finaliza Migiyama.

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