Boas ideias não caem de árvores, mas podem vir do exterior

20/3/2020 –

A inspiração para criar um sucesso de negócio pode vir de diversas fontes: a experiência do profissional em determinada área, um caso pessoal, uma pesquisa acadêmica e até por networking. Contudo, em um mundo globalizado, com redução de fronteiras, a boa ideia pode estar lá fora, em um país no exterior.

Hoje é comum os empreendedores participarem de eventos, fóruns e exposições internacionais que permitem a troca de conhecimento e maior relacionamento com parceiros estrangeiros. É a chance que muitos têm de ampliar as opções e encontrar um caminho para montar seu negócio.

Ainda que três quartos das startups brasileiras (77,84%) afirmem que a ideia original é a principal fonte de inspiração para o negócio, as referências globais já ocupam a segunda posição, com 10,21%. Os dados são da Radiografia do Ecossistema Brasileiro de Startups, realizada pelas organizações Accenture e ABStartups.

Saber encontrar uma boa solução quando se depara com uma em outro país e, principalmente, adaptá-la à realidade nacional é um segredo de sucesso atualmente. Na era em que a informação é a principal moeda da economia, saber trabalhar com ela é o que diferencia as empresas que crescem das quem sucumbem.

UPX, Digicarro, Xaza e Eu Entrego são alguns exemplos nacionais de sucesso na adaptação e incorporação de soluções estrangeiras no Brasil. Cada um deles em seus segmentos se destacam por oferecer serviços inovadores e que têm mudado o mercado como um todo. Confira:

Inspiração nos EUA para criar tecnologia própria de cibersegurança
Foi logo após sofrer um ataque DDoS em seus servidores que a UPX resolveu buscar soluções para conter esse crime. A empresa encontrou diversos produtos no mercado norte-americano, mas nenhum deles conseguia atender às peculiaridades nacionais. Era preciso, portanto, adaptar.

“Graças aos ataques DDoS que a UPX recebeu no passado, agora estamos mais consolidados no mercado. O que era ameaça virou oportunidade para desenvolver a nossa própria proteção em uma solução nacional para outras empresas, com tecnologia de ponta e metodologia própria”, explica Bruno Prado, CEO e presidente da UPX.

A empresa que nasceu como fornecedora de serviços de streaming na web, mas posteriormente se tornou pioneira do Brasil no desenvolvimento de soluções para mitigação de ataques em nuvem. Conta com 200 colaboradores diretos e indiretos bem como atende a clientes no Brasil e no exterior.

Vale do Silício traz insights para mercado autotech
Em 2019 um grupo de investidores do mercado automobilístico fez uma viagem ao Vale do Silício, maior centro mundial de inovação e tecnologia, para buscar ideias no mercado autotech que poderiam se encaixar no Brasil. Entre tantas empresas, foi o modelo europeu da Carwall que chamou a atenção dos empreendedores.
“Resolver a dor que o cliente tem no momento em que se relaciona com a concessionária, no momento de comprar um carro, era uma oportunidade de negócio interessante e já testada e comprovada. Isso nos fez pioneiros nesse segmento aqui no país”, afirma Victor Raful, CEO da Digicarro.”

A empresa surgiu em 2019 e desenvolveu uma ferramenta que permite ao usuário encontrar, cotar e negociar um carro 0 km onde e quando quiser por meio de qualquer dispositivo conectado à internet. A concessionária, por sua vez, tem acesso a um novo mercado consumidor para aumentar suas vendas.

Site norte-americano inspira criação de plataforma de intermediação imobiliária
Como escritório de advocacia, os fundadores da Xaza, plataforma de intermediação imobiliária, participaram de mais de R$ 1 bilhão em VGV (Valor Geral de Vendas). No fim de 2018, perceberam que, além do jurídico, poderiam prestar outros serviços aos corretores autônomos, como marketing e financeiro.

“Sendo assim, decidimos unir pessoas com know-how distintos e complementadores bem como estudar propostas localizadas em outros países, mas não exploradas no Brasil. Foi quando encontramos a Compass.com, uma plataforma que consolidou o mercado imobiliário americano”, explicam Fernando Nekrycz e Andre Zukerman, sócios fundadores da Xaza.

Da mesma forma que a empresa dos Estados Unidos, a plataforma brasileira permite que os corretores autônomos tenham à disposição uma ferramenta completa que analisa aspectos jurídicos, financeiros e marketing, deixando-os livres para trabalhar e se relacionarem com seus clientes da melhor forma possível.

Amazon Flex nos EUA inspira “Uber das Entregas” no Brasil
Combinar tecnologia e cidadãos comuns para otimizar a logística, um setor complexo em todo o mundo, é uma proposta que ganhou corpo nos últimos anos. Um dos modelos mais bem-sucedidos é o da Amazon Flex, implementado pela gigante da tecnologia, que motivou a equipe da Eu Entrego a fazer o mesmo por aqui.

“Mais do que nos inspirar, temos usado a Amazon Flex para mostrar aos varejistas que esse modelo de Delivery é tendência global. O e-commerce mundial tem utilizado fortemente o crowdshipping como parte importante da estratégia logística, e isso ajudou no desenvolvimento do nosso negócio aqui no Brasil”, explica Vinicius Pessin, Cofundador da Eu Entrego.

A estratégia deu certo, e a empresa está com um plano arrojado de crescimento. Atualmente, tem mais de 100 mil entregadores cadastrados e fechou 2019 com faturamento de R$ 6 milhões. A previsão para 2020 é movimentar R$ 25 milhões (quatro vezes mais do que no ano anterior) e realizar mais de 2,2 milhões de entregas em todo o país.

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